Cinco

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LUNA

Aquela noite foi a melhor que tive em toda a minha vida. Mas foi a única.

Depois de ter feito Eloá gozar mais uma vez em meu sofá, realizei seu pedido e a levei para o meu quarto. Claro que ela bisbilhotou cada parte até eu arrancar aquele vestido fora e tomá-la em minha boca. Foram horas ótimas, mostrei para ela que eu não cansaria, que eu não pararia enquanto ela não me pedisse para fazê-lo. No fim, depois de realmente me pedir para parar, ela vestiu minha camisa e dormiu. Eu mal podia acreditar na minha sorte, e ainda bem que não acreditei.

Quando acordei no dia seguinte, ela não estava mais lá. Minha camisa estava dobrada em cima do travesseiro, e não tinha nenhum sinal de que Eloá tinha passado a noite comigo. Primeiro entrei em negação, não achei que ela seria capaz de ir embora sem nem mesmo se despedir. Depois a decepção por eu ter realmente esperado que por causa de uma noite, ela iria abrir mão do namoradinho rico para ficar comigo. Eu tinha deixado aquela paixonite ir longe demais, a ponto de me sentir rejeitada e abandonada. Por Jah, o que eu estava pensando da minha vida?

Bolei um baseado, tremendo, e só me acalmei depois que a droga começou a fazer efeito. Eu não precisava daquilo, não preciso sofrer como um adolescente que acabou de perder a namoradinha para um cara mais esperto. Nunca fui mulher de ficar rastejando atrás de quem não me quer, e não começaria agora. Só não achei que seria tão difícil. Segui por dias ignorando a existência das minhas amigas para evitar perguntas, foquei no meu mestrado em arqueologia e tentei não pensar sobre ela. Mas é claro que não conseguiria fugir de Kara e Ana por muito tempo. Depois da minha terceira recusa para sair a fim de trabalhar na Minha tese, as duas bateram a minha porta com vinho e mais perguntas do que eu gostaria, e admito que me embebedar foi a melhor maneira de conseguir as respostas.

Entre Ana sendo a ótima amiga que sempre foi, e Kara, que apesar de ter tirado onda com o meu "coraçãozinho partido", também soube ser uma boa base de apoio, resolvi que me isolar não ia resolver o problema. Aquela mesma noite elas me convenceram a ir em uma festa de fundo de garagem de um dos únicos advogadosinhos que parecia ser decente.

Durante a semana pensei muito se deveria ou não me dispor a encontrá-la novamente. Queria muito que essa atração por Eloá tivesse passado, mas nunca fui tola. Toda vez que meu interesse apareceu por alguma menina, ele só ia embora depois de um bom tempo. Respirando fundo, terminei de me arrumar e fui me encontrar com minhas amigas que estavam, por um acaso, assaltando minha geladeira.

- Sabe, Vocês poderiam pagar pela própria comida, para variar um pouco. - Comentei ao assistir Kara de boca cheia oferecendo um pedaço da minha torta holandesa a Ana.

- E porque eu faria isso se posso ter comida de graça aqui? - Kara respondeu ainda com a boca cheia de torta, fazendo voar pequenos pedaços em cima de sua namorada. Ana desceu a mão em um tapa no braço dá mal educada e eu achei muito bem feito. - Ai amor, desculpa.

- Sua nojenta. - Ana resmungou limpando o rosto, - às vezes eu me pergunto se você tem realmente a idade que diz.

- Crianças, por favor se comportem. - Esbanjei o tom de deboche e o casal me deu o dedo em sincronia. - Vamos antes que eu me arrependa. - Resmungando uma com a outra, elas passaram por mim e eu revirei os olhos.

A casa do Luiz, dono da social em questão, era próxima a meu prédio. Era um lugar bem simples, mas o quintal era enorme, e quando chegamos, podia ouvir o barulho nos fundos da casa. Para um bando de projeto de doutores, eles sabiam ser bem barulhentos. Kara como sempre chegou como se fosse a dona da casa, abriu a geladeira e entregou a mim e a sua namorada uma cerveja e nos convidou para os fundos. Isso tudo com o pobre dono da casa olhando de sobrancelhas levantadas. Pois é, furacão Kara, meu amigo.

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