- Por que não toma um remédio pra ansiedade?- Louise sugere.

- Quero ficar o mais longe possível de medicamentos...

- Por que não saímos hoje pra tomar um sorvete?- Levine.

- Tem sorvete na minha casa, por que não vão pra lá?- Louise.

- Nós iremos!

Só de pensar em estar naquela mansão...

- Não sei se vai...- sou interrompida.

- Dessa vez a senhorita vai sim! E eu não quero desculpinhas! Vamos assistir um filme, tomar um sorvete, talvez jogar alguns jogos, conversar sobre a vida alheia... Vai ser incrível!- Louise diz animada.

- Ok...

A sensação de estar perdida vem nas piores horas. Quando a vida anda tão movimentada que mal percebemos as coisas que estão acontecendo e só depois nos damos conta de tudo...
É como um peso que cai sobre mim.

Após o intervalo, retornamos para sala.
Tentei esquecer alguns pensamentos e me concentrar nas aulas e até deu um pouco certo.

Voltamos para casa, então tomo um banho e espero Levine na sala para que possamos ir a casa de Louise, e eu confesso que estou extremamente nervosa...

- Não está nervosa em ir pra lá?- pergunto a Levine que descia as escadas.

- Descobri que Marcus não está na cidade... E você? Por acaso tá nervosa?

- Não... Nao tem motivo algum! Vamos logo!

Saímos de casa e seguimos até a casa de Louise.
Somos bem recebidas por uma empregada e esperamos até que Louise pudesse sair de sabe lá qual cômodo desse lugar imenso.
Logo a mesma aparece nas escadas.

- Desculpem a demora! Vamos para a sala de cinema, lá vamos decidir que filme vamos assistir. Me sigam!

Começamos a seguir Louise pela grande mansão.
Felizmente ficava longe do corredor dos quartos, longe de Ward Kennedy, ele é a última pessoa que eu quero ver.

Escolhemos poltronas afastadas para nos acomodarmos melhor enquanto escolhíamos o filme.

- A empregada vai trazer os nossos aperitivos daqui a pouco! Querem que eu aumente o aquecedor?

- Não precisa, assim está ótimo!- Levine.

Levine escolhe um filme de suspense. Logo as luzes são apagadas e começos a assisti-lo.
Não demora muito para a porta ser aberta por uma mulher que trabalha na casa, deixando uma bandeja com algumas variações de sorvete e adicionais.

- Vamos acabar pegando uma gripe!- falo.

- Bom, Levine e eu praticamente somos médicas! Vamos nos cuidar muito bem caso isso aconteça.- Louise diz.

- Não confio em nenhuma de vocês!- falo e rio ao ver que as duas me olhavam incrédulas.

Pego um pouco do sorvete de baunilha e coloco algumas gotas de chocolate e cobertura de caramelo e volto a assistir o filme.

De fato, um filme bom... Bom até as partes de tortura que me causa um leve gatilho... De repente voltei no tempo, no pior dia da minha vida...
Aquilo realmente estava me deixando sem ar, e eu mal conseguia ver oque estava acontecendo. Uma dor imensa toma conta da minha cabeça juntamente a uma tontura...

- Meninas... Vou tomar um ar!

Saio apressadamente da sala eufórica e me esbarro com alguém, que me empurra bruscamente no chão.

- Aí meu Deus, me desculpe! Você me assustou!- era a tia de Louise... A mesma que vi na boate.

- Perdão, senhora.- tento não parecer nervosa, mas não conseguia respirar bem.

- Você tá bem?- pergunta enquanto me ajuda a levantar.

- Sim, eu só preciso tomar um ar...

- Você tem asma? Não deveria sair por aí sem aquela coisa que os asmáticos usam!- a pegada leve em meu braço agora se intensifica. Tento me soltar, mas ela aperta mais.- Olha aqui... Eu sei que me viu na boate com o Edward, e se abrir essa sua linda boquinha seja lá pra quem for, eu acabo com a sua vida!- ela sussurra.

Eu queria poder reagir, mas eu estava tendo uma espécie de ataque de pânico e fiquei ainda mais sem ar...

- Posso saber o que tá acontecendo aqui?- ouço a voz de Ward. Ela me solta rapidamente e força um sorriso.

- Oh... acabei esbarrando com a... Angel não é? Ela não parece bem, acho que ela tem asma! Tenho que ir, por favor, ajude-a!

Ouço seus passos se afastarem

- Angel você tá bem? O que ela fez com você?

Meu corpo fica trêmulo, me fazendo encostar na parede e abaixar lentamente tentando regular minha respiração.

Ward se abaixa ficando a minha altura e me olha nos olhos. Após isso ele segura minha mão levemente.

- Ei, tá tudo bem... Respira...

Por um motivo desconhecido, sua voz me acalmava...
Demora um pouco até eu conseguir respirar melhor e me acalmar.

- Pode me contar o que a Virgínia fez?- ele pergunta calmamente.

- Não, ela não fez nada... Eu só... Só fiquei nervosa com o filme que eu tava vendo! Só isso.

- Nervosa? Que tipo de filme?

- Suspense... Tortura...

Ward aperta minha mão com delicadeza, fazendo o meu corpo estremecer e esquecer que estava prestes a ter um ataque ainda mais grave a alguns segundos atrás.

- Tá tudo bem... Já passou...- ele diz em um tom mais baixo e eu me perco novamente em seus olhos azuis como o oceano.

- Eu...

Merda!

- Você?

- Eu já estou melhor. Obrigado...- tiro sua mão da minha e me levanto com cuidado. Ward faz o mesmo.

- Mas tem certeza que ela não te disse nada?

- Quem?

- Virgínia...

- Ah... Sim, ela não disse nada. Agora se... se me der licença, eu preciso tomar um ar!

- Eu te deixo sem ar?- Ward pergunta me pegando se surpresa.

- O q-- sou interrompida por sua risada.

- Eu só tava brincando! Foi mal... sua cara foi incrível!

- Você é um idiota mesmo!

- Bom, você está mesmo bem, afinal.

- Olha, Ward... Se quer me deixar sem ar, precisará de muito mais que isso!- olho para ele com um olhar desafiador. Ward sorri levemente e se aproxima mais.

- Vou me certificar de deixar você implorando por ar... Implorando para que eu vá com calma...- ele sussurra.

Ok não é isso que eu tava esperando...

Acabo suspirando e empurro Ward para longe, voltando para a sala de cinema sem saber exatamente como agir.

Por que ele disse aquilo e por que me deixou tão nervosa?
Meu Deus ele é um descarado!

Um doce pesadelo Where stories live. Discover now