Diane e Argenti.

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Argenti...

Deckard sonhou com um nome. Sonhou também com um lobo. Sonhou com uma mulher de voz doce e rosto feroz.

Ele caminhou entre a inconsciência e o sonho, como um pequeno barco à deriva, em meio à um mar tempestuoso. Quando recuperou a consciência por completo, viu que estava deitado em um lugar escuro, mas longe de ser desconfortável.

Mais uma vez, estava acordando, sem saber onde estava e nem o que havia acontecido. Ele encarou o teto e tentou, olhar em volta. Mas, esse mísero esforço fez com que ele visse pontos pretos e se entregasse novamente à inconsciência.

Quando acordou novamente, o lugar parecia um pouco mais claro, mas não o suficiente para que ele visse tudo à sua volta. Sentiu cheiro de terra molhada, misturado com um cheiro de carne assada com temperos fortes. Ele se sentou e olhou em volta assustado. Ouviu seu estômago roncar de repente.

- Onde é que eu estou? Como eu vim parar aqui? - ele estava confuso e estava gostando cada vez menos dessa sensação.

- Você está seguro - Uma voz feminina respondeu, a mesma do sonho - Pode ficar tranquilo.

- Quem é você? O que fez comigo? O que deu em você pra me atacar? - Deckard disparou uma enxurrada de perguntas, indignado.

- Vamos com calma, eu vou te responder enquanto comemos - Ela disse, enquanto sentava em um banco próximo ao fogo, onde a carne assava. - Venha e coma, sei que está com fome.

Ele fez o mais indicado, se aproximou com cautela, e se sentou, aceitando um pedaço de carne que ela cortou e lhe ofereceu. Mas, esperou que ela mordesse o pedaço dela, antes de comer.

- Esperto - disse ela, ao perceber - mas, se minha intenção fosse te fazer mal, você já estaria morto.

Enquanto comia, calado, ele olhava bem para a mulher à sua frente. Com seus longos cabelos negros como uma noite sem lua, e seu rosto delicado, mas de expressão resoluta, que demonstravam uma grande força, pronta para ser exibida ao menor sinal de perigo.

Apesar de não ser tão frio na floresta durante a noite, ela estava vestida com roupas grossas, feitas com peles de animais, sem muito luxo ou requinte. Roupas brancas como a neve, que contrastavam com seus belos cabelos. Apesar das roupas pesadas, ainda se podia notar os traços de seu corpo, com um físico bem definido.

- Ao que parece, a fome dos seus olhos supera em muito seu apetite - disse, ao perceber que Deckard a olhava de cima para baixo.

- Ah, s-sinto muito. Não foi minha intenção - ele se desculpou, enquanto sentia um leve rubor subindo pela sua face - Só me senti curioso, pois você é bem diferente de qualquer pessoa que eu já vi.

- Não é como se eu me incomodasse, apesar de tudo - respondeu ela, com uma leve sorriso brincando em seus lábios.

- Mas, o que me deixa curioso, acima de tudo é saber o que aconteceu para que eu acabasse aqui. Só me lembro de ser atacado, depois de caçar - só de pensar, ele já se sentia incomodado - nem sequer consegui ver quem me atacou.

- Bem, sobre isso... - ela começou a falar e parou.

De repente, ela soltou um assovio que fez doer os ouvidos dele, olhando por sobre os ombros. Ela esperou alguns segundos, enquanto Deckard se perguntava o que ela estava fazendo.

Sem qualquer som ou estardalhaço que denunciasse sua presença, um gigantesco lobo surgiu ao lado dela, o encarando com ferocidade.

- Ahhhh - foi tudo que ele pôde deixar escapar; enquanto tentava se arrastar para trás, aos tropeções, sem desviar o olhar daquele animal imenso - puta que pariu.

Deckard - Histórias de outro mundo Where stories live. Discover now