— Tem razão mãe, vou dar uma volta por aí — respondi. 

— Essa é minha filha — disse ela, me dando um beijo na bochecha. 

Sai do meu quarto e fui até o banheiro, tomar um banho, liguei o chuveiro, de olhos fechados pois minha visão estava tendo essas anomalias estranhas, depois de uns minutos abri os olhos, tudo normal, estava eu passando sabonete no meu rosto, quando escapou da minha mão, quando eu tive outra experiência extraordinária, eu vi nitidamente o sabonete rodando no ar enquanto partículas de água se soltavam dele.

Era uma coisa linda de se ver,  assim que eu estiquei minha mão, o esperando cair sobre meus dedos, um gato na janela do banheiro me assustou e se espichou todo pra mim, assim o sabonete caiu no chão e eu pisei em cima dele, foi uma tragédia. ... Eu escorreguei e cai no chão dando um grito involuntário,  mas logo após fiquei rindo da minha própria tragédia. 

O gatinho tinha sumido dali. 

Desliguei o chuveiro, me enrolei na toalha e voltei para o meu quarto, tranquei a porta, sentei na minha cama, pensando demais em tudo que eu estava vivendo, me levantei me foi quando eu tive minha primeira experiência de força, abri a gaveta e simplesmente ela voou na parede, me espantei por completa. 

Minha mãe lá embaixo disse. 

— Yonus que barulho foi esse? — pergunta ela. 

— Nada não mãe, eu derrubei uma gaveta — respondi rindo sem parar. 

— Sei, sei — diz ela. 

Vesti uma roupa curta, apenas um shorts e uma regata e sai do meu quarto, disse a minha mãe. 

— Mãe estou indo. 

— Tudo bem filha se cuida direito — respondeu. 

Fui até a garagem e peguei minha bike e saí pedalando pela rua, eu não sei se era adrenalina ou apenas emoção mas eu estava me sentindo ótima, tinha um carro esportivo na minha frente acelerando muito, e eu continuei pedalando. 

Quando eu percebi eu estava quase alcançando o veículo, foi quando um carro que vinha na outra rua me atropelou.

Eu caí na calçada, me machuquei inteira, o motorista fugiu sem prestar socorro, ralei os cotovelos, os joelhos e fiz um corte enorme na minha coxa, fiquei com muita dor, mas logo eu tive a experiência mais extraordinária de todas. 

Meus ferimentos foram se curando, meus cotovelos estavam bons de novo, meus joelhos e o corte na minha coxa, eu pude ver o sangue que escorria na minha perna voltando para dentro e como uma visão de raio X.

Eu vi o ferimento de dentro para fora se fechando, juntando as camadas de pele, até que se fechou por completo, olhei para os lados, tentando ver se alguém estava vendo aquilo, mas por muita sorte ninguém viu somente eu mesma. 

Me levantei como se não tivesse acabado de ser atropelada por um carro, mas como se eu só estivesse ficando em pé, minha bike toda arrebentada, eu dei um chute irritada, ela bateu no muro, eu fui dando pequenos passos para trás pois minha força era desumana. 

Peguei a bike toda torta e levei até em casa, minha mãe viu e disse. 

— Meu Deus! O que houve filha? — pergunta ela. 

— Ah mãe um idiota me atropelou — fico rindo. 

— E você não se machucou? Como? — pergunta. 

— Cai na grama, nada sério mãe — respondi. 

Entrei na garagem, larguei a bike num canto qualquer, voltei para fora e sentei na frente de casa vendo as crianças jogando bola, a bola vem na minha direção, um menino diz. 

— O tia pega a bola — diz ele. 

— Tia? — me pergunto. 

Pego a bola e digo. 

— Quer ver uma coisa incrível? — perguntei. 

— Sim — respondeu. 

Chutei a bola e ela entrou pela janela do vizinho como uma bala de canhão, eu fiquei rindo da situação enquanto os meninos ficaram de boca aberta olhando para mim, um deles diz. 

— Como fez isso? Incrível — perguntou. 

— Ah eu como muito espinafre, e também obedeço minha mãe e faço tudo que ela pede, vocês deveriam fazer isso também rum — respondi. 

— Nossa! Eu vou fazer isso também. Obrigado — respondeu sorridente. 

Enquanto isso eu voltei para dentro, fui para o meu quarto, liguei meu som com uma maravilhosa música, começando a dançar no meu quarto, pulando na minha cama, como uma adolescente que recebeu um elogio do seu crush finalmente. 

Aumentei o volume, fiquei em frente ao espelho, revirei meus cabelos e sorri feito louca, deitei na minha cama, fiquei olhando para o teto e sorrindo com as mãos no rosto, enquanto a música ecoava no meu quarto todo. 

Olhei para o lado e o ponteiro do relógio parou.

INSTINTO ^^Donde viven las historias. Descúbrelo ahora