Our song.

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Camila estava como todos os outros dias; de saco cheio.

Geralmente, sábado era seu dia favorito da semana. Um dia onde ela podia tirar para descansar e fazer o que quiser, mas desde que engravidou, não existiam momentos de lazer. Cada segundo de seu dia era movido pela ansiedade. Odiava ter que esconder coisas de seu pai, principalmente quando ele era o único que não sabia a verdade.

Sempre tiveram uma boa relação, ela sempre foi a garotinha dos olhos do pai e mentir daquele jeito a torturava. Mas era necessário, uma vez que ele não confiava em Lauren o suficiente para não surtar quando descobrisse.

Camila não era nenhuma adolescente, mas ainda morava com os pais. Mais por comodidade do que qualquer outra coisa. Os Cabello não viam necessidade alguma das filhas morarem em outro lugar, eles não eram como os Jauregui que cada filho cria seu rumo e sai de casa quando acha necessário.

E mais uma vez, ela se pegou pensando no futuro. Um bebê Cabello-Jauregui vai bagunçar tudo o quê eles conhecem. Mesmo que sejam quase uma família só, suas criações são diferentes; enquanto os Jauregui lidavam com os filhos com mais liberdade, os Cabello optavam por manter as rédeas sempre que possível. Lauren seria mais liberal do que Camila? Elas iriam finalmente chegar em um acordo? Camila deixaria Lauren ficar com o bebê sem supervisão? A guarda seria compartilhada, mas onde elas iriam viver? Camila teria que se mudar para perto de Lauren?

— Droga, eu estou surtando!

— Me fale uma novidade, Camila. — Dinah bufou. — Fica calma, garota.

— Não existe isso de ficar calma!

Camila estava sentada de frente pra janela de seu quarto. Havia combinado um horário para Lauren ir até a casa de Dinah, para que assim pudessem decidir qual rumo tomariam dali em diante. O problema é que já havia passado bastante do horário e nenhum sinal da mulher.

— Eu não entendo como vocês conseguiram se misturar e gerar uma cria. Essa criança vai ter sérios problemas psicológicos.

— Meu bebê vai ser perfeito, Dinah. Pelo menos a minha parte. A parte da Lauren, eu conserto.

— Precisa consertar a mãe primeiro.

— Eu dou o meu melhor.

— Eu sei que dá. Dá muito, por sinal.

— Eu te odeio.

A paciência de Camila, que já era pouca, acabou por se esgotar. Não fazia a menor ideia se Lauren tinha arranjado um celular novo, pois haviam se falado pelo fixo da empresa.

Aquela breve ligação a deixou preocupada. A voz mais baixa que o normal, as respostas rápidas e monossilabicas, nenhuma piadinha ou provocação. Lauren aos poucos dava cada vez mais sinais de desespero, e só Camila poderia perceber.

Eram sempre detalhes simples, coisas que passassem despercebidas, onde só quem passava algum tempo maior com ela pudesse perceber. Além da bebida excessiva e da má alimentação, tinha a falta de paciência e o constante mal humor. Lauren Jauregui quase não se irritava, mas ultimamente se tornou fácil tirar a mulher do sério.

O rosto aflito de Cabello suavizou ao perceber a chegada do BMW de Lauren. Deixou o veículo, permitindo que Camila pudesse enfim observa-la por completo: calça preta, camisa social branca, cabelos soltos, um pouco desgrenhados, óculos escuros e coturnos. Nas mãos, uma pequena caixa azul bebê com um lacinho branco chamou-lhes a atenção.

Embora exageradamente linda, sua feição não era das melhores. Mais um dia em que Lauren não iria fazer nenhuma gracinha apenas para ver a latina sorrir.

Baby on board! (G!P)Where stories live. Discover now