Nós.

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Apenas se passou uma semana desde que troquei meu pós vida por uma vida na terra com Ross. E lá estava eu batendo com o gesso e gritando com toda a felicidade do mundo no seu portão de madeira. Pelo amor de Deus!!! O portão abriu.

— Oi, Annie! — Tia Rose me atendeu.

— Oi, tia Rose!

Passei correndo por ela gritando por Ross. Eu não podia esperar pra contar as novidades pro meu pequeno Rosê. Minha psicóloga disse que era de extrema importância que eu não ficasse longe de quem me ama, e desde que o Ross falou: "Eu meio que gosto de você, Annie", eu entendi que ele é a pessoa que mais deve me amar na vida. Depois do papai.

— Ross?! — Gritei na sala.

Nada de Ross. Saltei a escada feliz da vida até entrar no seu quarto.

— Ei, estou entrando, Rosê! Melhor não estar vestido de Lady Gaga dessa vez...

E ele estava completamente esquartejado no chão. Sua cabeça estava pendurada no gancho dos casacos, pingando lentas e espessas gotas de sangue e suas pernas dobradas por cima da TV. Demorei para achar o tronco, que estava meio escondido por debaixo da coberta e depois um de seus braços — o outro estava no meu pé.

— Ok, tá... tá bom. — Fechei meus olhos. — O Ross está bem. O Ross está bem. O Ross está bem. O Ross está bem.

Senti ele me abraçando.

— O Ross está bem, o Ross está bem...

— Eu estou bem. — Ele cochichou no meu ouvido.

Abri meus olhos, aliviada, e o abracei com toda minha alma. Cabelos arrepiados, a armação dos óculos me espetando, pijama de estrelas e pantufa de cachorrinho. Só sei que é de cachorrinho pois pisei e senti as orelhas.

— Eu sei, eu sei. — Confirmei. — Tá, agora pode me soltar?

— Quem tá me segurando é você.

— Eu sei, fica quietinho.

E ficamos ali mais um tempo. Ah, como é bom ter Ross de volta. Observei o quarto ao redor, limpo feito o meu. Ursinhos num canto, a TV ligada passando O incrível mundo de Gumball e o teto cheio de planetas incandescentes. Foi eu que escolhi como presente de aniversário!

— Ok — Eu o larguei, o olhando nos olhos. Estavam brilhosos. — Pisca três vezes, por favor.

Ele fez.

— Tá. Então. Meu pai conseguiu contato com o vovô — Eu continuei. — Talvez ele me leve até ele nesse final de semana.

— Que ótima notícia! — Ross exclamou. — Não estou mais com os olhos do Vulto Papão, estou?

— Sim, você está. Sem falar dos dentes.

— Espera, como faz pra se livrar dos dentes? — Ele tampou a boca com a própria mão.

— Hihi, relaxa, estou só brincando com você. — Me desmanchei no sorriso bobo. — Tá, pisca mais um pouco.

Ele fez. Seus olhos voltaram ao normal.

Me joguei na cama do Ross, puxando seu travesseiro. Comecei a pensar em como aproveitar a vida, tipo, é o que eu faço quando tô de bobeira! Quando é que vou para muitas festas e começar a ser legal e descolada? Tipo a Debochada.

— Pow, pow. — Atirei raiozinhos de luz com meus dedos nos olhos abertos do Vulto Papão no teto do quarto. — Toma essa.

Quando é que eu vou... bem, ser como as meninas bonitas da Impulse? Quando é que Ross vai ficar forte e alto? E mais bonito também, feito os meninos do nono ano...

Acorde: Annie (Livro 1 de 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora