A Jornada do Amanhã

Capítulo 1: Floresta de Katodaki

   Nossa história começa com Lia, uma jovem raposa correndo por entre arbustos, se divertindo na grande floresta mágica, uma floresta com cores vibrantes, repleta de flores, animais silvestres e insetos coloridos por aí. Mas a pequena Lia prefere se afastar um pouco dos lugares mais cheios de vida, ela para de correr quando chega próxima dum lago, um local recluso, fechado pela mata e pela montanha, montanha não muito alta, mas que faz uma linda cachoeira entornar água no pequeno e calmo lago. Este lugar é bem quieto, apenas a raposinha estava lá, então a mesma olha para os lados, e confirmando que se encontrava só, se transformou.
   Lia é uma Kitsune, e esta não muito rara, mas incrivelmente bela exemplar da raça, começava a se banhar naquele lago calmamente.
   Nesta região onde nossa garota se encontra, Kitsune são bem incomuns, devido ao vilarejo que crescia cada vez mais, habitada por humanos preconceituosos e caçadores cruéis, o que claramente representa perigo para espécies mágicas, principalmente as com capacidades metamorfas. O vilarejo, cujo nome é Katodaki, é bem simples, possui poucas casas, feitas de bambu e madeira, iluminação geralmente a base de velas, os cidadãos usavam roupas de seda e couro, e possuia algumas fazendas.
   Bem afastado do centro de Katodaki, existe um dojô de kung fu, onde a única pessoa no local, apesar do horário de pico, é Shen, um senhor não muito idoso, bastante em forma, meditava sobre o chão, entre paredes de seda. Shen se levanta calmamente, e ainda de olhos fechados, ergue um dos pés, ficando numa posição bem conhecida, o estilo garça, e então o mestre salta para a frente, atravessando uma das paredes de seda, e atingindo um boneco de madeira que ele mesmo que entalhou, derrubando o mesmo no chão, e o partindo ao meio.
   — Droga, esses bonecos de madeira barata não estão mais aguentando, preciso de um material mais resistente... - reclamou Shen, chutando a parte de cima do boneco, e saindo para a floresta, a procura de uma madeira mais resistente, ou algo entalhável e forte o suficiente para aguentar seus golpes poderosos.
   Descendo pelo vale, o homem ouve o som de uma cachoeira. Como já está um pouco cansado da caminhada, decide ir até o local para beber água. Seguindo o som de água, Shen chega a um lago, mas algo lhe chama atenção, uma bela e jovem moça se banhava no rio, nua e calma, como se ela vivesse ali, na floresta. O senhor começa a encher seu odre com água, molhando seu rosto e bebendo um pouco, então anda um pouco mais, se aproximando da donzela.
   — Ei! Olá! - gritou ele.
   Lia, que estava de costas, virou-se na direção ao velho. O seu longo e ruivo cabelo cobria os seus seios, e a mesma, assustada com a presença do humano naquele local, rapidamente sai da água e se transforma numa raposa, sacode o corpo para secar o pelo e sai correndo para dentro da floresta. Shen pensa em correr atrás, mas não está tão em forma como costumava estar, ele estava envelhecendo e sabia disso, então, o mestre se senta em uma pedra, e começa a meditar, aquele era um lugar perfeito para este tipo de descanso, um calor aprazível e uma brisa refrescante, o som da água e da floresta era terapêutico e confortável estar ali naquele momento.
   A raposa, quando finalmente percebe que o homem não estava atrás dela, para de correr. Olhando para cima, Lia percebe que o sol está para se pôr, então ela procura um local confortável e seguro, para então se deitar e dormir.