Claro que não.

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Eu pude observar o céu, aquele que começou uma tempestade, e poucas das estrelas que vi entre os galhos secos, meio trêmulas, enquanto era arrastada para dentro de minha casa por aqueles braços esqueléticos. Nuvens? Quase nenhuma. Por que tenho vontade de dormir? Mas eu não devo fazer isso, não é? Ross, eu devo?

Eu acho que não devo.

— Annie!

Não pude olhar para Debo pois aquilo estava me segurando bem pelo pescoço. As luzes estavam estranhamente alinhadas de forma que não conseguia ver para onde estava sendo puxada, embora as garras daquilo emanassem luz pura. E claramente estava me apertando mais do que segurava Debochada.

— Annie, não!

Escutei o som de Debo agarrando e arremessando pra trás um balde que segurou, a única coisa que conseguiu pegar ao se espernear. O baque dele no chão arranhou e ecoou pelo longo quintal claro que fomos arrastadas.

Foi quando pude ver o portão desabando com a força daquelas crianças.

TEK. Ele caiu.

Toda vez que uma criança pisava adentro, gemia de horror e desaparecia em cinzas. Como se estivessem caindo em fogo. Como se estivessem derretendo em chamas. Muitas das cinzas entravam nas paredes como se elas estivessem respirando forte, mas uma parte começou a rodopiar como um furacão.

E foi quando ele começou a se materializar em frente aos nossos olhos.

O Vulto Papão se reergueu dos restos daquelas crianças, membros por membros, escamas por escamas até quando abriu sua boca e os olhos brilhantes para nos olhar. O seu braço extra do pescoço nos deu tchau.

Foi quando os braços esqueléticos terminaram de nos carregar.

Pude escutar algum osso de Deborah quebrando quando ele a arremessou escuridão adentro como se não fosse importante.

— Deborah... não, não! — Gritei o pouco que consegui.

Segurei as mãos magras com força para que me soltasse, vendo o Vulto se aproximar tortamente, mas aquilo começou a me erguer. Foi quando, sem nem fechar os olhos, senti que desmaiei. Aquilo estava me carregando no ar e eu já não conseguia mexer um único músculo.

Erguida feito uma boneca de pano.

De onde veio esse trovão? A luz dele durou mais do que o normal, iluminando não só meu rosto como tudo que eu nunca notei que estava no quintal. E o rosto daquele novo monstro, daquele espantalho fodido.

Shiny-eyes.

TEK.

O Vulto Papão se contorceu como uma aranha para caminhar até mim.

— Não, não, não... — Consegui balbuciar.

E o braço me ergueu em direção a ele, que se endireitou com vários estalares em minha frente. Um por um. Se espreguiçando da pior maneira possível até arregalar os olhos para mim. E eles tiveram o mesmo efeito da primeira noite. Seu braço extra estava por cima, quase oculto, da mesma forma que já me é tão nostálgica. De quando eu ainda tinha Ross. E ele está na minha frente de novo.

Sorri quando outro trovão ecoou.

Annie.

— Acompanhado... dessa vez? — Perguntei.

Faça o que a corajosa da Debochada faria. Não deita pra esse esquisito.

Sempre. Ele respondeu. Você também?

— Não. Não estou com Ross, você tirou ele de mim.

Pude ver seus dentes brilhantes começarem a aparecer.

Acorde: Annie (Livro 1 de 3)Место, где живут истории. Откройте их для себя