Capítulo 33

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Joffrey Miller ⛓️

—Noite anterior da coroação

Arrependimento.
Era isso que eu pensava sentir depois de ir até a casa do Damon outra vez, e me humilhar para ele e por esse maldito sentimento. Mas na verdade eu não sinto isso, sinto como se um peso tivesse sido tirado das minhas costas.

Uma parte de mim sempre soube que ele nunca largaria tudo por mim, que nós dois seríamos apenas um momento bom que no futuro será guardado no esquecimento. Mas eu precisava disso, precisava dizer e colocar para fora. Porque uma minúscula parte minha ainda tem esperança.

Desde que conheci Damon quando éramos crianças, eu sempre soube que era ele, sempre soube que meu coração batia por ele. A atração que me levava até ele sempre me corroeu por dentro, porque eu não queria aceitar o fato que estava apaixonado por ele desde os meus seis anos de idade. Eu não queria aceitar que era gay e muito menos ter sentimentos pelo filho do homem mais desprezível do mundo. Eu nunca quis aceitar o Damon.

Passei minha vida afastando ele, tratando ele mal e dizendo á mim mesmo que era melhor assim. Que talvez se eu o mantivesse longe as coisas poderiam ser diferentes, mas não foram. Porque quanto mais eu o afastava, mais doía, mais eu o queria perto de mim. E agora é tarde demais.

"Alguém em casa?”–Perguntei ao empurrar a porta e entrar. As luzes da casa estavam apagadas mas pude ver que o jardim estava iluminando.

Caminhei até o lado de fora e parei no batente da porta vendo meus pais e meu irmão sentados em uma das mesas comendo algum tipo de sobremesa. Meu olhar pousou sobre os dois, meu pai passando um braço pelos ombros da minha mãe enquanto ela repousa a cabeça em seu ombro e da risada de algo que Levi disse.

Olhando para eles eu percebo, que é isso que eu sempre quis durante toda minha vida. Uma família com ele, com Damon!

"Joffrey?”–Levi me chamou, trazendo minha atenção para ele

“Querido, tudo bem?”–Minha mãe me olhou preocupada se afastando do meu pai.

“Eu...”–As palavras somem da minha boca, em um ato de covardia. Meu olhar vaga pelo chão enquanto às lágrimas ardem no canto dos meus olhos

“Joffrey!”–Meu pai se levanta da cadeira percebendo que algo está errado.

“Eu sou gay”–Digo a eles, levantando meu olhar para encarar os dois nos olhos–“Eu...sou gay!”

Um suspiro pesado sai dos meus lábios, dou um passo para trás como se um peso enorme tivesse deixado meus ombros. As lágrimas desceram por minhas bochechas fazendo pequenas poças em minha jaqueta e um soluço doloroso partiu do meu peito.

“Eu sinto muito, eu não posso mais guardar isso...eu, sou gay”–Minha voz falha enquanto tento respirar.

“Meu amor...”–Minha mãe se levanta correndo e vem em minha direção segurando meu rosto com suas mãos–“Respira fundo, ok?”

Eu balanço a cabeça tentando recuperar meu fôlego, mas a pressão em meu peito parece que vai me devastar e me quebrar em pedaços.

“Joffrey, você não tem que se desculpar por nada. Entendeu?”–Meu pai colocou uma mão em meu ombro e sorriu–“Você não fez nada de errado”

“Mas eu, eu... sinto que fiz.”–O encarei e depois olhei para minha mãe

“Não, você não fez. Querido, amar alguém é o ato mais poderoso que tem independente de ser homem ou mulher ”–Ela dá um sorriso genuíno e descansa seus lábios em minha testa–“Nós te amamos filho, seja você gay ou não. A sua sexualidade nunca será um problema e muito menos algo que deva se envergonhar”

Crown of bloodWhere stories live. Discover now