26_ Talvez...

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Babi narrando

— eu não tenho nada branco aqui comigo agora mas eu me rendo. - sai da bicicleta cambaleando e quase cai de cara na terra. 

— Que isso Babs, só pedalamos por alguns minutos e você já está cansada? - Arthur ri e quase não consigo ver o seu rosto de tão escuro que está. 

Sim, o sol ainda nem apareceu e já estou fora da minha cama confortável. 

— Alguns minutos? Que engraçado porque pra mim parece que foram horas! - digo respirando bem fundo para não surtar ali mesmo. 

Odeio que me acordem cedo, eu não consigo me simpatizar com o galo porque ele dá o ar da graça às 05h00 da manhã. 

Ontem eu fui dormir bem tarde porque eles decidiram maratonar uma série e eu sem escolha alguma porque eu quando ousei a dizer que ia dormir à Carol não me deixou quieta. A luz do meu quarto está queimada porque a mocoronga ficou ligando e desligando, o besta do namorado dela ficou balançando a porcaria da cobertura que me cobria e isso resultou em rinite. O Victor apenas ficou olhando de longe… idiota não tentou em nenhum momento em pedir para eles pararem. 

Aí quando eu fui me deitar para dormir o galo começou o show dele. Quero dizer, eu não dormi, eu apenas tirei um cochilo. De quantas horas? Não foram horas, foram minutos! 45 minutos para ser exata. 

Eu estou morta, não estou conseguindo nem ficar em pé direito quem dirá pedalar. 

— Como vocês não estão com sono? - perguntei empurrando a bicicleta, nem fodendo que eu subiria ali. 

Carol com pena de mim desceu da bicicleta e começou a andar do meu lado. 

— Estamos acostumados. - ela disse. 

MAS EU NÃO ESTOU! será que se eu explicasse isso os três me entenderiam? É óbvio que não. 

— meninas, será que vocês podem andar mais rápido? Ou melhor, podem montar na bicicleta de vocês. Porque se não virmos uma coisa o idiota aqui do meu lado vai ficar com o mal humor até o final do dia. E quem vai ter que aturar esse mal humor vai ser eu! - Arthur disse um pouquinho estressado. 

Talvez ele esteja estressado mesmo, quem não estaria né?

— Para onde estamos indo?  - perguntei tomando muito, mais muita coragem para subir na bicicleta. - vai ter que um lugar bem legal mesmo porque se não for eu vou fazer o auê.  

— relaxa esquentadinha, você vai gostar do lugar. - o bocó abriu a boca pela primeira vez naquela manhã. 

— calma aí… aquela pressa toda…meu Deus, agora eu entendi tudo. Faz todo sentido agora! - Carolina disse rindo com a mão na boca. - e muito ga…

— Faz sentido só pra você né? Porque pra mim nunca vai fazer sentido eu estar no meio do nada às 05:36 da manhã. 

— Babizinha, tu é muito lerdinha mesmo, né? garota tu não percebeu que… 

— Amor, olha aquela árvore ali, ela não é linda? - Arthur interrompe a sua namorada apontando para uma árvore qualquer. 

Ambos trocam um olhar que claramente estão conversando por telepatia. 

— quanto mais vocês falam, mais lento vocês são! - Victor fala, não ele não, ele grita. 

— será que o dondoco pode parar de gritar porque aqui ninguém é surdo não. - digo tentando controlar a minha respiração. 

Eu realmente preciso praticar mais esporte, foi uma péssima ideia ter apostado com a Bianca no dia anterior quem iria ser a última a acordar quando a mesma voltou para a cidade à tarde. 

Bosta, agora tô devendo 50 reais pra ela. 

— Se vocês fossem mais rápidos eu não abriria minha boca para falar um A, mas vocês estão perdendo para as formigas de tão devagar que vocês estão. 

E muita ousadia da parte dele. 

— eu não estou indo devagar. - Arthur se defendeu. - Eu só estou acompanhando a minha namorada. 

— e eu estou acompanhando a minha amiga. - disse ela e eu ergui a minha sobrancelha para ela. 

— como que é? - ela apenas deu ombros. Eu virei para frente onde o dondoco estava. - se está com tanta pressa, vá na frente.

— Tô afim não. - ele respondeu. 

O resto do caminho foi no silêncio. Minhas penas estavam gritando de dor, dor e psicológico, né? Então se eu pensar " não está doendo " será que automaticamente vai parar de doer? 

Meu bom Jesus, que sentido tem essa lógica? 

É sono. 

— chegamos! - Dondoco disse parando em cima de um lugar bem alto. Um lugar bem alto que se eu me jogasse daqui de cima eu morreria. 

Nós quatro saímos em cima da bicicleta e sentamos na grama. Carol do meu lado e o Victor do outro e o namorado da loira sentou do lado dela. 

Não demorou nem cinco minutos para o sol começar a aparecer.

Meu Deus… será que isso é o que estou imaginando… eu estou assistindo ao nascer do sol? 

Todo o cansaço, sono e raiva que estava sentindo desapareceram. Senhor, porque eu nunca parei para ver isso antes? Ou será que já parei quando era criança e eu não me lembro? 

Não importa, eu realmente não quero me importar nada nesse momento. Não quero me importar com a minha mãe, nem ficar preocupado com o meu pai, eu só quero esvaziar a minha mente por trinta minutos e aproveitar esse momento. 

Respirei bem fundo e soltei. Era bom sentir cheiro de flores. 

— Gostou da surpresa? - Victor pergunta e eu apenas balancei a cabeça. - espero que os dias que você ficar aqui, você consiga terminar de realizar todas aquelas coisas da sua lista. 

— lista? Que lista? 

— você não se lembra? - Se eu estou perguntando! Mas não falei, apenas balancei a cabeça negativamente. - depois eu te falo, aproveite a vista antes que eu pense na possibilidade de nós estar aqui novamente amanhã. 

— isso tudo é para poder passar mais tempo comigo? 

— talvez… - ele respondeu tão baixo que quase não consegui ouvir. 

Eu posso ter uma memória muito ruim, mas eu tenho um ouvido muito bom. 

Continua…


𝗠𝗬 𝗩𝗔𝗖𝗔𝗧𝗜𝗢𝗡 𝗢𝗡 𝗧𝗛𝗘 𝗙𝗔𝗥𝗠 | babictorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora