Minha cura {M}

Setenta e um

Lívia Narrando

Corri o mais rápido que eu consegui, mas ela me alcançou com um sorriso, respirei fundo sentindo pela segunda vez na minha vida a morte bater na minha porta 

Jaqueline: oi irmãzinha- a mesma fala parando na minha frente, respirei fundo sentindo ela passar o cano da arma no meu rosto- achou mesmo que você iria continuar viva? 

Lívia: me deixa, por favor- sinto uma lágrima escorrer e fecho os olhos

Jaqueline: o pior erro do meu pai foi ter deixado você e a puta da sua mãe vivas por aí, eu tô corrigindo os erros dele sabe? é meio difícil mas eu dou conta

- ae caralho, vai logo antes que alguém chegue- uma voz masculina fala, abro os olhos e vejo um policial encostado no carro olhando pra todos os lados

Jaqueline: calma cara, que apresado- ela fala e revira os olhos- então livinha, foi bom te ver, suas últimas palavras?

Lívia: quero que você se foda sua vagabunda, Barão vai fazer contigo igual ele fez com o teu pai- dei um sorriso sem mostrar os dentes e ela fechou a cara 

Jaqueline: boa morte, vagabunda- ela engatilhou a arma e apontou na minha cabeça

Senti o impacto na minha testa e logo depois escutei o barulho, a dor veio junto com a dormência no corpo, aos poucos eu fui parando de escutar e de ver tudo o que estava em minha volta 

Barão Narrando

Tava em um sono maneiro quando o rádio me atrapalhou, uma caralhada de gente falando e eu já tava pronto pra desligar aquela porra quando os fogos foram soltos 

Dei um pulo da cama e me vesti o mais rápido que eu consegui, peguei o rádio e olhei pra cama vendo a Dandara sentada e me olhando com cara de assustada, parei na frente da mesma e dei um selinho nela

Sai de casa pronto pra encontrar aquela filha da puta, tô sentindo que dessa vez eu vou encontrar ela e essa é a minha maior vontade 

Cheguei na boca e ainda tinha alguns caras ali, uns pegando os bagulhos pra ir pra trocação e outros escondendo tudo o que tinha ali, peguei o que eu iria precisar e sai dali

Barão: eae porra, como tá a situação?

Felipinho: policia pra cacete tentando subir, tem helicóptero olhando de cima...tá foda segurar tudo isso- respirei fundo entrando em beco 

Barão: deixa subir não porra, quero os moleque entocados e nas lajes, derrubem essa porra de Helicóptero

- jaé chefe- os tiros começaram a ficar mais altos, me mostrando que eu estava chegando perto, já coloquei a arma na posição e fui atirando em tudo que vestia farda

Tava em um beco que quem vinha não me via, mas eu conseguia ver geral que passava, acabei com um pente da minha AK neles 

O ódio em saber que foi um deles que ajudou na morte do meu irmão me fez ficar cego, não conseguia nem pensar, só atirava neles, na rádio só dava pra ouvir que geral deles estavam morrendo e isso me fazia sorrir 

Mas quando eu escutei aquela voz, que me fez perder o foco por um momento e levar um tiro de raspão, eu senti um arrepio e peguei o rádio 

Jaqueline: fala Barão, te acertei ou ainda tá vivo?- senti um tom de deboche na voz da mesma, o que fez o meu ódio crescer 

Barão: bota a cara aí major, tô querendo bater um papo contigo

Jaqueline: vem aqui, tô pertinho da casa da sua mulher, que é linda inclusive- respirei fundo negando com a cabeça

Barão: eae caralho qual foi? tá mandando blindado subir junto com Helicóptero e os caralho pra que? pra tu ir atrás de inocente?- dei risada e comecei a subir o morro- os meus menor tão acabando com os seus em...teu pai fazia esse trabalho com mais excelência- o rádio ficou em silêncio

Fui no maior cuidado, vi ela me esperando em um beco e me escondi, eles podem subir esse morro quantas vezes eles quiserem, mas só quem é cria daqui conhece os becos, não adianta entrar nesse labirinto e não saber sair 

Jaqueline: tô te esperando gatinho, vem aqui me ver- revirei os olhos e peguei o rádio

Barão: o teu erro é pensar que tu tá na pista, tu tá no meu morro filha da puta- mirei na cabeça dela e atirei, senti um tiro na minha barriga e mais outro no meu ombro 

Me encostei na parede e troquei por uma arma de porte menor, mirei no policial que estava lá atrás e matei o mesmo

Respirei fundo mesmo sentindo muita dor e me levantei com dificuldade, pensei até que estava tendo uma alucinação quando vi a Dandara correndo junto com as crianças e a Alésia, comecei a andar com dificuldade tentando chegar até elas 

Vi a arma da Jaqueline levantar e arregalei os olhos, antes de pensar em fazer qualquer coisa o barulho dos tiros fizeram eu sentir o meu peito queimar 

Apontei a minha arma pra ela e descontei toda a minha raíva ali, até acabar as balas