Angústia

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Sam e Sebastian se conhecem desde muito pequenos. Não é uma surpresa, já que em uma cidade tão pequena é difícil não conhecer todos; mas diferente dos demais, os dois se tornaram próximos muito rapidamente. Talvez por terem muitos gostos em comum, ou simplesmente por serem dois pestinhas, era difícil ver um separado do outro.

Mas não são mais crianças, e as coisas mudaram. Claro, ainda se falam e se gostam muito; são melhores amigos. Porém, com as responsabilidades da vida adulta começando a bater na porta dos dois, é difícil serem tão colados como eram na infância. O que não é ruim, certo? Cada um precisa de seu espaço, pensou Sebastian. Mas apesar de entender isso, não conseguia evitar de sentir algo desagradável em sua relação com Sam.

Esse sentimento começou quando o melhor amigo lhe contou sobre sua paixão por Penny - a moça mais educada da cidade. Depois disso, parecia que o loiro só falava sobre a ruiva. Toda vez que se encontravam, Sam sempre contava de encontros que teve com ela, como ela era linda, como se sentia bem com ela, etc etc. Não queria se incomodar com isso, afinal, era apenas seu melhor amigo contando sua experiência com a garota que gosta. Nada demais. Mas apesar de tentar negar, o incomodava. Não sabia dizer exatamente porque; talvez estivesse se sentindo trocado? Ou era só um ciúmes passageiro? Não importa. Sebastian não queria nem se quer pensar sobre isso. Não tem nada de errado acontecendo, e se for firme o suficiente, o sentimento sumiria... certo?

-Seb! O café tá pronto! -Ouvindo a voz de sua mãe o chamar para o café da manhã, finalmente levanta de sua cama. Andando meio devagar, sentia sua cabeça pesar; talvez tenha pensado demais.

Chegando na cozinha, viu que todos da casa estavam reunidos na mesa. Não gostava quando isso acontecia; a presença de Demetrius o deixava tenso. A separação de seus pais foi algo muito complicado para si, e sua relação com o padrasto não é muito boa. Sempre sente-se julgado perto do mesmo, como se a todo momento ele estive o comparando com sua meia-irmã em seus pensamentos.

-Bom dia Seb! -Maru o cumprimenta com um sorriso no rosto. Não entendia como ela conseguia estar bem-humorada nas manhãs; era o total oposto.

-Bom dia... -Se sentando na mesma cadeira de sempre, ficou de frente a sua mãe e ao lado da irmã. Pegando um pão, começou a passar geleia de amora-silvestre no mesmo.

-Seb, você vai no Sam hoje? -Sua mãe pergunta, como sempre faz; e ele sempre vai na casa de Sam aos sábados.

-Acho que sim. -Respondeu desinteressado. Comendo seu pão naquele clima estranho que sempre ocorre quando Sebastian e Demetrius estão no mesmo cômodo, tratou de terminar seu café rápido (como sempre). Terminando de comer e indo no banheiro, fez suas necessidades básicas. Depois segue a seu quarto; nada fora do habitual.

Pegando seu celular e se deitando novamente, percebeu que recebeu algumas mensagens; o que não era tão comum de acontecer, já que não falava muito com ninguém na internet. Elas eram algumas de Sam e uma de Abigail. Abriu as de Sam primeiro.

sam🤙: Oi Seb

sam🤙: Mano não vai dar de vc vir aqui hj

sam🤙: Convidei a Penny e ela aceitou acredita

sam🤙: To muito nervoso AAAAAAAAAA

Lendo as mensagens, quase não entendeu como ficou surpreso. Claro que era sobre Penny, sempre era.

seb🤘: eita, boa sorte

Se sentindo estranho com as mensagens de Sam, tentou ver o que Abigail tinha mandado para se distrair. Um vídeo de gatinhos. Fofo. Mandando apenas um "<3" como resposta, o moreno coloca seu celular embaixo do travesseiro e volta a pensar como mais cedo.

Não entendia porque, tão de repente, sentia uma raiva crescendo dentro de si. Não fazia sentido, Sam só ia se encontrar com a garota que gosta, tudo certo. Não podia tê-lo para sempre, certo? Deviam crescer. Mas apesar de tentar ser lógico, seus sentimentos não mudavam. Pegando o celular e abrindo um aplicativo qualquer, ficou um bom tempo tentando se distrair com vídeos aleatórios, mesmo que não estivesse realmente funcionando.

-Seb, cê não vai no Sam? -Após ouvir a porta se abrindo, vê a mãe aparecendo no quarto com uma expressão confusa.

-Ah, hoje não. Não to a fim. -Mentiu, pois não queria que sua mãe se preocupasse com seja lá o que estivesse sentindo com Sam saindo com uma garota no seu lugar. Ela interpretaria como se Sam estivesse o trocando, tinha certeza.

-Ah, tá... Se precisar chama... -Depois de fazer um joinha com a mão, viu a mãe se afastando e fechando a porta.

No fim, acabou passando o dia todo no quarto, apenas em seu computador. Achou que seu sábado acabaria assim; um dia chato em que não fez nada de especial. Porém, as 22:38, seu celular começa a vibrar muito. Estranhando, o pega, e percebe que isso vinha das várias mensagens que Sam estava lhe mandando.

sam🤙: Seb

sam🤙: Seb

sam🤙: Seb pelo amor de Ioba

sam🤙: Cara

sam🤙: Não sei como

Lendo as mensagens meio tenso, esperava o loiro terminar de mandá-las. Pelo visto, dessa vez, não o deixou esperando para ler e responder suas mensagens - que milagre!

sam🤙: Eu juro que não sei como

sam🤙: Mas eu tava mostrando minha guitarra né

sam🤙: De boa

sam🤙: Ai do nada

sam🤙: DO NADA

sam🤙: Ela pergunta se pode me beijar

Sentindo uma leve facada no coração e a ignorando, Sebastian espera ansiosamente as novas mensagens do loiro.

sam🤙: Virei um pimentão cara, juro

sam🤙: Mas disse sim

O sentimento desagradável crescia em si, quase como se lhe desse fisgadas a cada frase que Sam mandava.

sam🤙: Beijei.

sam🤙: Foi bom

sam🤙: Tá dando certo AAAAAAAAAAA

seb🤘: po mano, que legal

seb🤘: fico feliz por ti

Não conseguiu segurar o choro enquanto mandava as mensagens. Talvez estivesse sendo dramático, mas o sentimento ruim que sentia estava muito forte. O fazia sentir um nó na garganta, e ele não entendia o porquê - ou melhor, negava o motivo. Por estar tarde, apenas chorou até dormir. Não queria ser visto daquele jeito por ninguém, e o único jeito de escapar do que sentia, naquele momento, era dormindo. Acordaria melhor de manhã... certo?



Não me deixe ir | Sambastian ficWhere stories live. Discover now