INSTINTO ^^

Prêmio ou castigo ^^

— Nada não ... Mordi a língua só isso — respondi.

Ela acreditou e olhou para frente de novo, eu retirei a mão da boca e toquei meu dente com a ponta do meu dedo, inacreditável aquilo era uma lâmina muito afiada.

Tentei manter minha língua enrolada dentro da boca, para não acontecer outra vez.

Terminando a aula, todo mundo saindo da sala, contentes pois a formatura estava perto. Eu apenas me levantei, peguei meu caderno e livros e sai, de cabeça baixa. Um professor me vê desanimada no corredor e diz. 

— Ei! Se anima moça. Está prestes a ser uma médica. 

— Pois é — respondo tímida. 

— Está tudo bem com você? — pergunta ele. 

— Uhum ... Estou ótima — respondi. 

— Tá bom então ... Se anima vai — disse ele. 

— Pode deixar professor — respondi. 

Fui até o refeitório, me sentei e fiquei olhando as pessoas dando risada ... Brincando em grupos, mas eu não estava animada pra isso, eu estava me odiando e muito.

Me odiava demais ... Notei que meus dentes voltaram ao normal, foi apenas um momento, nem entendi porque, uma garota sentou ao meu lado e já foi logo segurando minha mão. E ela disse. 

— Nossa! Como você está gelada. Está com frio? E está pálida também. 

 Olhei para ela e disse. 

— Não estou com frio ... Eu sou assim mesmo — respondi. 

— Nossa! Mas você não devia estar assim. Tão gelada ... Isso não é normal — disse ela. 

— E o que seria normal, hein? Ser quente como você? Ser corada, ter olhos azuis? — respondi irritada. 

— Calma! Não precisa falar assim também — disse ela. 

— Me desculpe ... Mas eu não sei o que está acontecendo comigo ... Minha mudança de humor está acabando comigo — respondi. 

— Tudo bem ... Esquece isso — disse ela a mim. 

Ela se levantou e se afastou de mim, talvez seja melhor assim, pois minha personalidade está muito agressiva.

Hora de voltar para aula, me levantei e fui para a minha sala. O professor continuou explicando as coisas, mas eu não prestei atenção em nada, eu só pensava em o que eu vou me tornar

Amanhã ... Depois de amanhã ... Ou muito depois de amanhã ... O professor deu um recado rápido. 

— Atenção! Amanhã vamos fazer mais uma aula prática! E logo depois uma prova. .. Mas será das 15 horas até as 20 horas. 

— Professor! Mas vai ter sol de tarde — disse eu. 

— Claro né Yonus! Vai ser de tarde ... Ao menos que fique nublado ou chova ... Mas o que isso tem haver com aula Yonus? — disse ele. 

— Eu não posso vir à tarde, professor — digo pra ele. 

— Sinto muito ... Mas essa prova vai ser muito importante ... Então eu sugiro que todo mundo aqui esteja presente amanhã sem falta — respondeu ele. 

Fiquei muito pensativa ... Afinal o sol era como fogo pra mim ... Mas eu não podia perder essa prova tão importante ... Eu realmente estava perdida. Não sabia o que fazer, a aula terminou.

Sai, peguei meu ônibus e voltei para casa, fui logo ligar a TV. Coloquei no jornal para ver o tempo amanhã. Minha mãe estranhou e perguntou.

— Filha! Nunca vi você interessada no jornal. O que houve? 

— Nada não mãe. Faz parte de um teste que o professor deu pra gente praticar em casa — respondi. 

Ao ouvir que amanhã estaria nublado o tempo, fiquei aliviada, pois pelo menos assim, a luz do sol ficaria longe de mim.

Disse a minha mãe que amanhã teria que ir de tarde na faculdade, e  ela se ofereceu para me levar até lá. Eu estava tão ansiosa, que mal conseguia dormir direito.

Finalmente chegou o grande dia, eram 14:30 quando minha mãe e eu saímos de casa, ficava olhando para fora do carro, vendo se a luz do sol surgia a algum momento. Demorou um pouco e chegamos até o portão da faculdade ... Desci do carro e me despedi da minha mãe. 

— Obrigado mãe. Agora preciso ir. 

— Calma filha, não tenha pressa — respondeu ela. 

— Mãe é sério ... O sol não pode me tocar — respondi ansiosa. 

— Tudo bem filha. Boa sorte na prova hoje. Tchau — disse ela a mim. 

— Tchau mãe e obrigado por tudo — respondi. 

Minha mãe saiu do local ... Fui entrando na faculdade ... Quando aconteceu outra coisa comigo. 

Na porta da faculdade estava eu parada olhando para o chão, pois meus olhos ardiam ao olhar para o sol, foi quando eu tive uma forte dor de cabeça e parecia que meus olhos iam saltar para fora.

Peguei meu celular e olhei na câmera. Tive uma sensação horripilante ... Meus olhos estavam com a pupila completamente dilatada.

Eu pisquei várias vezes, mas não voltavam ao normal, foi a pior coisa que eu senti. Parecia que eu estava morta.

Isso seria realmente assustador para quem olhasse para mim, uma professora se aproximou de mim e disse. 

— Ei está tudo bem com você? — perguntou ela. 

— Uhum estou ótima — respondi tímida. 

— Porque não entra, ou vai ficar aqui fora, as portas já vão se fechar — disse ela. 

Respirei fundo, dei alguns passos para frente, foi quando o sol tocou meu rosto, e meu corpo sentiu uma pressão de uma tonelada que me prendia os pés ao chão, logo ao olhar para os lados, entrei em pânico, pois meu corpo já não tinha a sua sombra, eu soube que eu era uma outra coisa, e já era tarde demais para reverter esse prêmio ou castigo.