O Assassinato

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Chiara Castelli

Aquilo me fez tremer e rapidamente me juntei as meninas ainda meio pálida por causa do recém pensamento.

— Chiara tá tudo bem? - Gwen perguntou olhando o meu estado.

— S-sim, por que não estaria? - falei forçando um sorriso.

— Donna está pagando as comidas, vamos ajudar a carregar tudo. - Abgail nos puxou em direção ao balcão.

Fizemos a seguinte divisão: Gwen levou duas caixas com dois refrigerantes, uma em cada mão, Donna levou as outras duas caixas, Abigail levou dois baldes de pipoca e eu levei os outros dois. Ficaria um balde de pipoca pra cada duas pessoas, ou seja, os três casais e eu e Robin, então estava tudo ótimo.

Fomos andando até nos encontrarmos com os garotos para finalmente começarmos o filme. Eu me sentei no fim do corredor, mais próximo da saída e, na ordem do corredor até a parede estavam: Eu, Arellano, Finney, Donna, Gwen, Billy, Vance e Abigail.

O filme corria bem, eu e Robin dividimos a pipoca e eu beliscava o refri de vez em quando. Em um momento desviei os olhos um pouco e Robin segurou a minha mão.

Eu o encarei e ele sorriu tentando transmitir segurança. Devagar ele se aproximou de mim e roubou um selinho rápido me deixando sem jeito. Ele se aproximou novamente e eu sorri me aproximando também, mas tudo parou.

Era Griffin.

Eu via que ele estava em perigo. Os gritos dele consumiam a minha cabeça. O homem alto de olhos brilhantes e outras pessoas com olhos do mesmo jeito riam e se alimentavam de uma névoa que saía de Griffin depois dos gritos.

Eles estavam em uma floresta e aquelas pessoas pareciam uma espécie de seita sobrenatural. Os gritos do menino continuavam ecoando na minha cabeça.

Fui despertada pelos gritos de Gwen. Acho que ela também tinha visto algo com sua iluminação. Eu me afastei rapidamente de Robin e saí do lugar me encontrando com Gwen.

— Chiara, você viu? Você também viu? - ela disse em pânico.

— Vi sim Gwen, me escuta. Você vai voltar pra dentro e ficar segura junto com os outros, está bem? - falei tentando acalmá-la

— Mas e você? - ela disse preocupada.

— Eu vou descobrir o que estar acontecendo e, se isso tiver sido uma previsão, vou proteger o Griffin daquela gente. - falei convicta. - Avise Billy, Vance e Finn e organize a saída deles levando cada um pra suas casas num grupo está bem? O importante é vocês não deixarem ninguém sozinho.

— Pode deixar. Chiara, tome cuidado, está bem? - ela disse voltando pra dentro enquanto eu corria desesperada pra qualquer indício da entrada de alguma região florestal dessa cidade.

Quebra de Tempo

Não sei por quanto tempo eu corri até achar uma pequena entrada para uma espécie de mata, quase já na zona rural. Era como se eu já tivesse pisado ali, a sensação de déjà vu me consumia e era isso que mais me preocupava. Eu respirei, tomando coragem pra entrar ali porque talvez eu pudesse ver o corpo de Griffin mas pelo menos eu o traria de volta.

Comecei a caminhar com dificuldade pelo terreno mas foi aí que eu vi minha burrice: os dons de mamãe me ajudam nisso também. Comecei a usar a iluminação para afastar os galhos e espinhos que estavam ali para poder caminhar com facilidade. Colhi algumas flores fazendo uma pequena coroa de flores e, assim que eu a coloquei na cabeça, minha iluminai parece que agia por conta própria pois quando eu comecei a correr, as plantas se abriam rapidamente.

Continuei correndo até minha iluminação gritar que eu estava no local onde aconteceu ou onde aconteceria a coisa. Respirei recuperando o fôlego e fui procurar algum vestígio de se isso já aconteceu. Caminhei agora com calma olhando o chão, as árvores e plantas e foi aí que achei um pedaço de roupa e algumas plantas pisoteadas.

Seguindo essa direção, vi alguns traços de arranhões em árvores, muitas pegadas mostrando que tinham mais pessoas além de Griffin, algumas estacas? Para que estacas? Eu não lembro de nenhum acampamento na minha visão. Mas no meio daquelas estacas, estava uma grande poça de sangue e na hora que me aproximei mais eu consegui ouvir os gritos de Griffin ecoando na minha cabeça.

Fechei meus olhos esperando que a iluminação me mostrasse algo e ela me mostrou.

Griffin gritava e chorava, ele estava vivo mas por muito pouco. Seu coração batia rapidamente, o garoto estava cheio de cortes e de sua boca saía uma fumaça prateada que era pega por algo semelhante a uma garrafa térmica que um dos homens segurava.

O pobre Griffin era carregado por um homem, o sangue sujava as vestes daquele mesmo homem que eu vi no cinema. O garoto parou de respirar e o homem respirou aquela névoa prateada que saiu do último suspiro de Griffin.

Eles não deixaram o corpo pra trás, sem corpo eu não posso fazer nada. Eu tenho que encontrar esse corpo de algum jeito pra deixar que o Griffin tenha outra chance de viver. Eu comecei a chorar, eu estava desesperada, eu preciso achar essa gente antes que eles peguem outras pessoas também...

O que aconteceu com Griffin não vai ficar desse jeito, eu vou achar ele, eu vou salvar ele de novo.

Robin Arellano

Já passava das onze da noite quando eu ouvi alguém bater na porta de Finn. Gwen foi mais rápida e correu pra atender a porta. Era Chiara com a roupa suja de terra e molhada por causa da chuva.

— Finn, trás uma toalha pra Chiara! - Gwen gritou enquanto ela entrava.

— Eles pegaram ele Gwen...- ela disse em cima do tapete de bem vindo.

— Pegaram quem? - me intrometi e Finn chegou com a toalha.

— O Griff, pegaram ele. - Chiara disse passando a toalha por seus ombros na tentativa de se aquecer um pouco.

— Quem pegou? - Finney disse preocupado.

— Eu não sei quem são, mas eles torturaram e mataram o Griffin. - ela disse se sentando no sofa.

— Chiara eu vou fazer esquentar um chá pra você. - Gwen disse saindo correndo pra cozinha.

Eu só conseguia ver que a italiana estava em choque. Ela chorava mas sem expressar nada no rosto, só a lágrima caindo. Logo Gwen voltou com o chá e ela bebeu um pouco parecendo se aquecer.

— Se sente um pouco melhor? - perguntei mas não obtive respostas.

— Eu...eu vou tomar um banho para me aquecer. - ela disse indo em direção ao quarto de Gwen para pegar sua mochila.

Quebra de Tempo

Chiara já tinha voltado do banho agora com um suéter simples e uma calça de pijama. Ela parecia mais séria, provavelmente o estado de choque já tinha passado.

— No que você está pensando Chiara? - Gwen disse meio aflita com o estado da amiga.

— Estou pensando em como salvar o Griffin ou pelo menos como vamos ter uma pista daqueles caras. Eu quero que eles paguem, quero que eles sofram pelo que fizeram com ele. - falou tomada pelo ódio.

— E como você pretende fazer isso, Hermosa. - falei na tentativa de saber se ela realmente estava escutando tudo ou apenas tomada pelo ódio.

A Chiara normal teria alguma reação, corar ou pelo menos me xingar por chamar ela assim sendo que não temos mais nada. Já ela tomada pelo ódio não escutaria isso, ao menos se importar. O ódio é um estado natural do luto mas não quero que ela fique assim pra frente.

— Como eu pretendo fazer? - ela disse rindo um pouco. - Nós vamos até O Telefone Preto.

A Anja de Denver || Robin ArellanoWhere stories live. Discover now