Ela bebeu o copo em um gole só, sorriu grandiosamente. O sabor da vitória era indescritível, uma sensação única na vida. Sabotar a empresa de Liam foi um dos meus maiores triunfos e a culpa caiu toda naquela barata insolente, a cereja do bolo. Sorri acaloradamente para Zara e sua empolgação nojenta. Mas tinha de aproveitar o momento, sabia que ele deveria ter a ameaçado com as autoridades, mas não faria isso, sua compaixão era sua maior fraqueza.

Seu pai teve o que mereceu, expulsou do tribunal no meu caso, me humilhou publicamente e virei piada nos corredores, isso não ia ficar barato assim. Sabia que ele sendo pressionado usaria sua marionete para se defender, então escolhi a peça mais óbvia do tabuleiro. Liam foi uma presa fácil e até entendiante às vezes. Penso na garota que acabou sendo envolvida sem saber nem da metade, seu pai trabalhava para mim até me trair em nome do pai de Liam, então armei sua aposentadoria com poucos recursos.

Contratar um hacker amigo de Zara foi fácil, uma carteira recheada resolve vidas. E resolveu a minha, ele não tinha a menor consciência de proteger os próprios dados, facilitando nossa vida. Estava feliz em demasiado. Me sentia vingado.

Sob a visão de Morgan.

Depois de uma rápida trocada de roupa, desci as escadas tentando controlar meu desastre emocional, não queria ninguém me perguntando sobre o ocorrido, já era vergonhoso para mim, não precisava da piedade de ninguém. Do outro lado pude ouvir uma música ribombante tocar e pessoas aglomeradas e do outro uma saída que ia direto para o restaurante ao ar livre e mais a frente a piscina agora enorme, vazia e sem alegria, apenas uma poça entristecida e amargurada. Compartilhei de sua solidão e caminhei até ela, a luz do dia raiava em seu brilho com maestria, me sentei a borda mergulhando meus pés antes de tirar as sandálias de tiras finas, olhei para um ponto específico do oceano, perguntando-me como seria morrer afogada? Quanto tempo levaria? Não sabia ao certo, Stacy ia jogar milhões de sermões em minha cara.

Eu nunca devia ter aceitado aquele acordo, talvez estivesse inteira ainda como antes. Liam era só mais um prepotente que me ensinara que nunca se deve confiar em homens como ele, na verdade, talvez não existissem mais homens no mundo e eu ficasse igual a uma velha de gatos. Uma casa enorme e confortável com mais de quinze gatos para fazer-me companhia. Senti um leve mal-estar e tive de segurar a cabeça para não desmaiar. Minha cabeça rodopiou inúmeras vezes antes de turvar minha visão e tudo se apagar sombriamente, como meu coração estava se apagando. Tentei chamar por ajuda mas a escuridão me assumiu completamente.

Quando acordei imaginei estar no paraíso, havia cheiro de flores de eucalipto, pude ouvir um bip agudo e barulhos em alguns metais finos. Abri os olhos com dificuldade,a claridade doía em minhas pálpebras que tive que cobri-los com as mãos. Tentei levantar-me apenas para ficar tonta, o que está acontecendo?, pensei.

Uma voz grossa e imponente ressoava preocupado enquanto suas mãos quentes seguravam as minhas, olhei para a pessoa que estava ao meu lado e reconheci Dante com seus grandes olhos azuis pairando sobre minha cabeça, olhei-o consternada e perguntei:

— Onde eu estou?

Ele respirou fundo e colou sua testa nas costas de minha mão.

— Graças a Deus, você está bem! — sussurrou com uma voz aliviada.

Senti sua respiração ofegante e uma jovem mulher com um sorriso solidário vindo em minha direção, onde eu estou?

— Olá srta. Montgomery, preciso que relaxe. — pediu ela, colocando uma luz incandescente em meus olhos, certificando-se que eu reagia sem nenhum trauma. — Você teve sorte de ter alguém por perto para salva-la.

Franzi as sobrancelhas, confusa.

— O que houve? — perguntei de novo.

— Você desmaiou e caiu na piscina,não sabia quanto tempo havia ficado ali quando cheguei, mas a socorri a trazendo aqui. — contou Dante.

— Ah meu Deus, estamos no navio ainda? — perguntei de novo, queria falar com Liam, queria esclarecer algumas coisas, convencer que ele estava enganado ao meu respeito.

Não tinha sido eu!

— O cruzeiro se foi já tem algumas horas, Morgan. — explicou Dante, seu semblante preocupado e triste me apertaram o coração. Segurei sua mão e dirigi um sorriso maroto a ele.

— Obrigada por me salvar, Dante, você é especial! — exclamo tranquilamente e vejo seu sorriso brilhar em seu rosto.

A enfermeira chamou minha atenção, e disse que faria mais alguns exames periódicos e ficaria em observação, quando olhei pela pequena janela vi que havia um gramado bem cuidado e amparado e uma placa que lia-se Hospital Geral de San Francisco. Estávamos na Califórnia. Sobressaltei-me na cama e vi a enfermeira me repreender.

— Não faça mais isso, pode prejudicar o bebê. — anunciou ela saindo da sala em seguida.

Olhei assoberbada para Dante que sorria grandiosamente, seu sorriso era puro e alegre. Lembro-me da primeira vez que nos conhecemos, a facilidade que tínhamos de conversar, eu me sentia a vontade perto dele. E isso não havia mudado agora, precisava tanto de alguém nesse momento tão desesperador da minha vida que tê-lo por perto ajudava um pouco nesse dia louco que tive. Liam havia me deixado por uma besteira e nem sequer havia investigado o que havia acontecido, me abandonara coma uma criança habitando em meu ventre, o que mais viria agora de surpreendente?

Talvez fosse hora para rever meus conceitos, havia alguém esperando para ser cuidado e posto em primeiro lugar. Agora não era mais sobre mim, sobre o bebê que vinha, que eu não tinha nenhuma noção de como cuidaria dele. Stacy iria surtar e sua teimosia iria reinar, comecei a rir de desespero e por alguma razão Dante me acompanhou.

— Um bebezinho, não é? — comentou baixinho, mas percebi uma leve tristeza ronda em seu lindo rosto.

— Pois é, vai ser só ele e eu agora. — digo com um sorriso bobo.

Dante assentiu ligeiramente a cabeça, mas não soltara da minha mão.

— Mas e o pai da criança? — perguntou.

— Tem coisas melhores para fazer como me levar as autoridades por algo que não cometi. — confessei e comecei a chorar de volta.

Dante se levantou e beijou suavemente em minha testa e procurou usar palavras tranquilizadoras.

— Morgan, saiba que eu estou aqui para o que precisar, tanto você como ao seu bebê. — afirmou olhando bem no fundo dos meus olhos e meu coração aquiesceu como uma rosa florescendo no campo.

Sorri em agradecimento e disse:

— Obrigada, acho que vou precisar.

A Proposta Do Chefe Onde histórias criam vida. Descubra agora