Fiquei paralisada na porta, o professor disse.
— Vamos Yonus! Para começarmos.
Fechei meus olhos, respirei fundo e fui junto com os outros alunos. O professor se posicionou na nossa frente, e disse a nós.
— Muito bem, quero que façam um grupo, meninas de um lado, meninos de outro.
Levantei a mão e perguntei.
— O que iremos fazer?
— Boa pergunta! Vocês vão ter que manipular um coração humano, enquanto eu explico cada detalhe do órgão. Mais alguma pergunta? — disse ele.
— Não professor.... Era só isso — respondi.
As minhas colegas colocavam as suas luvas nas suas mãos e eu apenas tentava pensar em outra coisa. Fiquei olhando para feixes de luz que emitem seus invisíveis pó na luminosidade, mas os meus olhos viam fragmentos flutuantes, como se fosse uma linda apresentação de balé.
Os meninos como sempre eram os mais imbecis dali, abriam as caixas e ficaram de graça com o coração, eu fechei meus olhos, segurei na mesa com força, na minha mente se enganava, entre a decisão e o medo, fazendo com que meus olhos quisessem aquele coração, mas a minha mente emitia como um sonar o seguinte pensamento.
"Não pense em sangue".
"Não pense em sangue".
Uma garota abriu uma das caixas na minha frente, quando eu botei os olhos naquilo, meu coração desacelerou e eu na angústia do desejo dei um tapa na caixa que caiu no chão, a garota ficou sem reação. Eu apenas disse.
— Me desculpe professor, não estou me sentindo bem.
— Tudo bem Yonus, é normal se sentir assim pela primeira vez — disse ele.
Peguei meu material e sai do local, corri pelos corredores do prédio, os meus passos rápidos e sonoros ecoam naquele corredor, como se estivesse estalos em todo o canto da faculdade, tentava fugir daquele desejo insuportável que eu sentia. Ainda longe do laboratório, senti uma sede enorme, uma sede na qual nem mil copos de água saciariam.
Até que entrei numa sala completamente vazia, e me sentei numa carteira perto da janela, e tentei me distrair olhando para a rua. Olhei para o céu e refleti sobre o que eu poderia fazer para acabar com esse pesadelo que mais parecia um prêmio dado de bom grado.
Bati minha mão na mesa e ela se trincou um pouco, levantei e caminhei rápido para o portão da faculdade, um guarda ficou na minha frente e disse.
— Não pode ir embora ainda, esse portão só abre se tiver uma autorização do professor assinada.
— Eu preciso sair daqui! — respondi irritada.
O guarda continuou com um olhar de desprezo enquanto girava as chaves no dedo, eu olhei para ele com ódio, mas ele não sabia quem eu era, segurei o cadeado do portão e quebrou, abri e assim que ele não estava por perto, corri para longe dali.
Estava correndo apenas focada em se afastar dali o mais rápido possível, quando vi um grupo de cinco homens bebendo uma cerveja na calçada, eu sabia que não ia ser legal se eles tentassem fazer algo comigo. Diminuindo meus passos, vou caminhando calmamente, até que assobios e elogios nojentos eram ouvidos, eu já não aguentava mais ser perseguida por homens asquerosos na rua. Continuo meu caminho tranquila, mas por cima dos meus ombros notei a movimentação estranha deles, ao olhar para frente meus olhos viam suas sombras um pouco a frente da minha. Ali soube que eles estão vindo tentar fazer algo forçado comigo, mas os ignorantes e bastardos bêbados, não sabiam que ao invés de sentirem o doce perfume de uma jovem caminhando sozinha na rua, na verdade irão sentir o repulso agoniante de uma fera sedenta por sangue.
YOU ARE READING
INSTINTO ^^
Mystery / ThrillerA jovem Yonus faz faculdade de medicina, e pretende ser uma médica no futuro. ... Mas seus planos são interrompidos quando a jovem conhece o desconhecido, o lado sombrio da bondade e do desejo hipnotizante e sedutor de um anjo ou demônio. .. Ela vai...
Aula prática ^^
Start from the beginning
