Um forasteiro na cidade

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Uma mente nublada, olhos em meio uma neblina vermelha, vozes distantes e talvez, só talvez, algum resquício de luz.

Naquela manhã os jornais estavam a todo vapor, uma notícia ruim atrás da outra; mas essa em específico, iria chocar muitas pessoas.

em um distrito bem próximo dali, mais ou menos na rua Ben'hur, ficava a escola estadual Saint James IV, um lugar famoso pelos seus diversos formandos, diversos alunos consagrados que conquistaram grandes posições de sucesso no mercado...mas famosa também por ameaças recorrentes contra a escola, ameaças de massacres.

naquela manhã, um garoto de nome Lerichen Sandsman, foi encontrado morto em frente à escola; ele tinha seu peito esquerdo um buraco com um espaço perfeito de uma mão, e de um braço, ao menos foi o que comentou um policial forense que deu uma entrevista ao lugar.

Lerichen trajava um sobretudo preto, e estava portando um fuzil e uma pistola 44, antes da morte. não se sabe ainda como, quem ou o que desferiu o golpe nele antes que entrasse na escola, mas o que todos estavam deduzindo é que ali seria palco de um desastre.

Ashley estava ali, parada ao lado do cadáver, completamente nua! do jeito que veio ao mundo. mas como? Ninguém está vendo ela? Como isso ocorreu? ela fez isso? Ashley estava tentando cobrir as partes, estava chorando e estava com muito medo do que estava por vir, sentia frio, sentia repulsa.

Ela correu ao notar as pessoas se aproximando, ela chorava em desespero sabendo que qualquer um ali poderia difamar uma mulher que surgiu do nada em uma cena de crime, totalmente pelada, sem escrúpulos sob o caráter de ser quem é, ao menos era assim que ela pensava, ao menos era assim que ela temia que acontecesse.

Será que ninguém mesmo tem o direito de lhe ver, será que ninguém nunca a viu assim dessa forma? a troco de nada muitos o fazem, mas o medo de talvez ter um cobrador de caráter pessoal viajando por entre julgos alheios, faria dessa forma o pior terror de estar em público, despida, como se para o olhar da dona de casa ela fosse a isca para o perverso e traidor marido, para o jovem afobado, apenas mais um corpo querendo a indevida atenção...mas e para ela, o que era aquilo tudo?

As ruas pareciam esfriar com um temporal que chegava aos poucos, anunciando uma onda cósmica de falsa luz, uma espécie de sensação ruim, onde tal energia fizera um campo de mal estar para quem estivesse sob o céu cinza de Chicago.

Ao tentar entrar dentro de uma lixeira como única opção para salvar sua dignidade visual, ela notou um garotinho olhando ela...olhava de olhos arregalados, talvez nunca tivesse tido essa experiência antes. Tropeçou, caiu de cara na lata ao se surpreender com a visão do garoto; Onde olhando pra direção do mesmo, ela percebe que não era ela quem o garotinho via: mais à frente, mais ou menos umas duas ruas dali, por cima de um dos prédios, uma criatura imensa se erguia.

Ele tinha uma face esquelética, o lado esquerdo do rosto era costurado por cordas que saiam da boca e entravam em seu olho semi-costurado que expelia um pouco de pus, medonho desde a primeira vista de impacto, cabelos de fios ralos negros, uma bocarra amedrontadora e braços finos e extremamente gigantes, suas mãos eram tão grandes quanto, e os dedos passavam por entre as casas como se fossem serpentes, unhas grandes sem pontas e encardidas. A bizarra criatura urrava alto, de uma forma assustadora, o som infernal parecia percorrer toda a cidade e paralisava os sentidos de qualquer ser que se aproximasse dela...

Ashley havia feito uma percepção de si, notava que apesar de despida em uma cidade, por algum motivo, ninguém ali conseguia ver ela, era como um fantasma.
Seria isso uma retratação de sua vida no decorrer do dia a dia? Seria assim que ela se sentia para as pessoas?

Mesmo com essa ideia, Ashley não quis pagar pra ver e logo começou a correr desesperadamente, passou por entre lugares apertados, tentou se esconder atrás de postes e árvores mas notou que o monstro a observava, correu mais ainda até ser capturada por um dos dedos do imenso demônio, que a leva de encontro a sua boca gigante, exalando um odor horrível por entre seus enormes dentes podres. Ashley estaria vendo a luz do dia pela última vez.

Noite VisceralWhere stories live. Discover now