Capítulo 19 - Cartão Postal

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Simon ficou olhando para ela por uns bons segundos, sem expressão. Então um sorrisinho começou a cruzar seu rosto, até que ele estivesse rindo abertamente, uma das mãos apoiadas na testa, o cotovelo na mesa.

Marceline se permitiu rir um pouquinho também, olhando para a janela. Se inclinou em direção à ela, observando o movimento na rua.

- Então... vocês voltaram?

- Não sei. Acho que não, Simon. Ainda não.

Ele arqueou uma sobrancelha para ela em descrença, e ela revirou os olhos, divertida.

- Eu preciso fazer uma coisa primeiro, Petrikov. Não acho que posso simplesmente fazer uma declaração improvisada no meu quarto e fingir que já está tudo bem. Acho... acho que, pelo menos uma vez na vida, eu preciso assumir as merdas que faço.

- E qual é o grande plano, então?

Marceline olhou para Simon e depois desviou o olhar de volta para a rua, mordendo o lábio. Respirou fundo, tirou a caixinha de seus Air Pods do bolso da jaqueta e deslizou pela mesa em direção a ele.

- Já temos o single de abertura para a era Black & Pink Midnights, Simon.

Ele estreitou as sobrancelhas para ela, colocando os fones. Marceline deixou um sorriso quase envergonhado se abrir antes de dar play em algo em seu celular.

O homem ficou em silêncio, apenas ouvindo aquela que tinha sido a última música terminada por Marceline antes de dar o álbum como finalizado. Um sorriso sincero foi se abrindo no rosto dele, enquanto mantinha os olhos na rua, se concentrando nos detalhes do que estava ouvindo.

Quando terminou, ele tirou os fones lentamente e os colocou sobre a mesa. Ficou com o olhar fixo em um ponto qualquer por alguns momentos antes de voltar o olhar para ela, e aí deixou uma risada escapar.

- Marceline Abadeer - disse ele, se curvando sobre a mesa em direção a ela, - a gravadora passou os últimos meses arrancando os cabelos para dar um jeito de você não cair no nicho alternativo, tentando bolar alguma estratégia extraordinária pra que sua carta aberta para você mesma ainda fosse, de alguma forma, mainstream.

Marceline apenas franziu as sobrancelhas em confusão.

- Eles inventaram uma biografia e te arrumaram uma autora pra tentar convencer todo mundo que valeria a pena ouvir seu álbum introspectivo e conceitual. E, sem querer, fizeram você escrever a porra do hit que eles queriam. Eu vivi pra ver você, por livre e espontânea vontade, fazer o que a gravadora mandou você fazer, Abadeer.

A risada alta dela reverberou lanchonete adentro, fazendo um e outro olhar incomodado se virar na direção deles por um instante.

Simon deixou que a risada dela (e a sua própria) cessasse antes de voltar a falar.

- Agora é oficialmente sobre ela. Do jeito que você vem jurando há uns seis anos que nunca seria.

- Os outros não eram, mesmo. Mas esse sempre foi, Simon. A diferença é que eu cansei de fingir que não é.


•~•~♪~•~•

- Vou sentir sua falta - murmurou Íris, com um biquinho, enquanto ajudava Bonnibel a retirar suas malas de dentro do carro.

- É só durante os feriados, garota. Volto depois do ano novo.

- Você sempre passa a virada com a gente - disse Finn, entregando o bloqueador de ruídos que ela já ia esquecendo no carro, com um tom de voz acusador.

- Mas esse ano eu tenho planos, Finn. Não são vocês que vivem dizendo que eu devia parar um pouco de trabalhar e fazer algo divertido, que não seja com vocês ou com meus pais? Então, pronto.

Depois da Meia-Noite (Bubbline AU)Where stories live. Discover now