Viver em uma Inglaterra ditatorial não é algo exatamente fácil, injustiça, autoritarismo e violência são partes da rotina de Louis Tomlinson, um adolescente surdo em seu último ano de escola.
Ele odeia militares, mas infelizmente vive no mesmo loca...
"Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo, eu acordei com medo e procurei no escuro alguém com seu carinho e lembrei de um tempo. [...] Hoje eu acordei com medo, mas não chorei, nem reclamei abrigo. Do escuro eu via um infinito sem presente, passado ou futuro. Senti um abraço forte, já não era medo, era uma coisa sua que ficou em mim, que não tem fim. De repente, a gente vê que perdeu ou está perdendo alguma coisa morna e ingênua, que vai ficando no caminho"
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Eu amo política. Mesmo que ela me deixe deprimido.
Acho que esse é um fardo que qualquer um que ama essa tal ciência tão odiada por muitos, usada muitas vezes de forma maldosa, tem que carregar. Além disso, tem que engolir a dura verdade que os sistemas políticos sempre serão mais bonitos nos livros, do que na realidade.
Algo que demorei muito para compreender, que meu antigo espírito certinho e idealizador demorou para engolir, é que ditaduras sempre serão inerentes a qualquer sistema político, inclusive um que vislumbro viver desde que nasci: a democracia. Na mais antiga dentre as famosas, ela só valia para homens livres, enquanto alguns desfrutavam dos ares democráticos, do outro lado da moeda parte da população ainda vivia uma ditadura: mulheres, escravos e estrangeiros não tinham a mínima participação política, suas liberdades eram extremamente restritas.
Nas democracias modernas espalhadas pelo mundo, algumas próximas à Inglaterra, que gozam de um regime democrático duradouro, certos povos nunca desfrutaram da liberdade e representatividade, supostamente, oferecidas por tal poder: trabalhadores, favelados, membros da comunidade LGBTQIA+ e negros sentem na pele todos os dias o mesmo que sinto vivendo em uma ditadura militar. Os mecanismos de repressão do Estado estão sempre voltados para eles, desde a cavalaria atacando as greves de profissionais, até a extrema violência por parte das forças policiais direcionada a negros.
Por muito tempo refleti sobre isso, sendo uma verdade dura de aceitar, já que para alguém como eu, que sempre detestou tal regime, foi difícil admitir que ele sempre estará presente em todos sistemas políticos, alterando apenas seus moldes e a quem é aplicado.
- Vocês gritam tanto abaixo ditadura, vandalizam patrimônios históricos, esperneam pedindo o fim dela... mas pelo que falou agora mesmo, o plano dos comunistas é instaurar outra ditadura - o homem sentado na mesa de bar aponta, balançando seu copo de cerveja na mão, alguns vestígios de espuma brilham em seu bigode cheio e escuro.
Eu suspiro, cruzo minhas pernas e encaro por um instante a rua cheia às seis da tarde do verão inglês, com pessoas caminhando distraídas pela rua mal asfaltada do subúrbio londrino.
- Todo regime tem dois lados, Connie, tente encarar como dois lados de uma mesma moeda - eu digo a ele, bebericando meu copo de cerveja. - Agora, vivemos um regime militar, com militares no poder. Mas só é uma ditadura efetiva para nós, pobres. Mesmo que não esteja no poder, mesmo que não haja voto efetivo para eleger eles, há grupos beneficiados pelo regime, a burguesia tem vivido tempos de ouro, eles não são prejudicados, não levam surras na rua, não têm o que reclamar... e quando têm, dialogam direto com os militares e eles resolvem, há uma linha direta de comunicação entre eles sem repreensão. E os militares, mesmo que vendam uma imagem de imbatíveis, sabem que o regime é controlado pela burguesia, o dia que eles decidirem que o sistema não é mais benéfico para eles, o dia que cansarem, eles derrubam os militares em um estalar de dedos, por isso estão sempre sendo agradados pelo presidente, entende? Resumindo a história, a ditadura é apenas para nós, proletariados, a burguesia desfruta da mesma liberdade que desfrutaria em uma democracia ou qualquer outro sistema político, porque são a classe dominante.
