capítulo 16 - esperanças.

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Draco desceu as escadas o mais rápido que seus pés permitiram, seus coturnos ecoando por todo o caminho. Harry corria à frente, sem sinais de desacelerar. O portão de arame tremeu quando ele passou.

- Vamos. - Ele acenou para Adri. - A gente precisa ir. Adri encontrou Draco no fim das escadas.

- O que aconteceu? - perguntou ela, olhando dele para as costas de Harry, se afastando. Michelangelo gania ansiosamente. Enquanto isso, Donatello mastigava alegremente algo que poderia ter sido uma garrafa de plástico amassada. - Parece que não deu muito certo.

- Não deu - concordou Draco enquanto davam a volta no prédio. Algumas pessoas se viraram para olhar quando Harry disparou pelo lugar cheio, acompanhado por uma rajada de vento forte. Uma mulher arfou e deu um soco no braço do homem ao seu lado.

- Você viu isso? - perguntou ela, apontando exatamente por onde Harry havia passado. Sem dúvida ela tinha visto a camisa nas mãos dele flutuando por conta própria. O homem riu.

- Esses ventos de Londres são loucos - respondeu ele, balançando a cabeça. Draco acelerou o passo, atualizando Adri enquanto perseguiam Harry. Seu estômago se retorcia, pesado de culpa, quando se lembrava dos olhares de Ron e de Sirius. Draco não tinha certeza se Ron acreditava plenamente que Harry estava morto, muito menos que ele era um fantasma. De qualquer forma, o menino com certeza ficara assustado.

Não tivera a intenção de perturbá-los, mas não conseguira se controlar. Com aquela postura desdenhosa e errada de Sirius sobre Harry, como ele podia simplesmente deixá-lo continuar falando? Especialmente quando Harry estava ali, ouvindo tudo e incapaz de se defender. Como Sirius podia pensar tão mal de Harry? Será que tinha sido sincero? Que realmente achava aquilo? Ou só estava agindo daquele jeito porque estava magoado? Harry e seu padrinho pareciam ter problemas em processar suas emoções. Harry marchou rua abaixo.

- Potter! - sibilou Draco, tentando acompanhá-lo. A camisa pendendo do punho de Harry chicoteava loucamente. Os ventos de Londres eram um disfarce frágil, na melhor das hipóteses. Se não tomassem cuidado, iam chamar a atenção de alguém. Era a última coisa de que precisavam. - Espera! - Harry virou a esquina, desaparecendo atrás de uma igreja antiga. Draco, Adri e os cachorros correram para alcançá-lo. Quando o acharam, Harry estava andando de um lado para outro na porta da igreja, como um animal enjaulado.

Grades enferrujadas de filigrana e cruzes fechavam as portas e janelas. Um vento furioso e frio esvoaçava terra e detritos ao seu redor. A expressão de Harry era séria e frustrada, os músculos da mandíbula apertados e as narinas dilatadas, Adri se manteve afastada. Donatello ganiu e Michelangelo se sacudiu, nervoso. Ela deu a Draco um olhar alerta. Suas palavras de mais cedo ecoaram na cabeça dele. Não será mais o Harry. Mas Harry não estava se perdendo, se tornando maligno. Draco sabia disso.

- Harry... - Ele estendeu a mão, mesmo sabendo que não sentiria nada além de frio na ponta dos dedos. Mas Harry se afastou.

- Não! - Harry gritou. Então Draco recuou. Ficou apenas encarando Harry cautelosamente. Não tentou chegar mais perto, mas também não se afastou.

- Ei, você... - começou em um tom gentil.

- Eu sei, eu sei, eu sei! - rebateu Harry, impaciente. - Você vai me jogar pelo esgoto! - Adri olhou alarmada para Draco. Um rubor se espalhou da nuca para o rosto.

- Eu não...

- Só me dá um segundo! - Harry se agachou e apertou a camisa contra o rosto. Emoldurada sob o arco das portas fechadas, uma luz amarelofluorescente se derramava sobre os degraus da igreja, mas não chegava a tocar Harry. Um santo fora pintado na parede de cimento acima dele. Um homem sem rosto em uma túnica preta com uma corda branca amarrada em volta da cintura. Em sua mão direita, ele segurava um crânio. Na esquerda, um crucifixo. Círculos coloridos de tinta formavam uma espiral ao seu redor.

the cemetery boys - DrarryWhere stories live. Discover now