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— ♪ Entre duendes e fadas, a terra encantada, espera por nós ♪- Todos cantavam, batiam palmas, e gritavam no ônibus.

Tentei me concentrar no livro que estava lendo, sem dar atenção para a cantoria desafinada dos alunos.

Por mais que tentasse, era impossível.

Coloquei o livro entre as pernas em cima do banco, e tapei os ouvidos revirando os olhos.

— Canta também, S/a!- Adriano me chacoalhava, já que ele estava do meu lado.

— Me deixa em paz, Adriano! Que chatice.- Murmurei a última parte.

QUEBRA DE TEMPO

A viagem tinha dado continuidade, e todos já haviam parado de cantar (finalmente).

Diretora Olívia bufava e se abanava com o leque, impaciente.

— Galera, será que a Diretora vai ficar assim até o final das férias?- Marcelina perguntou, puxando assunto.

— Falaram que, quando ela nasceu ela não chorou, não, ela deu uma bronca no médico e deixou ele de castigo.- Afirmou Mário, Marcelina e Adriano riram.

Pra que repetir a palavra "ela" tantas vezes?

— Gente, relaxa. Ela vai ficar muito mais relaxada quando chegar no acampamento do meu vô. Ele é muito legal.- Alícia se intrometeu.

— É o Sr. Campos, gente. Meu pai, quando era criança, foi lá no acampamento dele e ele me contou que o Sr. Campos foi a única pessoa no mundo, no mundo! Que conseguiu beijar o próprio cotovelo.- Adriano fez com que até os alunos que estavam nos bancos mais afastados tentaram reproduzir o que ele contou.

— E aí, motorista, tá chegando?- Paulo perguntou, fazendo todos perguntarem também.

Não irei dizer todos que perguntaram a mesma frase, só digo que foi o suficiente para fazer Diretora Olívia ter um surto.

Chega!- Gritou a mesma.

Jurandir que estava dirigindo o ônibus, freou o mesmo logo após o grito da diretora.

Olívia deu com a cara no vidro, e os alunos caíram na risada.

— Abre logo isso daí, motorista!- Gritei, e o mesmo abriu a porta do ônibus.

QUEBRA DE TEMPO

— Bem-vindos ao acampamento Panapaná! Eu sou o Sr. Campos, durmo de ponta-cabeça e adoro dar informações inúteis sobre mim mesmo.- Campos se apresentou, e todos riram na última parte de sua frase pronta.- Esse aqui é o Alan, meu fiel escudeiro.

— Não sei porque, mais tenho a impressão de que ele vai falar isso a cada três minutos.- Falei para Marcelina.

— Isso o quê?- Perguntou a menina.

— De que o Alan é o fiel escudeiro dele.- Respondi.

— Espera, você conhece ele?

— O Alan?- Marcelina assentiu.- Sim, ele era um amigo.

— Você é amiga de um cara mais velho? Como funciona isso?- Se virou para mim.

— É uma longa história...

—...e como ele está de férias, vai ajudar vocês a se divertirem no nosso acampamento.- Sr. Campos continuou a falar.

Alan balançou o cabelo, e todas as meninas suspiraram apaixonadas.

— Até que esse seu amigo é bem gatinho!- Afirmou Marcelina, deitando a cabeça no meu ombro.

— Sou só eu que não acho?- Perguntei, mesmo sabendo que não iria receber resposta.

— Por esses dias, vocês passarão por uma série de provas.- O velho de chapéu voltou a tagarelar.

— Espera aí. Calma aí- Jaime passou entre eu e Marcelina, me fazendo murmurar um "Idiota".- Dá uma licencinha. Prova, não. Vamos com calma, né? Eu não estudei pra nenhuma prova.

— Prova de acampamento, bocó! Corrida, escalada, tirolesa, esses negócios.- Explicou Paulo logo após de dar um tapa em sua cabeça, confesso que foi engraçado.

— Vocês serão divididos em dois times: o Time Laranja, e o Time Roxo. Alan, distribua as faixas.- Ordenou Campos.

— Bom, vamos lá, galera. O Time Roxo vai ficar aqui,- Apontou para a direita.- e o Time Laranja vai ficar pra cá,- Apontou para a esquerda.-  tudo bem?

Alan entregou uma faixa laranja para Maria Joaquina, uma roxa para Marcelina, e para todo o resto, sobrando apenas Cirilo, eu e Jaime.

Fiquei torcendo para Alan entregar as duas faixas roxas para mim e Cirilo, não queria ficar no mesmo time que o Jaime.

— Mancada, hein, Alan.- Bati os braços logo após do rapaz me dar a faixa roxa, assim como Jaime.

Cirilo foi correndo até Maria Joaquina, para mostrar que estão no mesmo time.

— Agradeça por estar no time de alguém como eu.- Jaime se gabou.

— Alguém como você? Tipo, idiota, ridículo e... feio?- Cruzei os braços.

— Acho melhor você retirar o que você disse, se não...- Ameaçou o garoto.

— Se não o quê? Vai me bater? Seu covarde!- Dei um passo a frente.

Antes que Jaime pudesse dizer alguma coisa, peguei minha garrafa de água do bolso da minha mochila, abri disfarçadamente, e joguei toda a água na cara do menino.

Todos rapidamente olharam para nós dois, alguns dando risada, outros de queixos caídos.

— Fui mais rápida!- Sorri ironicamente.

Jaime bufou, e foi para o outro lado.

— Garotos, garotas, atenção... Jaime Palillo volte para o seu time.- Disse Olívia.

Jaime voltou para o nosso lado, batendo as pernas e bufando.

— Como eu ia dizendo: vamos nos preparar para a batalha!- Continuou Olívia.

— Tem como desistir?- Cochichei para Marcelina.

— Acho que não. Vai ser divertido, S/a!

— Agora vocês vão para os alojamentos. Em quinze minutos todo mundo de volta.- Campos se dispôs a falar, tirando minha atenção da Marcelina.- Coloquem suas roupas porque a aventura vai começar

NEVERMIND • Jaime Palillo •Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon