Dois: Calor insuportável

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Acordar no dia seguinte não foi tão ruim quanto Argentina esperava, considerando quão tarde ele foi dormir, visto que o Brasil só começou a fazer barulho na cozinha depois das onze da manhã.

Argentina abriu os olhos, jogou o lençol que tinha usado para cobrir o rosto da luz para longe, e viu o moreno, de cabelo todo bagunçado, sem camisa, andando pela cozinha com uma frigideira em uma das mãos e uma maçã na boca.

— Ugh, tá fazendo o quê? — Argentina perguntou olhando para as horas no celular.

— Café da manhã — curto e grosso, Brasil claramente não era uma pessoa matinal. Também, preguiçoso do jeito que é, não tinha como ser mesmo.

— Mas já é quase de tarde — Argentina falou, confuso, em tom de pergunta.

— E? Eu acabei de acordar, logo, é manhã ainda — Brasil falou, seguro, e os dois ficaram se encarando em silêncio por alguns segundos.

— Isso não tem a menor lógica — Argentina disse, calmamente. — A hora que você acorda não muda os períodos do dia.

— Não que eu me importe. Vou comer um pão com ovo, tá servido? — Brasil falou, balançando a frigideira.

— Hã... é, pode ser. — Argentina respondeu, sonolento.

— Então faz você, folgado. — Brasil falou, com um grande sorriso, que não combinava nada com a "grosseria" que ele dizia, do ponto de vista do Argentina.

Qual é o problema desse cara? Argentina se perguntou, bocejando.

— Bom anfitrião... sei. — ele rebateu, a voz soando levemente mais manhosa, de um jeito que Brasil nunca tinha ouvido vindo dele, o que fez o moreno responder, sem pensar:

— Mas você é dramático, viu? Tá bom, princesa, deixa que eu faço. — Não que Argentina tenha respondido a isso, os olhos dele estavam abertos, voltados na direção da cozinha, mas ele parecia dormir ainda.

Tomar café da manhã com Argentina, sentados um de frente pro outro na bancada entre a sala e a cozinha, não foi nem de longe tão estranho quanto o Brasil pensou que fosse ser, visto que Argentina realmente parecia ainda estar dormindo. Estranho foi descer em silêncio no elevador, mas assim que os dois pisaram na praia, Brasil imediatamente esqueceu da estranheza, e começou a andar em direção a um espaço aberto na areia.

Argentina odiava admitir, mas ele parecia bem seguro e confiante com os pés na areia e a bola de vôlei embaixo do braço. Brasil jogou os chinelos e a bola no chão, e puxou a mochila de cordão preta para a frente, tirando um frasco branco e roxo.

— Passa protetor aí, branquelo — falou, jogando o frasco para o outro que pegou por reflexo.

— Passa você primeiro! — Argentina jogou de volta, e cruzou os braços, fazendo birra.

— Hm... não, hoje não, nem tá tão sol assim, e eu to querendo pegar um bronze — Brasil falou, tapando os olhos e olhando pro céu azul. Argentina olhou para os braços cor de cobre dele, e se perguntou: mais bronze? Okay. Não que ele fosse contra, pelo contrário, ele achava até meio incrível como o outro era bronzeado e moreno, diferente dele.

Não que ele fosse dizer isso em voz alta algum dia.

— Então também não vou passar — Argentina falou, olhando pro outro lado, com o queixo erguido. Teimoso como sempre.

— Você realmente devia passar, hermano — Brasil alertou, mas Argentina não quis dar ouvidos. — Tá certo, o funeral é seu.

Ele podia morrer disso? Argentina se perguntou, mas concluiu que ele devia estar exagerando como sempre. Brasil começou a ensinar o básico dos movimentos para Argentina: manchete, toque, corte. Tudo parecia muito simples sendo feito pelo outro, mas assim que Argentina pegou a bola e tentou fazer os mesmos movimentos graciosos e calculados que o outro fez, ele percebeu que não. Vôlei não era nada fácil. Ele parecia um pinto tonto tentando jogar a bola reto pro alto sem ficar dando passos para um lado e pro outro (sem sucesso).

Mi casa, su casa (BraArg)Where stories live. Discover now