Tranquei a porta e caminhei para elevador, ao solo o porteiro Sawyer abriu a porta de vidro blindada para minha passagem, agradeci cordialmente sua gentileza e pedi um táxi. O motivo de eu não ter carro é justamente ter que custear um apartamento confortável e simples de NY, não tinha dinheiro o suficiente para comprar gasolina. E nem como pagar as parcelas como estagiária.

Quando um táxi parou eu entrei e pedi que me deixasse em meu destino. Diferente de Noah esse não era falante que reclamava da vida como Noah, mas era simpático. Levou apenas alguns minutos sem aquele engarrafamento do dia a dia até ao meu trabalho e me preparando psicologicamente para lidar com tudo que era Liam Keith Madison. Paguei a corrida com uma pequena gorjeta. Agora isso vai virar moda, porra Noah, pensei.

Lawrence abriu a porta para mim e sorriu ao dizer bom dia, retribui o gesto e entrei naquela enorme caixa metálica. Sabia que estava vestida para um dia casual de folga, mas minha presença está sendo requerida pelo meu detestável chefe. Quando alcancei o andar do escritório brilhantemente em cinza escuro e branco, entrei pela porta que tinha a chave e vi minha mesa cheia de pastas pretas, é folga maravilhosa, pensei. E bati em sua porta com três batidas e entrei, era comum já fazer isso e ele estava lá, digitando algo fervorosamente com o celular em sua orelha com o ombro apertando-o.

O olhei confusa e esperei pacientemente o que ele tinha a dizer. Se ele pensa que eu ia abrir mão da minha folga está enganado. Ele levantou rapidamente o olhar e voltou ao que estava fazendo, ele estava concentrado na sua digitação.

— Sim, compreendo, iremos resolver este problema o quanto antes, Sr. Kent, não se preocupe, iremos analisar as mudanças e entramos em contrato. — ele disse asperadamente como de sempre e desliga o telefone. — Srta. Montgomery.

Olhei para ele com testa franzida de início e logo lancei-lhe meu melhor sorriso. Aquilo o irritou de imediato.

— Algumas mudanças redigidas pela senhorita, está causando inúmeras preocupações nos solicitantes, pode me explicar? — disse ele frio, segurando a raiva que pulsava em todo seu corpo agora.

— Sr. Madison, como havia falado com o senhor às cláusulas antigas poderiam ser prejudicial a você, no entanto, achei uma forma de redigir algo que seria melhor tanto para eles como para o senhor, talvez possam não ter entendido o que poderia vir ser. — digo mantendo a calmaria em pessoa.

Ele me olhava como se me estudasse da cabeça aos pés, aquilo me fez sentir um arrepio frio na espinha, ignorei essa sensação e ele fechou a tela do seu computador.

— Então, iremos analisar juntos segunda feira, tudo bem por você? — pergunta ele.

— Sim, senhor, era só isso? — pergunto com o sarcasmo.

— Não. — diz ele sério e feio, voltamos a estaca zero. — Mesmo que eu odeie o que vou pedir, tenho de fazê-lo, mas deixarei que decida as condições.

Olhei para ele sem entender exatamente o que aquilo significava, meu chefe ranzinza, grosseiro, arrogante e despretensioso, precisava de um favor meu e eu que decidiria as condições para isso? Perplexidade era meu sobrenome, mantive minha postura diante de sua altivez, ele nem mesmo sorria por nada e agora mantinha a mesma postura mas de braços cruzados esperando a minha resposta.

O gelo em suas palavras percorriam por todas as minhas entranhas, mas procurei manter firme na minha postura. Posso ainda não ter realizado um sonho como vinha persistindo, mas vê -lo precisar de mim dessa forma, chegava a ser divertido. Minha deusa interior estava gritantemente se divertindo com essa situação. Talvez só queira pedir desculpas por ter sido tão estúpido na noite anterior, vindo dele chega a ser um elogio.

Ele arranhou a garganta esperando que eu falasse algo e então me aproximei um pouco mais.

— Depende do que irá me pedir no meu dia de folga, Sr. Madison. — digo com um pouco de ironia.

Eu disse que ele me pagaria por ontem.

— Eu sei que lhe dei um dia de folga, mas eu não tenho muitos amigos ou amigas para pedir algo tão...constrangedor e por isso que deixaria você tomar parte das condições, srta. Montgomery. — explica ele em tom suave mas ainda ríspido.

Para que eu possa ajuda-los ele tem que parar de ser ríspido, primeira coisa.

— O que poderia ser? — pergunto desconfiada.

Ele dá a volta em sua mesa abrindo sua gaveta à chave e pega um grande envelope amarelo com um laço bem preso, mas desamarrotado, abri-lo com cuidado e vi um lindo convite em letra cursiva em dourado escrito "Alex Hundger e Zara Loockood" convidando Liam Madison para seu casamento, abri a boca em choque.

Bom, quem iria convidar alguém como Liam para viver em sociedade em um casamento? Imaginei a cena e não consegui conter a risada, o que despertou mais raiva em Liam, vi pelo seu olhar que quase não reflete nada. Controlei meu ataque de Piti vingativo e me voltei a postura anterior.

Eu sei que ele deve ter tido seus motivos para agir desse jeito, ninguém nasce ranzinza, mas devia ter sido algo muito doloroso para ele nunca sorrir ou ser gentil com alguém, não até onde eu vejo, ele sempre fala só do trabalho, ele não aparece muito em eventos, só quando é exigido, houve um evento ano passado que em um canto do salão o vi discutindo com um senhor de barriga proeminente com paletó quase estourando, ele parecia bastante nervoso. Na época, procurei não me envolver e mesmo de longe, parecia ser parente. Quando o homem se afastou, vi seu rosto arder em chamas e ele evaporar como fumaça do lugar, me deixando sozinha naquele lugar. Eu dei meu melhor na hora do discurso, mas foi uma vergonha tremenda encarar toda aquela gente.

Às vezes eu até entendo ele por ser tão solitário desse jeito, sem ver cor nas coisas, bom pode até ser preocupante, mas apesar do meu chefe ser um mala, nunca o vi com mulher alguma, como o flerte da repórter e ele ignorando completamente. Aquilo era desesperador, se fosse comigo, mas ainda sim que é com meu chefe, não morro de simpatia, mas acho que eu seria útil para algo, eu iria ajudá-lo.

— Você quer ir ao casamento desse casal? — pergunto cautelosamente.

Ele respira pesadamente ao fechar os olhos e abri-los novamente.

— Antes de qualquer coisa, quero que saiba que se não se sentir confortável com isso, eu estou de acordo. — diz ele de forma casual e séria. — Você sempre me pareceu uma pessoa meiga e altruísta, e deve querer saber porque vou lhe pedir isso...

Uau! O jogo virou, ele me acha meiga e altruísta, isso já é um bom começo para qualquer coisa. Fiquei até chocada em saber que ele pensa algo nesse nível de mim, é a primeira vez em dois anos. Isso é um passo enorme.

— Zara Loockood fora minha namorada na faculdade, eu pretendia pedir ela em casamento para me livrar da pressão do meu pai, e muitas coisas de quando se é jovem. Mas aí ela me trocou gentilmente por Alex Hundger, o inimigo número 1 do meu pai e vem tentando há algum tempo destruir a Madison & Huntersberg. — explicou ele, paciente mesmo que eu o visse ofegante e ainda de braços cruzados em pé ao lado de sua mesa.

— Sinto muito, Sr. Madison, mas por que quer ir a esse casamento então? — pergunto sem saber onde ele quer chegar.

— Meu pai exige que eu vá, descobrir o que Alex, promotor número um de Nova York, tem contra a ele ou que pretende fazer, já que foi ideia dele me convidar. — disse normalmente, seu tom cada vez me deixava de boca aberta.

Ele podia apenas não ir, dizer ao pai que não, mas por algum motivo ele não conseguia fazer isso. Pela a veia subindo em sua têmpora sabia que ele estava agindo totalmente sobre o estresse do pai e da empresa, aquilo apertou meu coração.

— Por que não diz ao seu pai que não quer ir? — arrisquei a pergunta, sabendo que a qualquer momento ele poderia explodir.

— Porque eu quero ir, mas não sozinho e é aí que você entra. — disparou ele e dei um grito exasperada de como tivesse tentando entender tudo aquilo.

A Proposta Do Chefe Where stories live. Discover now