Estresse

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Sam, com o celular em mãos e o rosto corado após a tarde agradável que teve com Penny, lê as mensagens de Sebastian e perde seu entusiasmo imediatamente. Não entendia porque, mas o garoto parecia super desinteressado em qualquer coisa que tenha a dizer. Talvez fosse apenas um dia ruim, mas isso vem ocorrendo a muito, muito tempo. Não entendia porquê.

Ignorando isso, o garoto se apronta para dormir rapidamente; estava cansado após tantas emoções no dia. Quando ia se deitar, no entanto, vê sua mãe abrindo a porta.

-Sam, nós podemos conversar? -Ela parecia um pouco mais séria do que de costume, o deixando nervoso. Apenas assentindo com a cabeça, Jodi se aproxima e senta ao seu lado na cama. -Eu queria saber o que você e a Penny tem. Vocês vem saindo muito ultimamente...

-Ah... -Coçando sua nuca envergonhado, não sabia como falar desses assuntos com sua mãe. Com o rosto avermelhado, respirou fundo e tomou coragem. -Eu... Eu gosto dela.

-Sério? Que bom meu filho! -De repente, toda sua seriedade se transforma em entusiasmo. -Ela é uma boa moça, tenho certeza de que sua vida será ótima ao lado dela. Por muito tempo eu achei que você gostava do Sebastian, me alivia muito...

-Que? -Com Jodi percebendo que falou demais e Sam se sentindo atacado com sua fala, o clima pesou. -Mãe, eu ainda sou pan. Não é porque eu to com uma mulher que eu virei hetero. -Diz, lembrando do quanto a mãe negava a sexualidade do filho para si.

-Eu sei, eu sei... Só me alivia você ficar com ela, só isso. -Apesar de dizer isso, os sentimentos de Jodi ainda eram os mesmos. Não era homofóbica; só não queria isso para seu filho, pensava consigo mesma.

-Hum... -E o loiro sabia que ela pensava o mesmo. Não importa o quanto tentasse explicar, sua mãe não conseguia entender sua sexualidade como algo normal. Isso o faz se sentir péssimo, quase como se estivesse fazendo algo errado.

Em um silêncio desconfortável, Jodi se levanta e vai em direção a porta do quarto do filho.

-Boa noite Sam. -Apenas assentindo com a cabeça, não quis responder a mãe; não queria que ela percebesse sua voz diferente pelo nó que sentia na garganta. Vendo-a sair do quarto, se jogou na cama com o coração apertado.

Odiava se sentir assim. Só queria ser aceito e poder ficar com quem quisesse sem que sua mãe julgasse quão "boa" a pessoa seria para ele. Não é justo! Se a vida é dele, por que ela tinha que opinar sempre? Isso era insuportável. Bravo, se virou agressivamente para o outro lado da cama. Sem querer, deixa seu celular cair no chão, o pegando desesperadamente. Não trincou, ufa. Desbloqueando o mesmo com seu rosto, mesmo que não fosse sua intenção, voltou a conversa com Sebastian.

seb🤘: po mano, que legal

seb🤘: fico feliz por ti

De repente, seu ódio é direcionado ao moreno. Apesar das mensagens, Sam sabia que Seb não estava feliz por ele. Ele nunca demostrou um pingo de interesse sobre sua vida, a vida de seu melhor amigo. Ele só queria saber de jogar d&d ou saírem juntos. Grrr, por que tudo que tinha ser sobre Seb? Por que ele não conseguia ver Sam com outra pessoa, e ainda por cima, feliz? 

Colocando seu celular na mesinha de seu computador, vê um pequeno retrato seu com Sebastian quando eram crianças, abraçados e sorrindo. Ainda com ódio, guarda o retrato numa gaveta qualquer, não importava. Se Sebastian não o queria mais em sua vida, se o moreno estava cansado de si, não fazia sentido continuar essa amizade. Se deitando, demorou a dormir com a respiração pesada e olhos molhados pela raiva.

~Uma noite de sono depois.

Acordando atordoado por todo o estresse que sentiu na última noite, Sam se senta na cama. Mal conseguia acreditar em tudo o que pensou; se sentiu muito ingrato com sua mãe e Sebastian. Pegando o celular, pensou que seria uma boa ideia falar com Seb presencialmente e contar tudo o que aconteceu. Isso porque precisava falar com alguém, já estava explodindo e não queria prejudicar ninguém sem querer; e a única pessoa que o entenderia, era o moreno.

sam🤙: Seb, cê tá livre hoje?

sam🤙: Preciso falar contigo

Se sentindo tenso ao mandar as mensagens, resolveu se arrumar enquanto aguardava a resposta. Sabia que Seb demoraria a responder, então tentou se aprontar caso a resposta fosse positiva.

Depois de ir rapidamente ao banheiro e fazer suas necessidades básicas, foi a mesa da cozinha para tomar o café da manhã. Apenas seu pai estava ali, já que Jodi e Vincent sempre acordavam mais cedo - mesmo que fosse domingo.

Kent estava com a mesma cara fechada de sempre. Desde sua volta da guerra, seu pai nunca foi o mesmo. Antes, lembrava de seu pai como uma figura firme e alegre, que amava sua família mais que tudo e só queria garantir que estivessem bem e felizes. Mas ele mudou. Estava bem mais distante, quase como o antigo Kent tivesse perecido na guerra; e talvez esse fosse o caso. Nunca admitiu para ninguém, mas sente muita falta de como seu pai era.

-Bom dia, pai. -Tentando ser educado enquanto pegava um ovo para fritar, ouviu o pai dizer um "oi" bem baixinho. Meio desapontado pela curta resposta do pai, começou a cozinhar o ovo na frigideira. Nesse momento, sua mãe aparece na cozinha.

-Bom dia Sam, vou na igreja agora. Não vou fazer almoço hoje, tá? -Diz, apressada.

-Ah, de boa... -Nem esperando o terminar de falar, Jodi já vai saindo de casa. Não o surpreendia; sua mãe sempre vai a igreja nos domingos, essa qual fica dentro da casa de Pierre. Mas, por estar meio sensível pela última noite, se sentiu meio deixado de lado. Ela nem o ouviu...

Terminando de fritar seu ovo, se apressou em comê-lo; queria saber se Seb havia o respondido o mais rápido possível. Colocando o ovo num pão, comia tão rápido que chamou a atenção de seu pai.

-Desculpa... -Vendo seu pai meio desconfortável, tentou comer com um pouco mais de cuidado, ainda que depressa. Acabando, se levantou e foi rapidamente ao quarto, não percebendo o aviso de seu pai para andar mais devagar.

Pegando seu celular, viu que ele ainda não o tinha respondido. Levemente frustrado, decidiu então escolher a roupa que usaria no dia - afinal, não podia passar o dia todo de pijamas. Pegando uma calça jeans qualquer, uma camiseta branca com estampa de banda e um casaco moletom azul, tratou de se vestir apressadamente. Enquanto colocava seu all-star botinha vermelho, ouviu notificações vindo de seu celular. Parou tudo imediatamente para ver o que tinha recebido - e torcia que fosse a resposta de Seb.

seb🤘: oioi

seb🤘: to sim

seb🤘: pode ser aqui em casa?

Sorrindo para o celular, ficou genuinamente feliz que veria o melhor amigo num domingo que tinha tudo para ser entediante.

sam🤙: Pode sim

sam🤙: Tô indo agora, tá?

seb🤘: bele

Terminando de botar seu tênis num piscar de olhos, deu um tchau apressado para o pai e foi a casa do moreno, o mais rápido que pode. Precisava vê-lo.

Não me deixe ir | Sambastian ficOnde as histórias ganham vida. Descobre agora