Poderia entender toda sua revolta contra mim, sua raiva, seus ressentimentos, entre outras coisas, mas não poderia aceitar esse tipo de proposta, seria uma das maiores mentiras que já havia inventado e não estava com vontade atrair mais problemas, por mais que a minha situação estava entre a cruz e a espada.

Eu girei meus calcanhares decidida a ir embora dali, mas o loiro passou a minha frente, quase nos fazendo colidir e ficamos apenas centímetros longe um do outro. Suas íris prateadas estavam mais escuras e um vislumbre de impaciência era notório. Minha respiração logo se prendeu com a aproximação repentina, aquilo havia me deixado tonta por um segundo.

— Então, acho que realmente vou levar em consideração as suas palavras e colocar a boca no trombone — ele murmurou próximo a mim, me fazendo o encarar. Só assim, pude reparar o quão ele era mais alto que eu, meu rosto estava próximo do seu peitoral.

— Tudo bem — eu ergui mais o queixo — Você vai se passar por mentiroso de qualquer modo.

— Na verdade, vou ser visto como uma vítima e também como alguém que fez caridade — sua voz parecia tão mais grave de perto e minha face mudou completamente.

— Caridade? — eu quase gritei de aborrecimento.

— Fica quieta — ele resmungou baixo, sua feição era de preocupação, Apolo encarou quase todos os lados antes de me fitar de volta — Acha que eu vou ser visto como o mentiroso ou você?

É, ele tem razão.

Mas eu não te conheço, não posso aceitar algo assim.

— Mas na hora de usar minhas fotos e se passar por mim, você nem se importou com isso.

— Só que nesse namoro, vou ter que mentir para todo mundo, isso não é uma mentirinha qualquer! — eu retruquei de forma quase agressiva — E o que eu fiz era apenas para uma pessoa ver, eu não saí por aí anunciando aos meus amigos e família que estava me relacionando com você.

— Ah! E olha no que deu — ele devolveu, mantendo seu sarcasmo. — Você vai entrar nessa junto comigo, porque você me colocou em um problema dos grandes. — ele falou firme.

— Tudo bem, já sei que errei. — eu resmunguei irritada — Mas quem você pensa que é pra me dizer o que eu vou ou não fazer? — questionei

— O nome Apolo DiAngelis, não é suficiente? — ele questionou como se achasse o dono do mundo.

— Pode ser até DoDiabo — eu resmunguei baixinho impaciente, um carranca se formando em meu rosto.

— O que? — ele questionou rapidamente.

— O que? — eu repeti me fazendo de desentendida.

Ele respirou fundo mais uma vez, deslizou os dedos pelos cabelos loiros e me encarou, aparentava estar tentando mantar a calma diante de mim. Eu passei os olhos pelo o seu corpo, aproveitando o curto tempo para espiar um pouco mais. Era bonito demais, pra ser real.

— Isso é uma loucura, eu não vou compactuar com isso — falei sentindo um certo medo, mas muito decidida. — E você não vai me obrigar.

Eu ergui o queixo e me encostei na parede. Percebi seu corpo automaticamente me acompanhar, ficando de frente pra mim, eu estava entre ele e a parede. Seus olhos se estreitaram e sua mão se estendeu em minha direção, o loiro deslizou uma mecha do meu cabelo para trás que estava sobre meu rosto, quase encostando em meu pescoço exposto. Eu acompanhei seu movimento com os olhos e engoli seco, toda essa proximidade estava me deixando nervosa.

— Vou dar um tempo pra você pensar — ele sussurrou mais uma vez — Posso esperar uma resposta até amanhã — a calma rouca da sua voz me intrigava e me deixava um pouco amedrontada.

Aceitar um loirinho oxigenado como um namorado? Ainda por cima falso? Tô fora.

Agora podemos voltar — me assustei quando senti seus dedos deslizarem lentamente pela minha mão e entrelaçarem entre os meus. Isso enviou ondas pelo meu corpo, me deixando em alerta.

— O que tá fazendo? — encarei as nossas mãos e uma carranca se formou em minha testa.

— Por enquanto, tentando salvar sua pele — ele me puxou enquanto segurava minha mão firme e eu tentei fingir uma suavidade na minha expressão facial. Sua mão era quente, macia, mas muito forte e quase poderia cobrir a minha inteira.

— Isso é loucura — resmunguei.

Barbie desgraçada.

Seu namorado não vai dar um show de ciúmes, não né? — ele questionou enquanto passávamos entre as pessoas.

— Não somos namorados. — resmunguei.

— Olha.. — eu pude notar de relance aquele sorriso idiota — Pela importância do seu plano, deduzi que pelo menos eram.

— Isso não é da sua conta — eu tentei me desvencilhar da sua mão, mas ele continuava.

— Ah, é sim. — o tom na sua voz era convencido, despreocupado. — Agora é.

Revirei os olhos bufando. Nunca pensei na minha vida que conheceria um tipo de pessoa assim, convencida, insistente e irritante. Como eu fingiria namorar uma pessoa como ele? É muito ridículo se ele estivesse pensando que eu cederia de alguma maneira. E não era porque me sentia ameaçada, que eu aceitaria de bom grado sua proposta, como se fosse uma saída de emergência.

Olhei para as pessoas que estavam reunidas em forma de roda e me deparei assustadoramente com Theo, que estava ao lado de Lavínia. Ele vestia um blazer marrom, os cachos estavam soltos e brilhando, o perfume dele foi logo reconhecido quando atingiu minhas narinas. Não contive a ansiedade de encarar aqueles olhos esverdeados novamente.

— Anny! — Theo se aproximou de mim depositando um beijo na bochecha — Você está linda. — Ele falou abrindo um sorriso enorme.

— Obrigada, você também tá lindo nesse blazer — Eu retribui o sorriso.

Mas logo vi seu sorriso se desmanchar um pouco.

— Vocês realmente estão..— Seu olhar pousou em nossas mãos que ainda estava entrelaçadas, mal tinha notado que continuavam assim — juntos? — ele arqueou a sobrancelha.

— Nã- — eu tentei responder.

— Quase — Apolo se pronunciou me interrompendo, de maneira firme e eu o encarei em fúria.

— Ah, entendi — Theo voltou com um sorriso — Muito prazer, sou o Theo. — ele ergueu a mão para cumprimentar o loiro a sua frente.

— Apolo, como já deve saber — ele retribuiu o aperto de mão.

— Vocês conversaram por bastante tempo — o tom de Lavínia era desconfiado e muito curioso. Com ela já havia percebido que teria que tomar muito cuidado, ela era muito mais esperta do que eu poderia imaginar e muito mais cobra também.

— Bom, eles tem o direito, né? — Jade se pronunciou, em desgosto com que a loira havia acabado de falar. Lavínia olhou feio para Jade e ergueu o queixo.

— Esse é o seu garoto dos sonhos? — dei um pequeno pulo em espanto quando senti o calor do corpo do loiro atrás de mim e o vibrar da sua voz sussurrante próximo ao meu ouvido.

— Não enche — resmunguei sem olhá-lo, me afastei dando um passo pra frente e com os olhos fixos em Theo.

Querido desconhecidoOn viuen les histories. Descobreix ara