cinquenta e oito

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20 comentários pro próximo

Felipinho narrando

Papo de de quase uma hora e esse caralho tá pior que formigueiro, subir eles não vão conseguir mas essa porra já tá tirando a minha paciência 

Mata três aparece cinco 

Chega ser brincadeira, tô quase pedindo um tempo descanso já, passei mó tempão naquele galpão sem nem comer e quando eu chego no meu morro ainda tenho que trocar tiro? é de cair o cu da bunda 

Papo reto, tiração com a cara do bandido 

Dei cobertura pro TH e nós fomos descendo até encontrar mais, o plano é fazer eles recuarem logo, matar todos não vamos conseguir já que é gente pra caralho então vamos fazer eles irem embora 

Uns vão ficar de exemplo, não vai ter como 

Barão: metralha porra, tão com dó?- ele fala na rádio- já entraram até em casa de morador caralho, acordem pô

Maluco tá putão e com razão, geral tá morgado nessa invasão 

Felipinho: bora porra, se eu não descansar por preguiça de vocês eu vou dar tiro em cada um- falo e alguns caras dão risada na rádio

.....

Quando finalmente não tinha mais nenhum deles no morro eu mesmo quase soltei os fogos, cansaço tá me corroendo

Só me despedi dos moleque e subi pra mina goma

Cheguei procurando a minha ruiva e nada da filha da mãe, rodei todos os cômodos e parei no nosso quarto, mandei mensagem pra mesma e fui tomar banho 

Saí procurando alguma resposta e nada, tem coisa errada aí pô

Alésia narrando

Assim que me ligaram avisando aonde a minha prima estava eu larguei tudo em casa e corri pro médico

O tiroteio tá rolando mais lá pra baixo, então foi tranquilo passar pelos becos, fiquei com um pouco de medo? Sim, porém tenho que ir ver a minha danda

Depois que a minha tia morreu, eu desenvolvi um puta medo de perder mais alguma pessoa importante pra mim, percebi que não tem como superar a partida de ninguém e isso me desespera

Quando eu finalmente cheguei no hospital, quase corri até às meninas

Alésia: e ela?- pergunto ofegante chamando a atenção delas

Mayara: não sabemos ainda

Talita: ela chegou desmaiada aqui, pegaram ela e sumiram lá pra dentro- a mesma fala em meio aos soluços

Respirei fundo tentando me acalmar e olhei em volta procurando o sapo da Dandara

Alésia: cadê o barão?

Mayara: deve estar no meio do tiroteio, a gente tentou ligar mas ele não atendeu- nego mexendo com a cabeça

Vejo um médico passando pelas portas brancas e vindo na nossa direção enquanto olha a prancheta, tentei ser otimista mas pela expressão dele parece que as coisas não estão boas

Doutor: família da Dandara, certo?- mexemos a cabeça confirmando e o mesmo respira fundo- a paciente não está em um momento muito bom, ela perdeu sangue demais causando um choque hipovolêmico

Alésia: moço e isso é o que? Pelo amor de Deus

Doutor: ela perdeu tanto sangue que virou uma situação de emergência, estamos tentando achar um motivo pelo sangramento e um jeito de fazer ele parar, mas infelizmente não estamos conseguindo conter

Mayara: e vocês vão deixar ela morrer assim?- ela pergunta se alterando- vocês não podem fazer isso

Doutor: moça por favor, se contenha, os resultados dos exames vão sair e assim poderemos ter uma noção do que fazer

Alésia: e se ela não aguentar até lá? Se ela tá com pouco sangue falta quanto tempo pro coração começar a falhar?

Doutor: coisa de uma hora e meia até duas horas- olhei pra Talita que já estava acabada, passei as mãos nos cabelos jogando a cabeça pra trás- sinto muito meninas, os equipamentos que nós temos aqui não ajudam muito...não podemos fazer muita coisa

Talita: nós sabemos, obrigado- o mesmo dá as costas e sai, sento em uma das cadeiras e me inclino pra frente, apoio os meus braços nas minhas pernas e choro o que eu estava segurando

Meu Deus, ela não por favor

Barão narrando

Mandei uma parte dos meninos rodarem o morro pra verem se não tem mais nenhum dos cu azul por aqui e o resto foram tirar os corpos das ruas e dos becos

Passei o rádio pro Negueba ficar na ativa enquanto eu marco um dez na minha loira, preciso dormir nem que seja uns vinte minutos

Fui andando até a casa dela e assim que eu entrei encontrei o Titã todo sujo andando no corredor, franzi o cenho e acendi a luz, cristal tava deitada em cima de uma poça de sangue

Barão: Dandara- gritei e corri até a mesma, peguei ela no colo e comecei a procurar algum ferimento na mesma e nada

Fui pro quarto com ela no colo e o lugar estava vazio, rodei a casa e nada da minha maluca

Peguei o celular do bolso encontrando várias ligações da Talita e da Mayara

Retornei uma da Mayara

Ligação

Barão: qual foi?

Mayara: tá aonde cara?- percebo a voz de choro e o meu coração já aperta

Barão: o que tá rolando? Minha sala tá cheia de sangue e a minha mulher não tá em casa

Mayara: Dandara tá aqui no hospital

Barão: quem passou mal

Mayara: ela tá quase morrendo Renan, vem pra cá

Ligação

Perdi até o ar na hora, me sentei no sofá e larguei a cristal no chão

Que caralho, isso não pode tá acontecendo

Senti a minha respiração acelerar e o meu rosto começar a ficar molhado

Minha mulher não pode morrer

Minha cura {M}Onde histórias criam vida. Descubra agora