Capítulo 29: A Invasão de Roma

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– Não sei. – Respondi. – Týr?

– Não tenho a menor ideia.

Ouvimos um som que pareceu de trovão. Olhamos para o muro visível de toda a cidade, que estava com uma rachadura imensa que ia até mais da metade e onde diversos pedaços estavam faltando. O som era do muro se partindo.

Então essa era a função dos terremotos, abrir os muros. Eles estavam tentando entrar.

– Os Filhos se organizaram. – Týr afirmou – Devem ter formado exército e estão invadindo.

– Mas por que aqui?

Os terremotos pararam e, ao mesmo tempo, minha resposta veio do lado de fora do muro.

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A alma-uma-vez-chamada-Caleb, que agora estava possuída pelo Filho do Abismo conhecido por Vizard, era um Kayryak responsável por destruir o muro sudeste de Roma. Um Kayryak é um Filho do Abismo com a habilidade especial de manipular o elemento terra. Durante a Primeira Grande Guerra Celestial, que para ele fora apenas há alguns dias, mas que para os anjos foi há muitos milênios, a palavra "terra" ainda não existia, mas ele já era capaz de manipular o chão no qual eles e os anjos pisavam. Eles, os Filhos do Abismo, não possuíam essa forma que possuem agora, semelhantes a homens, cada um tinha uma forma distinta. Naquela época apenas os Filhos da Morte, Shi, Tod e Kifo, tinham a forma parecida com a atual.

Estas mesmas memórias foram as que ajudaram Vizard a controlar sua nova forma, fora uma medida arriscada, pois libertar as memórias da alma significava libertar parte da alma, ou seja, uma brecha para que o hospedeiro possa recuperar o controle. Era como tirar algemas de um prisioneiro para interrogá-lo. Tomar esse caminho foi necessário para a maioria dos Filhos, pois sabiam que imediatamente após serem libertos seriam obrigados a lutar para sobreviver.

Pelo menos foi o que o libertador dissera.

Milênios antes, Vizard, na sua forma original, que seria definido por Caleb como um leão-humanoide que andava sobre duas patas, ou homem-leão, lutava bravamente com dois anjos durante a Primeira Guerra. Ele evitava defender-se diretamente dos ataques, pois sabia que se o Fogo Celestial o tocasse ele seria selado, então apenas esquivava-se ou usava a terra esperando uma brecha para ferir os oponentes. Porém seus esforços foram em vão e ele foi atingido pelo Fogo.

Nos poucos segundos que faltavam para ser selado, ele disse:

– Como tu és chamado, anjo? – Sua voz, definida nas palavras do hospedeiro Caleb, era como um rugido.

– Chamo-me Lael, das Legiões de Valentine.

– Um dia, Lael das Legiões de Valentine, quando o tempo for certo e nós, os Filhos do Abismo, tivermos nossa vingança, eu lhe encontrarei e o matarei com minhas mãos.

E ele se desfez numa bola de fogo e subiu ao céu.

No segundo seguinte a voz dele, o libertador, soou no fundo de sua mente, e na mente de todos os Filhos.

O libertador identificou-se como Sephiroth, Aquele Que Não É Anjo Nem Demônio Nem Filho Nem Deus Nem Elfo Nem Anão Nem Ent Nem Gênio Nem Fada Nem Homem; Aquele Que Está Entre o Bem e o Mal. Mas para os Filhos do Abismo ele era apenas Sephiroth, o Libertador.

Sephiroth, o Libertador, explicou os anos passados no Paraíso, que apenas Kifo estava selado com eles e fora liberto e, consequentemente, não estavam sob suas ordens. Contou tudo sobre as almas e que eles iriam possuí-las, assim teriam mais poder, mas que para usá-las teriam que deixar parte das memórias livres, pois assim que as possuíssem seriam obrigados a lutar e sobreviver, e para isso deveriam saber controlar suas formas.

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