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— Ah, dá licença, Paulo!- Gritou Mário indo para frente.- Quem garante que não foram vocês que fizeram a S/n cair pra vocês ganharem?

— Como assim? Quem fez o que para a S/a?- Marcelina se intrometeu.

— A gente não fez nada! Todo mundo desceu naquela tirolesa e não aconteceu nada!- Paulo se defendeu.

Será que eu falo alguma coisa? Vítima sempre tem que opinar, não é?

— Claro que aconteceu! Olha o meu pé como é que tá, Paulo!- Daniel apontou para o seu pé enfaixado.

— A gente só colocou umas formiguinhas inocentes dentro da sua bota, Daniel.- Kokimoto cruzou os braços.

— E você, Mário? Que pegou o meu bastão e jogou na mata!- Cirilo reclamou.

— Por que ninguém pergunta pra a netinha do Sr. Campos se foi ela que colocou supercola na trilha?- Kokimoto começou a falar novamente.

— Ok, Kokimoto. Eu admito que coloquei mesmo a cola pro Paulo pisar. Mas eu nunca faria nada contra a S/n, porque além de ela ser minha amiga, ela também é do meu time, esqueceu?- Amiga? Ah, tá bom.

— Me desculpa, Jorge, mais vou ter que copiar a sua frase: "Amigos" só que não! O único motivo que você teria pra não fazer com que eu caísse daquela tirolesa, é que sou do mesmo time que você.- É como dizem hoje em dia "lacrei", e Alícia ficou com uma cara de paisagem.j

— Vocês se dizem muito amigos, mais toda hora tem alguém enganando alguém!- Jorge cruzou os braços.

— Eu vou ter que concordar com o Jorge!- Paulo se aproximou do Time Roxo.

— O que você está falando, Paulo? O que você entende de amizade?- Jaime perguntou em voz alta.

— E o que você entende de alguma coisa, seu burro?- Paulo foi para cima do garoto a sua frente.

Odeio narrar briga... podemos fazer isso depois?

— Parem, parem! Parem, molecada! O quê é isso?- Campos parou a briga (finalmente).

— Eu exijo ordem e disciplina aqui!- Novidade, não é, Dona Olívia?

— Abilolaram de vez, foi? Nunca brigaram desse jeito!- Graça disse surpresa com o acontecido.

— Vocês tem que entender uma coisa: a vida de vocês vai ser cheia de lutas, de dificuldades. Nessas horas, o importante é você poder contar com um amigo. Porque é o amigo que vai nos ajudar a vencer os desafios da vida, a tristeza, a solidão. Por isso, a gente deve sempre brigar por um amigo, mas jamais brigar com um amigo. Entenderam?- Campos fez todos chorarem, não vai ser apenas um sermãozinho que vai me fazer chorar, não é?

Todos começaram a se abraçar, e na minha cabeça só se passava uma coisa: "Será que eu devo abraçar alguém?"

Marcelina estava abraçando Alícia, Valéria estava abraçando Davi e Maria Joaquina abraçando Carmen. Elas são as pessoas mais próximas de mim aqui no acampamento.

Jaime, que estava do meu lado, começou a me olhar. Estranhei, lógico.

— Você não quer que eu te abrace também, não é?- Cruzei os braços.

— Não. Claro que não. Nunca que eu ia ficar de abracinho com uma menininha fútil igual você.- Jaime cruzou os braços também.

— O sujo falando do mal lavado. Troca o disco, garoto, só sabe falar isso? "Menina fútil, chata e mimada."- Falo vendo Jaime revirar os olhos.

— Bom, e agora que eu acho que já foi tudo esclarecido, vocês estão fedendo!- O velho de óculos riu.- Estão fedendo mais do que gambá depois de uma partida de futebol! Todo mundo pro banho e depois, fogueira!

QUEBRA DE TEMPO

— Davizinho eu não acredito!- Valéria exclamou surpresa.

— Um barco velho cheio de almofada, flores, e luzes sem graça?- Perguntei apenas confirmando tudo que via.

— Parabéns, S/n! Sempre informando o óbvio.- Paulo me deu um aperto de mão.

Valéria entrou no barco junto com Davi, dando as mãos pra ele.

— Isso é tão, tão, tão romântico, eu não vou aguentar!- Laura suspirou e todos riram.

QUEBRA DE TEMPO

— Verdade ou desafio, Daniel?- Valéria pergunta.

— Verdade.- Responde o garoto.

— É verdade que você e a Carmen estão namorando?- Valéria sorriu colocando as mãos no queixo.

— Tomara que sim. Pelo menos ele vai parar de pegar no meu pé.- Cochichei no ouvido de Marcelina.

— Si...- Começou Carmen.

— Não. Nós somos só amigos.- Daniel a interrompeu olhando pra mim.

— Gira logo a garrafa, Daniel!- Margarida o apressou.

Daniel girou a garrafa, e caiu em Jaime.

— Verdade ou desafio, Jaime?

— Desafio, porque sou homem de verdade.- Bateu em seu peito.

Marcelina correu até Daniel, e cochichou algo em seu ouvido.

Daniel sorriu e concordou com a cabeça.

— Jaime, eu te desafio a ficar dez...

— Vinte!- Marcelina gritou.

— Vinte minutos no quartinho de ferramentas com a S/n.- Continuou Daniel.

Ah não...

NEVERMIND • Jaime Palillo •Where stories live. Discover now