11

5 0 0
                                    

A TRAIÇÃO INTERDIMENSIONAL

[...] "Vem já, já, à nossa casa..." Esse trecho da carta se repetia incontroláveis vezes na cabeça de Camilo, tentando imaginar o que Villela tanto queria, mas já com uma ideia em mente: a traição. Com medo do que aconteceria com ele caso sua hipótese se confirmasse, mesmo sem muita confiança, foi correndo à procura de uma cartomante, para que o diga o que realmente aconteceria caso fosse ou não fosse ao encontro.

Chegando lá, foi rapidamente ao encontro da cartomante, adiantando o foco do assunto. Depois de prolongados minutos, mesmo Camilo pedindo várias vezes que fosse direta, ela disse: "Vá em paz, nada de ruim acontecerá com ninguém, é apenas uma tarde de conversas, vá em paz." Camilo foi, livre de preocupações.

Ao chegar, chamou por Villela, que o convidou para entrar, com um sorriso que ia de orelha a orelha. Foram juntos ao porão da casa, para, segundo Villela, mostrar algumas coisas que tinha comprado, que Camilo gostaria muito de ver. Chegaram, com Camilo a frente. Ao contrário do que disse a cartomante, o encontro não era pacífico. Villela retirou um revolver, já carregado, do bolso e o apontou para a cabeça de Camilo, que, de costas, sem medo, se abaixou para amarrar o cadarço dos sapatos no momento do barulho ensurdecedor.

Sem buscar entendimento ou explicações, vendo Villela com a arma em mãos, apenas correu, ouvindo ser chamado com ódio na voz: "Camilo, volte aqui!" Subiu os degraus e correu pelo corredor, procurando algum quarto para se trancar. Todos estavam trancados, com exceção do último, que, ao entrar, encontra Rita amarrada em uma cadeira, com uma fita na boca. Trancou a porta, jogou objetos à sua frente e desamarrou a mulher, que, chorando, disse: "Camilo!? Você está bem!? Graças a Deus! Ele disse que ia matar você!"

Pularam a janela, ouvindo Villela bater na porta com força e a madeira sendo destruída. Correram, correram muito pelas ruas. Passaram pela porta da cartomante, que, coincidentemente, estava saindo de casa e a confrontaram, com lágrimas nos olhos: "Como você pôde? Você disse que tudo ficaria bem. Por que você..." "BOOM!" Assustados, olharam para o lado e viram, ao longe, Villela descendo a rua. A movimentação da correria das pessoas atrapalhava sua visão.

A cartomante os mandou entrar em sua casa, trancou a porta e empurrou uma cristaleira em sua direção para impedir a passagem de Villela, e todos foram para o quarto, onde não se ouvia nada além de suas respirações ofegantes. De repente, todos são espantados por um barulho altíssimo de vidro se quebrando. Se lembraram ao mesmo tempo: a cristaleira.

A cartomante retirou um quadro da parede e viram que atrás dele havia uma passagem. Ela ordenou que entrassem para se esconder. Entraram. A cartomante, porém, ficou no quarto, pois não tinha nada a ver com aquilo que acontecia, mas, com medo de ser morta por ajudar Camilo e Rita a fugir, entrou no buraco da parede e colocou o quadro de volta no lugar.

Ao saírem do túnel da parede, não acreditaram no que viam: uma sala triangular com um portal em cada parede: um vermelho, um verde e um roxo. A cartomante, desesperada, mandou que entrassem no vermelho e disse que lá seria seguro. Enquanto entravam, Camilo e Rita viram, acima do portal, algo exclusivo, um letreiro: "MI".

Entraram e perceberam que aquela dimensão era igual ao mundo real, mas em cores de azul e vermelho, plantas mortas, estruturas caídas e sem movimentação e iluminação alguma, exceto pelo brilho do portal. Rita perguntou à cartomante: "O que significa 'MI', que estava no letreiro, acima do portal?". Ela, então, respondeu: "Significa 'Mundo Invertido'. É uma dimensão que está abandonada desde 1986. Antes, ela era habitada por monstros dos mais diversos tipos. Ela é, basicamente, o nosso mundo, mas de cabeça para baixo." Procuraram um lugar limpo e se sentaram.

A CartomanteWhere stories live. Discover now