Capítulo 19 - Cartão Postal

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- Você anda toda alegre e sorridente esses dias, Marcy.

- Por que sinto que você está dizendo isso como se fosse algo ruim?

- Porque você passou os últimos sete anos pintando a caveira dessa mulher pra mim, ao ponto de ficar com raiva se eu desse razão para alguma coisa que você contava que ela fez, para agora estar indo viajar com ela depois do trabalho de vocês já ter terminado. Me desculpe se me preocupo com você se aproximando de uma mulher que você mesma fez questão de me convencer que é uma megera.

Marceline ficou em silêncio, olhando para atrás dele, pela grande janela de seu escritório.

- Podemos concordar que eu seja algum tipo de narradora não-confiável, eu acho. Se uma terceira pessoa assistindo a situação de fora de contasse a mesma história, você provavelmente acharia que eu sou a megera.

Simon respirou fundo e em seguida olhou para ela, nos olhos.

- Então não preciso me preocupar com você indo passar o Natal com ela?

- Devia se preocupar com os Natais que eu passei aqui enchendo meu rabo de droga, Simon - retrucou ela, com um olhar atravessado. - Vou pra Ohio me encontrar gente com normal, ficar perto da lareira e comer pra caralho. É bem melhor do que qualquer coisa que fiz desde que fui viral pela primeira vez.

Marceline respirou fundo e jogou o corpo contra a cadeira, encarando o teto. Simon a observou por alguns momentos, com um olhar magoado.

- Sempre me preocupei - disse ele, virando a cadeira de costas para ela, obervando Los Angeles abaixo deles. - Mas só se pode ajudar quem quer ser ajudado. E você nunca quis, Marceline. Então não insinue que eu não tenha tentado.

Simon sempre sabia como dar um soco no estômago dela sem sequer levantar uma mão.

Marceline se encolheu na cadeira, deixando a vergonha esmagá-la por um momento.

- Eu sei. Desculpa. Só... estou dizendo que vai ficar tudo bem. Sei que eu não sou a pessoa mais apta a ser confiada com as próprias decisões, mas dessa vez eu vou pedir esse voto de confiança. Vou ficar bem.

Simon virou a cadeira novamente, olhando para ela com carinho dessa vez.

- Sabe que eu vou ficar muito mal se você se machucar nessa, não sabe? Só preciso que você fique bem.

- Eu estou tentando. Juro que estou tentando.

Simon deu um sorriso para ela, abaixando a cabeça por alguns segundos antes de se levantar.

- Vem, vamos tomar um café da manhã descente.

Os dois desceram para a avenida, andando lado a lado até a lanchonete mais próxima que servisse café da manhã. Simon olhava para Marceline pelo canto dos olhos, o sorriso espalhado por seu rosto enquanto ela o deixava virado para o sol, as mãos cruzadas atrás da cabeça.

E ele sabia que tinha alguma coisa que ela não estava contando.

Quando já estavam dentro da lanchonete, sentados e servidos de uma boa pilha de panquecas, ele não pode mais manter a boca fechada.

- Tá legal, pode ir me contando o que aconteceu, Marceline. Não que eu esteja achando ruim, mas tem muito tempo que não te vejo alegrinha assim. Nem sei se já te vi assim. Que merda aconteceu!?

Marceline deixou um sorriso envergonhado se abrir em seu rosto, o abaixando. Depois, se curvando um pouco sobre a mesa, ela o transformou em um sorrisinho de canto e soltou:

- Eu posso, ou não, ter meio que começado a cantar Strawberry Blond pra ela depois de tomar um belo de um cacete. E ela pode, ou não, ter soltado que me ama depois disso.

Depois da Meia-Noite (Bubbline AU)Where stories live. Discover now