Um: Se vocês se odeiam tanto...

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— Vem cá, se vocês se odeiam tanto, porque você está indo com ele de volta pro Brasil, Argentina? — Colômbia perguntou, com um sorriso de quem sabe mais do que deveria. 

— Vôlei... ele disse que vai me ensinar a jogar vôlei. — Argentina respondeu, tossindo levemente, o rosto inteiro ficando meio vermelho, por que sempre parecia que ela estava o acusando de alguma coisa quando o assunto era o maldito do Brasil?

— Hm... entendi, não sabia que você tinha esse interesse todo em... vôlei. Vôlei, claro. — Novamente, o tom não combinava em nada com o sorriso doce dela. 

— Vê se me erra, Colômbia.

— Tudo bem, tudo bem, não tá mais aqui quem falou. — Ela riu, erguendo as mãos. 

***

A verdade é que Argentina não tinha a menor ideia do porque ele disse sim, ou porque o Brasil sequer perguntou. Mas ali estava ele, dois dias depois, desembarcando no país do futebol. Ele devia se sentir em casa, já que o futebol era como uma casa pra ele? Não parecia certo. A mera presença do Brasil sempre fez ele ficar nervoso de um jeito estranho, mas estar no país dele, cercado assim por coisas que parecem tanto ele, esse era um sentimento surreal. E horrível. Tremendamente horrível. 

Mas enquanto Brasil andava, alguns passos à frente dele, como se fosse dono de todo pedaço de terra que eles podiam ver, Argentina decidiu que era melhor não se preocupar com detalhes. É claro que ele tinha motivos para estar ali, ele superou o Brasil no futebol, isso era bom, mas no vôlei ainda era outra história, o país verde e amarelo ainda era muito superior a ele. E isso era irritante. 

Argentina não queria que Brasil fosse melhor que ele em absolutamente nada. Nada. E ele faria de tudo pra provar que era superior. Ele gostaria de ser mais relaxado, como o outro, mas a competitividade dele era tão intensa que às vezes ele nem conseguia conter seus impulsos. 

Ele era naturalmente reativo. Essa era a verdade, por isso mesmo ele apressou alguns passos, finalmente alcançando o outro, e falou, com um sorriso cínico irritante no rosto: 

— Ei, hermano — com o maior nível de sarcasmo já empregado em uma palavra. Brasil olhou pra ele, com aquela expressão de desgosto com que Argentina não conseguia se acostumar de jeito nenhum. Brasil apenas ergueu o queixo levemente, inquirindo o que o outro pretendia dizer. — Você não tem medo de eu te superar em mais um esporte não? 

— Quem disse que você me superou no futebol? Ainda te faltam duas taças, hermano. E não. Isso jamais vai acontecer, idiota, eu sou muito bom no vôlei.

— E quem te garante, boludo? 

— Eu me garanto em qualquer coisa — Brasil disse, revirando os olhos. Argentina sentiu seus olhos arregalarem. Droga, maldita mente pervertida. — Você deu sorte dessa vez, mas na próxima, eu te arregaço. 

Brasil não fazia ideia dos pensamentos do Argentina. Claro que não, não tinha como ele saber, ainda assim, Argentina virou pro outro lado, ciente de que seu rosto provavelmente estava meio vermelho. Que pensamentos ridículos eram aqueles? Era tudo culpa daquele boludo maldito, por que ele tinha que ficar usando essas palavras com duplo sentido?

— Tá, tanto faz. Mas eu ainda não entendi por que você me chamou. Achei que odiasse meu traseiro — ele falou, após alguns segundos, finalmente se controlando e mandando um de seus sorrisos malandros, sua marca registrada, pro Brasil.

— E odeio. O que não significa que não seja interessante. — Argentina parou de andar instantaneamente. Ele acabou de chamar o traseiro dele de interessante?! Isso era demais. — Quê? — Brasil parou também, e por um segundo franziu o cenho, tentando entender o que ele tinha dito de errado, Argentina viu o momento que ele compreendeu, seus olhos se arregalando. —VOCÊ, você é interessante, não o seu traseiro! Para de entender tudo errado, loiro maldito. 

Mi casa, su casa (BraArg)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora