Vi a mesma pegar o cartão e arrastar o dedo indicador por ele, enquanto observava a inicial.

— A? — Ela me encarou novamente — A de Anelise?

— Talvez — Ergui os ombros frustrada por não saber adivinhar nada.

— Então abre — A minha amiga incentivou, parecia mais curiosa que eu.

— Não sei não — Mordi o lábio inferior — Já viu o tamanho dessa caixa? E se for uma bomba? As partes do corpo de alguém ou até mesmo algo pior? — Falei enquanto começava agora andar de um lado para o outro.

— Se fosse uma bomba já teria explodido, faz horas que você tá com essa caixa — Ela falou tentando mostrar tranquilidade.

— É, você tem razão.

— E quem vai mandar partes do corpos de alguém pra você, Anelise? — Ela fez uma careta — Você por acaso se envolveu com droga? Assassinato? Roubo? Virou cúmplice de alguém? Testemunhou coisas ilegais?

— Não — Eu franzi o cenho.

— Então não entendo tanto nervosismo. Só porque essa pessoa está te rodando igual urubu na carniça por você simplesmente ter feito um perfil fake?

Eu parei por alguns para pensar, permaneci em silêncio enquanto isso. Talvez ela estivesse certa.

— É uma grande coisa se descobrirem de qualquer maneira, eu vou levar bronca e não vou suportar a vergonha — Eu suspirei.

— Bom, estaremos nessa juntas — Ela sorriu de lado.

E eu devolvi um sorriso pra ela também.

— Ainda assim, tenho medo do que tem aí dentro.

— Você anda assistindo muito filme de terror — Ela balançou a cabeça negativamente em forma de repreensão pelo o meu pensamento — E de qualquer maneira só vamos sabe se você abrir. — Seu sorriso era singelo.

A olhei em silêncio por um certo tempo, curiosa mas receosa.

— Ok

Me aproximei da caixa vagamente, eu senti meu coração ir às alturas e meus braços perderem a força lentamente. Camila me analisava ansiosa, parecia mais curiosa e extasiada do que eu para saber o que havia dentro. Me posicionei na cama e passei os dedos em volta do laço, deslizei o laço feito para trás que prendia a grande caixa e em seguida devagar passei a ponta dos dedos para levantar a parte de cima da caixa preta, o que revelou alguns papéis de seda em cima e um objeto grande redondo.

Eu olhei para Camila de relance meio confusa que também me encarou da mesma forma, deslizei os meus dedos de maneira firme pelo o objeto, retirando todo aqueles papéis acima. O formato era quase perfeitamente circular e a cor branca com algumas manchas quase cinzas meio prateadas eram perfeitamente alinhadas.

— Isso é uma...— Eu dei uma pausa e analisei franzindo o cenho — lua?

Retirei-a da caixa devagar e a ergui deixando uma visão total do objeto para Camila observar.

— Nossa — Ela piscou os olhos três vezes seguidas e puxou a caixa de presente para si, vi a mesma colocar a mão lá dentro e retirar uma base de madeira.

— O que é isso? — Questionei ainda um pouco confusa.

— Acho que é uma luminária magnética — Ela me lançou um olhar surpreso.

Aproximei a caixa de mim entregando o objeto em formato de lua na mão de Camila e mais fundo da caixa abaixo de todos os outros papéis, havia um outro artefato também circular só que com o tamanho um pouco menor, e por um anel estar em volta da luminária redonda, diria que era Saturno. Retirei-o junto com a base de maneira.

— Isso deve ter custado muito caro — Camila falou observando com os olhos brilhando — Os dois são luminárias que flutuam em cima das bases de madeira.

Eu ergui as sobrancelhas em surpresa.

— Sério?

— Sim. Ficam lindos como decoração — Ela sorriu mostrando os dentes.

— Tem mais alguma coisa aqui.

Entre os dedos havia mais um cartão personalizado.

— Aproveite os presentes - A — Li o que estava escrito em voz alta e direcionei o olhar para minha amiga ao lado.

— Desse jeito, sua família vai se convencer que você tem um admirador secreto. — Ela sorriu enquanto passava a mão pelas luminárias ainda fascinada. — Depois desse presente, eu acho que reveria os meus conceitos.

Eu ri negando com a cabeça.

— Não sei se devia tá rindo disso. — Suspirei — É esquisito, por que alguém me mandaria isso?

— Acho que estou ficando mais confusa do que você, isso me pegou de surpresa — Ela mordeu seu lábio carnudo pensativa.

— Essa pessoa quer alguma coisa, disso eu tenho certeza. — Me levantei pegando a lua e analisando — Tô com medo de ligar na tomada e...

— Ela não vai explodir, Anelise. Isso não é uma bomba — Seu tom de voz era de diversão.

— Tá bom, tá bom. — Eu respirei bem fundo — Só estou sendo cautelosa.

— E paranóica também — A de tranças suspirou. — Vamos testar uma?

Movi minha cabeça fazendo positivo. Pegamos a base de madeira e a colocamos em cima da escrivaninha, ligamos a uma tomada e tentamos posicionar a lua em cima da base, o que foi um pouco difícil pois ela se desviava do centro. Em seguida peguei a prática de colocá-la ao meio e a luminária de lua começou a flutuar, havia um pequeno símbolo muito semelhante a de um controle remoto de iniciar e desligar na madeira, quando apertava a lua mudava de cor, ia do branco, um azul cristalino até o amarelado.

Era fascinante e bem realista.

Isso é tão lindo — Camila sorriu, notei seus olhos brilhando ao mesmo tempo que observava extasiada. — Quem te mandou isso com certeza não te odeia.

Eu a olhei de canto com um sorriso pequeno.

— Pode ser que não — Passei a língua entre os meus lábios — Ainda assim, acho que vou ficar atenta.

Camila logo fora embora e eu fiquei no meu quarto muito pensativa, estava intrigada e atônita com tudo isso. O suspense e todo esse mistério estava me corroendo por dentro, era óbvio que por todo meu senso medroso eu temia por algo à mais. Entretanto, não tinha nenhuma vontade de parecer uma louca e uma paranóica, mas sempre uma precaução.

Desconhecido
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Querido desconhecidoWhere stories live. Discover now