— O jantar está servido, senhora — me avisa.

— Obrigada, Gisele! — sorrio sem esforço para ela e caminho até a sala de jantar.

Satisfeita pela confusão que continua plantada na bela face do meu marido.

— Ponho mais um prato, Chefe? — ouço a mulher lhe perguntar, mas não sua resposta.

No entanto, não demora muito. Luca logo alcança a sala. Seus olhos batem do único prato na mesa para mim. Seus lábios estão em um linha fina e rígida, seus olhos atentos e impassíveis. Os fios loiros fora do lugar e molhados, me fazem questionar se Luca disse mesmo a verdade quanto não me trair.

— Onde tomou banho? — nem mesmo tento segurar a pergunta.

O olhar que nada dava de Luca se vai, dando espaço para divertimento.

— Escritório. Não queria choca-la com todo o sangue.

Ainda que pareça sincero em sua resposta, há também sua zombaria e aposto como minha pergunta sobre me trair vem sobre sua mente. Luca deveria ser um ótimo mentiroso, mas porque me pouparia? Então, acredito em sua palavra.

— Quem diria que meu marido seria gentil — sorrio e não tenho que me esforçar como antes, eu percebi que com Luca nada adiantaria ficar nas sombras, o pouparia de me arrastar — Não tenho medo de sangue.

Cruza seus braços. Seus músculos quase não se contendo no tecido branco.

— Nós dois podemos surpreender — diz e arrasta a cadeira. Começo a cortar a carne em meu prato — Admito que estou surpreso, pensei que ficaria dias sem vê-la novamente.

Mastigo lentamente antes de lhe falar:

— Impossível. Se esqueceu das câmeras?

— Como poderia se há olho todo instante? — o encaro. Ele mesmo me olhava? — Quem pensou que a assistia?

Dou de ombros.

— Não é tão ocupado quanto parece — Luca rir baixinho.

— Pelo visto não — diz e se levanta. Quando penso que Luca não irá mais voltar, e posso finalmente respirar e apreciar minha comida em paz, ele retorna. Uma garrafa de vinho e duas taças — Cozinhar usando um bom vestido e sobre saltos não significa que é para fazê-lo — me serve. Não sei o motivo de suas palavras me pegarem de jeito e levar metade do vinho na taça, Luca tinha câmeras espalhadas pela casa e eu sabia disso. Eu acabei de lhe falar sobre isso. Siga firme, Vittoria! — Esposa, esposa, esposa não quero ser você quando o meu fascínio e diversão acabar — sussurra atrás de mim, sua cabeça inclinada em minha orelha, enquanto volta a me servir do vinho.

Que ele chame como bem queira, mas a ameaça de Luca, é completamente ignorada, somente o fato dele estar fascinado por mim, me toca.

— Então, devo aproveitar — sussurro de volta. E nem sei porque sussurro.

A ponta do nariz de Luca raspa pela lateral do meu pescoço e isso é como fogo em um rastro de pólvora, aperto minhas coxas já fechadas.

— Faça isso — pressiona os lábios ali em minha carne e rapidamente se afasta. Logo Luca está sentado de novo, bebendo do seu vinho sem tirar os olhos de mim. Um olhar ardente e devasso — Termine isso de uma vez — ordena.

Eu me pego assentindo e já sem fome, ao menos da comida em meu prato e totalmente faminta pelo homem cujo olhar sensual não pode me abandonar.

— Não quero mais — aviso e Luca concorda, vira todo o vinho de sua taça e me chama com seu indicador, eu vou, quase em estado de hipnose — Vai querer jantar? — pergunto próxima a ele, seu polegar conhecendo tão bem o caminho, corre pelo lábio inferior dele enquanto seus olhos vagueiam do meu rosto aos meus seios, parte da carne exposta pelo pequeno decote.

Luca se arrasta para trás e eu sei o que devo fazer, mas permaneço imóvel ao seu lado, doida para montar sobre ele, agarrar os fios em sua nunca e mergulhar minha boca na sua.

— A hora do jantar passou, bella demônia, agora quero a porra da minha sobremesa — sua extensa rouquidão atrai mais arrepios carnais por meu corpo e umidade a minha calcinha.

Como Luca fez comigo, lhe sirvo vinho, mas sem ir para trás dele, Luca permite, observando cada ato meu. Antes de lhe entregar, torno realidade algo que se passa por minha mente, tomo um gole e aproximo meu rosto do seu. Ele entende e abre sua boca após dar fim ao pequeno espaço que restava entre nós. Luca toma do vinho direto da minha boca e se eu assistisse ou ouvisse isso vindo de alguém, acharia a coisa mais nojenta do mundo, mas não ali, não com Luca, não com essa densa sombra erótica fluindo entre nós, vindo de nós dois. E quando o vinho se vai, sobrando apenas o sabor e desejo desenfreado, me dando conta que estou sobre o colo de Luca, suas mãos firmes em minha cintura, prestes a nos fundirmos, preciso ser forte.

— Não!

Nem mesmo eu acredito em minha palavra, mas não volto atrás.

— Como? — questiona cheio de incredulidade, talvez a forma como esbraveja até me fizesse querer correr, mas a excitação de Luca vindo sobre meu centro, nossas roupas a única coisa impedindo de tê-lo dentro de mim, e sua voz ainda tomada pela rouquidão seguido por seus olhos adornados por desejo, não me permitem. Não estou com medo, nem mesmo algo perto disso, estou com raiva dele e de mim. Frustrada e compartilhando da sua incredulidade — Você é minha esposa! — rosna uma outra vez.

Aproveito para me livrar de seu toque.

— Exatamente, mas você parece se lembrar disso só em momentos como esses e ainda sim, é incapaz de me satisfazer em todas as vezes.

Luca fecha as mãos em punho e soca a mesa, pulo para mais longe dele. Então, quando aperta a taça, sangue se derramando, me apresso para longe dali. 

O fato de ser uma grande tola apaixonada por ele e querer que esse casamento funcione, não significa que eu teria que abaixar a cabeça para ele. Luca já havia me humilhado o bastante. Passei toda minha vida ouvindo como deveria ser uma boa esposa, o mínimo que ele pode fazer é agir de acordo, e ser um bom marido. Isso não era uma via única.









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Nas Mãos Do Don - 2ª livro da série Nas Mãos Do Amor            (CONCLUÍDO)Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon