Sete: Quebrando barreiras

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Eles tentaram continuar bebendo como se nada tivesse acontecido, mas era um elefante grande demais para se ignorar. As mordidas no pescoço do Brasil? Eles podiam fingir que não estavam lá. O ciúme extremamente óbvio do Argentina? Ele podiam fingir não notar. Mas os dois terem ficado fazendo sabe-se lá o que no quarto por quase quinze minutos, enquanto eles estavam na sala? Isso era muito, muito difícil de deixar passar.

Portanto, antes que alguém fizesse um comentário que arruinasse toda a frágil nova relação entre eles, os fazendo voltar ao limbo de antes, Colombia, que conseguia ser a voz da razão mesmo bêbada, se levantou.

— Certo, cambada, é hora de dar tchau.

A reclamação foi instantânea, todos achando que ainda era muito cedo para partir (e que ainda havia muito álcool para se beber). Mas, no fundo, a maioria deles também queria dar um espaço para os dois, algumas coisas não podiam se resolver com eles ali, portanto, por fim eles se despediram a contragosto.

Argentina deu um tchau geral para todos, e foi direto pro quarto. Nem considerando o que os outros iam pensar disso, sua cabeça estava doendo, e ele precisava deitar naquele segundo ou cometeria um crime de ódio.

Brasil, por outro lado, julgou muito a má atuação dele (como bom hipócrita que é), e se despediu dos outros com o rosto vermelho e tentando agir naturalmente (o que obviamente fez ele agir o mais não-naturalmente possível). Em seguida ele abriu a porta do quarto violentamente, pronto para agredir verbalmente o loiro por não saber disfarçar.

Mas ele estava dormindo, abraçando o travesseiro do moreno, com o rosto contra a maciez, ressonando levemente, com uma expressão serena no rosto bonito.

Brasil sentiu uma agitação estranha no peito, e ficou com vontade de enforcar o outro, para ver se a sensação esquisita de carinho deixava ele. Ele queria acordar o loiro e puxar uma briga, xingar e talvez até bater nele. Qualquer coisa que fizesse ele se sentir menos... afetuoso.

Mas o que ele fez foi se aproximar, subir lentamente na cama e afastar a franja dos olhos fechados do loiro com um toque delicado. Delicado demais.

— Ah, que droga, Argentina, você roubou meu... travesseiro, seu loiro maldito... Como que eu vou dormir sem ele...? — dito isso, Brasil se jogou de costas na cama, passando a mão pelo rosto, exasperado.

Apesar de ter reclamado, ele não tentou pegar o travesseiro de volta, ele simplesmente aceitou a derrota, e dormiu sem. Não parecia certo acordar alguém tão angelical.

***

Acordar, dessa vez, foi, sim, tenebroso. Argentina sentia uma dor de cabeça descomunal, e decidiu naquele momento que aquela seria a última vez que ele ia beber (uma mentira clássica de pessoas com ressaca).

Ele instantaneamente notou que seu rosto estava repousado contra um tecido macio e cheiroso. O mesmo cheiro do cabelo do Brasil. Ele abriu os olhos, e aos poucos assimilou como ele se encontrava. Seu corpo abraçava um travesseiro, e o moreno estava deitado sobre o braço dele, encolhido na cama, perto, mas um pouco abaixo.

Não devia estar nem um pouco confortável para ele, ainda assim, ele estava sorrindo como se estivesse sonhando algo muito bom.

Argentina pretendia deixar ele dormindo, mas seu braço estava preso pelo corpo do moreno, então ele suspirou, e tentou se soltar. Brasil instantaneamente abriu os olhos, eles se encararam, de pertinho, por dois segundos, até Argentina desviar os olhos, nervoso.

— Meu braço está preso, solta.

Brasil saiu de cima do braço dormente dele, mas instantaneamente segurou pelo pulso, antes de Argentina se afastar. E, para o terror absoluto do loiro, ele começou a se aproximar. Fazendo um biquinho.

Mi casa, su casa (BraArg)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora