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Marcelina eu vou te  m a t a r.

— Me recuso.- Falei e Jaime concordou com a cabeça.

— Se não forem por bem, vão por mal!- Marcelina ameaçou.

— E todo mundo aqui sabe, que você está louquinha pra ficar dentro daquele quartinho sujo, com esse brutamonte.- Pensei que éramos amigas, Maria Joaquina.

QUEBRA DE TEMPO

— Juro que quando eu sair daqui, vou te matar.- Falei para Marcelina e a mesma apenas riu.

Paulo trancou a porta, e Jaime puxou a cordinha para acender a luz da pequena lâmpada do lugar.

O quartinho era estreito, um cubículo pequeno, os armários ocupavam praticamente todo o espaço.

As paredes eram cinza, meio manchadas de infiltração, com apenas uma lâmpada pendurada iluminando somente o meio do quarto.

— Ninguém merece.- Jaime bagunçou os cabelos.

— Tenho certeza que ficar nesse quarto com a Maria Joaquina que é insuportável, seria mais legal.

— Também não duvido.- Jaime analisou todas as paredes do lugar

QUEBRA DE TEMPO

— Eu não aguento mais.- Suspirei com a cabeça deitada no ombro de Jaime, e sim, por incrível que pareça, conseguimos passar o tempo sem brigar.

— Ainda faltam quinze minutos.- Disse olhando seu relógio de braço.

— Quinze? Parece que a gente está aqui a uma eternidade!- Bufei.

Jaime suspirou.

— Você se lembra daquele dia que a professora Suzana foi demitida por sua culpa? Foi engraçado todo mundo comemorando no pátio.- Jaime riu.

— É verdade, foi engraçado mesmo.- Sorri.- E aquele dia que você colocou minhoca no sorvete do Jorge, e ele jogou tudo na sua cara!- Gargalhei.

— Isso não foi tão engraçado, não.

— Foi sim!- Ri novamente.

Jaime ficou em silêncio, resolvi ficar também.

— Se eu soubesse que você era tão legal...- Jaime suspirou.

— Você falando que eu sou legal? Hoje vai chover, viu!- Olhei para ele rindo.

— Ah, para de graça, daqui a pouco começa a chover mesmo. Não vai ficar com medinho do trovão.

— Até parece, não é, Jaime? Olha pra a minha cara e vê se tenho medinho das coisas.

— Tem.- Jaime riu.

— Sem graça.

— Bom, já deu vinte minu...- Jaime foi interrompido pelo apagão.

Ótimo momento para a luz acabar, não é?

— Ah não.- Lamentei.

— Isso está com cara de ser coisa do Paulo.- Tem mesmo.

— E do Kokimoto, também! Esses dois me pagam.

— Não é possível que eles nos esqueceram aqui.- Jaime bateu na porta esperando que alguém a abrisse.

— Eu não disse que ia chover?- Ri.

— Se eu fosse você, não riria antes da hora. A gente não sabe quanto tempo vamos ficar aqui.

— Tem razão...- Coloquei a cabeça entre os joelhos.

QUEBRA DE TEMPO

— Alguém abre, por favor!- Gritei batendo na porta, já com a voz rouca.

— S/n você já está rouca, daqui a pouco eles abrem.- Jaime se sentou no chão.- Senta aí.

— O quarto de ferramentas fica longe dos alojamentos, um pouco difícil eles lembrarem da gente.- Me sentei no chão ao seu lado.

— Bom, mudando de assunto. Me conta melhor, como foi quando você caiu da tirolesa.

— Ah, eu não me lembro direito...

FLASHBACK ON

— S/n! S/n, S/n!- Todos gritavam animados.

— Levante os pés.- Alan disse.- Boa sorte, S/a.

— Obrigada, acho que vou precisar...

Alan me empurrou na tirolesa, e quando estava no meio dela, já sabia o que estava por vir (não sei como), apenas fechei os olhos, e senti a água gelada tomando conta do meu corpo.

— S/a!- Ouvi Marcelina gritar.

FLASHBACK OFF

—... Ficou tudo preto, só me lembro de quando o Alan me salvou.

— Eu fiquei preocupado com você, sabia?- Será que esse é o Jaime que eu conheço?

— Ah, sério?- Ri sem graça.- Todo mundo se preocupou, na verdade.

— O importante é que você esteja bem...- Segurou minhas mãos.

— S/a?- Marcelina gritou abrindo a porta.- Vocês estavam aqui no escuro! Tive que roubar a chave do Daniel pra poder abrir a porta.

Me levantei desatando as mãos com Jaime.

— Interrompi algo?

— Não! Imagina! A gente só estava aqui...- Tentei me expressar com as mãos, olhando para trás, pedindo ajuda para Jaime com os olhos.

— Fazendo as pazes.- Se levantou também.

— O quê? Vocês estão namorando?- Marcelina gritou animada.

— Calma lá. Eu disse que a gente só fez as pazes. E outra, deixa a gente ir embora, estamos aqui a mais de duas horas!- Jaime reclamou.- Sai da frente.- Empurrou Marcelina.

— Grosseiro esse seu namorado, né?- Essa garota adora me testar.

— Ah, Marcelina. Sai da frente.- Imitei a frase e o ato de Jaime.

— Eles são literalmente almas gêmeas!- Ouvi Marcelina dizer para si mesma.

NEVERMIND • Jaime Palillo •Where stories live. Discover now