capítulo 11 - Ron Weasley.

31 8 0
                                    

- Bem, isso podia ter sido melhor - disse Adri enquanto ela e Draco corriam para alcançar Harry. Donatello e Michelangelo trotavam felizes ao lado deles, como se nada tivesse acontecido.

- Isso não tem graça. - Humilhação e culpa disputavam espaço dentro de Draco, mas ele também estava irritado com Harry. Sua explosão o chateara. Gritar e ficar bravo era uma coisa, mas agir violentamente era outra.

Harry se recusava a diminuir o passo e esperar por eles, então Draco e Adri precisaram correr atrás dele nas ruas. Suor escorria pelas costas de Draco, sob o moletom. O mês de outubro em Londres não era fresco o suficiente e seu binder não o deixava respirar fundo o bastante. Eles atravessaram a rua até o portão de ferro do cemitério. Não seria bom se Harry entrasse abruptamente, chamando a atenção de bruxes e de outros espíritos. Draco correu à frente, alcançando Harry.

- Ei! Que merda machista foi aquela? - Ele estava irritado e o ataque de Harry o havia assustado, o que só o deixou ainda mais irritado. Harry se virou tão abruptamente que fez Draco recuar.

- Você ia falar que eu morri! - rosnou ele, mostrando os dentes. Um ar frio esvoaçou ao redor dele, fazendo sua jaqueta balançar. Draco se manteve firme sob o olhar letal de Harry, mesmo que seu instinto lhe dissesse para recuar.

- Não ia, não! - respondeu, tentando parecer o mais feroz possível.

A risada de Harry foi cortante, seu sorriso, sarcástico e
desconfiado. Isso irritou Draco, o que provavelmente era a intenção. Usou cada grama de paciência para não revidar.

- Você me disse para não contar, então eu não contei. - Ele devolveu o olhar de Harry, desafiador. - Eu não ia fazer isso. A expressão brava de Harry vacilou por um momento. Seu olhar era intenso, questionador e calculista. Draco o sustentou sem se abalar. - Eu não tiro pessoas do armário. - Lentamente, sua expressão muito dura começou a derreter. O vento acalmou. O frio no ar diminuiu. Foi Harry quem desviou o olhar primeiro.

A tensão nos ombros de Draco amenizou. Por um longo momento, Harry olhou fixamente para onde o sol tinha se posto atrás das colinas. Draco pensou vagamente que escureceria em breve. Se eles não se apressassem, arrumaria problemas com Lita e seu pai. Mas, naquele momento, havia assuntos mais importantes a tratar do que descumprir o toque de recolher.

- Eu só queria que eles ficassem tranquilos com a minha partida - disse Harry num tom baixo.

Draco não achava que fosse possível. Como alguém poderia ficar tranquilo com a ausência de Harry, depois de conviver com ele? Falava por experiência própria.

Draco estudou o perfil de Harry. A preocupação em sua testa, seu nariz forte e a curva teimosa de seu queixo. Suas bochechas estavam coradas, os músculos da mandíbula, tensos. A luz minguante lavava tudo em tons pastel frios. Era como se Harry tivesse sido pintado contra a cidade em tons de azulprateado. Um reflexo aquoso. Ele era meio babaca. Cabeça dura, impulsivo e, definitivamente, irritante. Mas Draco via como ele cuidava ferozmente das pessoas que amava.

Acreditava que Harry morreria por seus amigos. E provavelmente tinha morrido mesmo.

- Eu sei que você não quer magoar seus amigos - disse Draco, usando seu tom mais gentil. - Ou seu padrinho. - Harry olhou para ele pelo canto do olho. - Mas esse assunto não é mais só sobre você. - Harry parecia prestes a discutir, mas Draco se apressou em continuar antes de ele ter a chance. - Você foi atacado noite passada, e a pessoa que fez isso matou você. Isso a gente sabe. Mas então você... seu corpo... desapareceu completamente, sem deixar pistas - explicou Draco. - Algumas horas depois, Timothy morreu, e agora não conseguimos encontrá-lo também.

De primeira, ele não tinha ligado os pontos. Até falar com os amigos de Harry e ficar sabendo dos detalhes que o garoto não se lembrava ou não sabia. Eles preencheram as lacunas, e a imagem que estava se formando era assustadora.

the cemetery boys - DrarryWhere stories live. Discover now