Game || Antony

Capítulo Vinte

| Fernanda |

Subo para o meu quarto feliz da vida, não sei se foi o dia relativamente bom, a conversa com as meninas ou o comentário dele na minha foto. Eu sei que é pouca coisa, mas não deixa de ser fofo ele demonstrando interesse publicamente.

Antes de ir para o quarto dele, eu passo no meu para escovar os dentes e arrumar meu cabelo. Quando eu termino de fazer minhas higienes vou tentar soltar meu cabelo, mas ele decide não colaborar.

Resmungo sozinha e prendo ele de novo tentando diminuir o frizz que tem nele, passo mais duas borrifadas de perfume e saio do quarto. 

Ele não demora nem dois segundos para atender a porta, como se já estivesse perto esperando e a ideia me faz sorrir. Antony não me espera entrar e já anda em direção a cama sem dizer uma palavra, eu estranho, mas não comento.

- Muito fofo você comentando na minha foto - eu falo com um sorriso no rosto, mas ele continua sério sem me encarar - 'Tá tudo bem? 

- 'Tá - ele responde seco e eu percebo que não tem nada normal aqui.

- Aham sei, alguém te falou alguma coisa? - eu me aproximo sentando do seu lado, porém ele toma uma certa distância mesmo que mínima - Antony, não posso adivinhar se você não falar.

- Não tem nada pra você adivinhar, Fernanda - ele responde levantando e me dando as costas, isso 'tá começando a me irritar.

- Vai ficar nessa? - eu pergunto também me levantando - Sou eu? 

- Não, só 'tô querendo... - ele faz uma pausa antes de me encarar - ficar sozinho hoje. 

Sinto uma ponta de decepção no pedido dele, não é um problema querer seu próprio espaço, mas se tornar um quando a pessoa não parece conseguir respirar perto da outra. 

- Tudo bem, só me fala o que 'tá rolando - eu peço me aproximando e ele se esquiva de novo indo para perto da sacada.

- Já falei, só 'tô cansado - ele responde e eu consigo ver que não é só isso, Antony nunca tinha me tratado desse jeito.

- Ontem você também 'tava cansado e quis me companhia, o que eu fiz? - eu insisto tentando controlar minha voz.

- Nada, Fernanda. Para de insistir, não 'tô afim de brigar contigo - ok, acabei de ter certeza que é sobre mim.

- Alguém te falou alguma coisa? Sobre mim? - eu pergunto mantendo a distância, não sei de onde eu 'tô tirando essa paciência.

- Não, nada. Só me deixa, amanhã a gente conversa.

- Não vou dormir direito com isso em aberto, me fala logo, Antony - eu falo um pouco mais alto e ele finalmente solta

- Hoje foi mesmo um imprevisto? - ele pergunta e eu fico sem entender - Pra você ir no CT dos ingleses.

- Claro que foi, minha amiga precisava que eu... - eu paro no meio da frase, a ficha caiu - 'Tá desconfiando de mim?

- 'Tô só perguntando, não posso mais? - ele fala na defensiva e eu bufo passando a mão no cabelo.

- Poder pode, mas não tem necessidade - eu ando um pouco mais para perto. 

Ele abre a boca, mas não sai som e eu sei que ele tem mais coisa para falar.

- Fala, continua o que você ia dizer - eu o incentivo, mesmo assim ele pensa antes de dizer.

- Aquele inglês pareceu bem feliz em te ver no treino dele - ele desabafa e eu tenho vontade de rir de nervoso.