Capítulo 2 - Afeto

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Já se passou uma semana desde que Jess começou seu serviço comunitário.
Ela estava começando a se acostumar com o ritmo e, para sua surpresa, Adam deixou de vijiá-la no seu terceiro dia.

Tudo estava indo dentro dos conformes.
Ela acordava, ia para a aula, almoçava e então ia para a ONG.

Os pacientes eram muito mais tranquilos do que ela imaginava e, em geral, não causavam confusão alguma.
Rafaela e Isabela era muito boas em lidar com eles, assim como as outras funcionárias.

Assim que entrou, Isabela foi falar com ela

"Jessica, querida, chegou na hora certa. Um dos nossos pacientes acabou tendo um surto e a Rafaela está cuidando dele.
Você pode dar o remédio do Adam, por favor?"

"Quem teve um surto?" - Jenn perguntou preocupada.

"O Howard. Ele vem acumulando estresse a um tempo ao ponto de qualquer coisa poderia fazê-lo explodir. Ele queria um cookie mas não temos e foi a gota a água pra ele"

"Por um cookie? Que coisa mais ridícula" - Ela riu

"Jessica!" - Isabela já não parecia tão simpática agora - "Muitos pacientes se encontram em estados mentais absurdamente sensíveis. Não foi por um cookie. Foi por uma serie de questões e o cookie foi apenas a gota da água. O oficial Marcos me avisou sobre seu comportamento, mas esperava que, ao menos por essas pessoas que sofrem com essas condições, você teria alguma empatia."

Jessica estava envergonhada depois do esporro que tomou. Normalmente ela retrucaria, mas Isabela era bem assustadora quando irritada.

"Agora vai fazer suas tarefas. Lembre-se, senhorita, que eu sou responsável por reportar seu comportamento ao Marcos, e eu não vou tolerar nenhum desrespeito com os meus pacientes!"

"S-sim senhora" - Jess respondeu e foi atrás de Adam.

Se o garoto não estava no cantinho de sempre, então estava em seu quarto.
Assim que chegou, ela bateu na porta a anunciou que estava entrando.

"Oi, Adam. Tudo bem?" - Ela perguntou tentando ser o mais gentil o possível. - "Tá na hora do seu remédio"

Quando ela notou, o garoto estava sentado em sua cama, abraçado ao seu ursinho de pelúcia, com lágrimas escorrendo de seus olhos.
Ela sentiu um aperto forte no peito e uma necessidade de confortar ele que, nem mesmo ela, entendia de onde vinha.

"Adam? O que aconteceu?" - Ela perguntou se aproximando lentamente.

O garoto se afastou mais até encostar na parede atrás dele e começou a tremer.

"Ei, calma, eu não vou te fazer mal, tá? Eu prometo" - Ela afirmou gentilmente, mas ele não parou de tremer.

Ela então pegou o remédio dele e um copo de água.

"Você pode tomar seu remédio, por favor?"

O garoto simplesmente escondeu o rosto, o que deixou Jess um pouco irritada.

"Vamos, é importante pra você. São vitaminas que você precisa já que come tão pouco"

Nada de resposta. Agir de forma gentil não era o forte dela e ela estava definitivamente ficando irritada.

Ela já queria desistir. O garoto era, de longe, o paciente mais fechado da ONG.
Como ela poderia fazer ele tomar o remédio sem usar a força?

Foi então que uma ideia clicou em sua mente.

"Olha só, vamos fazer um acordo" - Ela disse enquanto procurava algo em sua mochila - "Eu tenho um chocolate aqui. Se você tomar seu remédio, eu deixo você comer"

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