capítulo 20 - sensação de viver.

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Eles partiram em direção à praia, mas isso significava atravessar Londres primeiro. O trânsito não acalmou os nervos de Draco. Ficava checando os retrovisores, convencido de que a qualquer segundo luzes azuis e vermelhas iam refletir no espelho. Harry não estava ajudando. Ao seu lado, ele quase vibrava com uma animação mal contida, impaciente e se mexendo sem parar. Ele se esticou e ligou o rádio de novo, enchendo o carro com um baixo ritmado. Draco se encolheu e baixou a máscara para o pescoço.

- Precisa ser tão alto?

- Precisa! - gritou Harry por cima do barulho, girando o botão, pulando de estação em estação. Draco revirou os olhos e abaixou a janela, deixando entrar ar fresco no carro abafado. O vento bagunçou seu cabelo, abrandando a música. Isso o acalmou e o fez respirar melhor.

Harry trocava de estação tão rápido que Draco não tinha ideia de como ele sequer sabia o que estava tocando. Às vezes ele parava e Draco achava que finalmente achara uma de que gostava, mas Harry sempre terminava procurando por outra música antes de aquela acabar. Entre o chiado da troca de estações houve um flash tão rápido de música que Draco nem registrou até Harry gritar:

- isso! Brilhante!

- Ai, sério? - gritou Draco por cima do bum ba-dum bum bum de um reggaeton alto.

- Sim, sério! - Harry respirou fundo e cantou a plenos pulmões. Draco explodiu em risada.

- Aí meu Merlin

- Cala a boca, essa é minha música favorita! - gritou Harry de volta, a voz tremendo com a risada. Objetivamente, Harry era um péssimo cantor, mas, caramba, ele se entregava. Agitando os ombros, Harry dançava no assento e cantava como se sua vida dependesse disso. O modo como ele desafinava fazia Draco apertar o volante em desespero, enquanto sua barriga doía de tanto rir.

Descarado e radiante - aquela era a sua versão preferida de Harry. Animado, despreocupado, transbordando de energia contagiante. Vivo. Harry flagrou Draco olhando para a sua cantoria gritada e suas sobrancelhas se franziram. Draco abaixou a cabeça e afundou mais no banco, o rosto ardendo em vermelho-vivo. Isso só fez com que Harry risse mais, e então os dois perderam a compostura. Atravessaram a cidade, e, àquela altura, o trânsito já havia diminuído consideravelmente. Deixaram os arranha-céus para trás e o cenário se abriu. O céu estava coberto de um laranja estonteante e um rosa luminoso, beijando o horizonte onde se encontrava com o oceano.

O azul profundo esticava-se, a luz do sol refletia nas ondas. A quebra preguiçosa das ondas juntou-se à música. O ar fresco misturado à maresia. Draco entrou na Rodovia da Costa do Pacífico, passando por mansões e praias pálidas.

- Mais rápido! - pediu Harry, girando em seu banco para olhar para Draco.

- Já estou indo rápido! - disse Draco, o velocímetro beirando o limite de velocidade.

- Mais rápido, seu covarde! - Harry agarrou o joelho de Draco. Um arrepio correu a coxa dele. O fôlego ficou preso em seus pulmões. Ele conseguia sentir a pressão dos dedos de Harry, o peso de sua palma. Draco olhou de relance, encontrando o olhar faminto de Harry. Seu sorriso era inconsequente. A luz do sol refletia em seus olhos. Draco sentiu a barriga aquecer. Bufou, mas um sorriso já estava sd formando no canto de seus lábios, traindo sua carranca.

Segurando o volante precisamente na posição correta, Draco checou os retrovisores. Seus dedos apertaram o couro suave e, com um ronco do motor, as costas de Draco pressionaram o banco à medida que o Stingray avançava mais rápido. Harry rugiu de alegria. Ele se segurou na porta e se inclinou para fora da janela aberta. A mão de Draco se esticou para segurá-lo, e ele se sentiu patético quando seus dedos atravessaram seu ombro. Com as covinhas marcando as bochechas, Harry esticou os braços e gritou alguma coisa que foi engolida pelo vento. Harry estava livre, ardendo brilhantemente.

the cemetery boys - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora