Acordo selado

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First se lembrava perfeitamente do momento em que ele finalmente precisou admitir que tudo estava errado. Ele estava fodido. Ele estava muito fodido, porra! Como ele pôde deixar isso acontecer? Não fazia nem um ano que estava no lugar do seu pai e já estava tudo desmoronando. Era impossível!

Até que não fosse mais.

First estava sentado no sofá da sala em que ficava localizado seu bar privativo. Ele já estava ali por cerca de cinco horas enquanto aguardava novas informações do andamento da missão.

Aquela era a primeira grande missão que ele planejou desde que assumiu o posto. Seus homens transportariam 250 artefatos para o galpão localizado há duas horas da fronteira, onde ficariam durante dois meses até que tivesse que planejar um novo transporte, dessa vez para a Malásia, onde seu maior cliente estaria aguardando para recebê-los e distribuí-los por todo o mercado negro da Ásia.

First queria estar presente conduzindo a missão por si mesmo. Nada poderia dar errado. Seu pai morreu por essa missão. Era por causa dessa missão que agora ele precisava comandar um exército de homens que dariam suas vidas por ele. Homens que pareciam meros robôs sem um pingo de remorso, homens que dependiam dele para continuarem vivos, sustentando suas famílias. Homens que aprenderam a ter prazer na morte de outros homens para tornar tudo aquilo possível. No entanto, First foi impedido de acompanhar tudo presencialmente.

Mark, seu braço direito, foi contra a ideia da presença de First desde o momento em que ele trouxe isso à tona. Eles não podiam botar a vida de First em jogo, não como fizeram com seu pai. Eles não tinham o luxo de perder outro chefe, não quando não havia mais ninguém capaz de substituí-lo.

Então First ficou.

First devia receber ligações a cada hora para ser atualizado dos acontecimentos recentes, mas seu telefone parou de tocar há exatas cinco horas e, apesar de estar tentando ser positivo, ele já estava tentando pensar no que faria quando Mark o avisasse que tudo deu errado. Ele tinha uma única opção. A única que ele não queria nunca recorrer.

Quando o telefone tocou e a voz de Mark soou desesperada e sem esperanças, First caiu de joelhos com a cabeça nas mãos. Ele queria chorar. Ele queria gritar e desistir. First tinha certeza que teria sido melhor estar morto. Mas sabe o que? Ele não estava. E ele sabia o que tinha que fazer para tentar consertar isso antes que seu prazo acabasse e ele fosse cassado. Antes que ele se tornasse a nova presa de uma máfia que, atualmente, o via como Rei.

— Eu preciso que você me mostre o planejamento. - First foi acordado de suas lembranças pelo som da voz de Khaotung. — E preciso que seus homens me digam exatamente o que deu errado. - First deu um último gole na sua bebida e se levantou para ir até o bar enche-la de novo.

— Eu acabei de te contar, pela terceira vez, tudo o que aconteceu. - Ele deu um leve sobressalto quando sentiu a mão de Khaotung envolver a sua e segurar seu copo.

— Você não estava lá. Eu preciso saber o ponto de vista de alguém que sabe exatamente o que aconteceu. - Khaotung o afastou do bar e maneou a cabeça indicando que ele se sentasse novamente. — Não me leve a mal, mas tem alguma coisa faltando e nós precisamos descobrir o que é. - First passou as mãos pelo rosto. O cansaço se apossando de seu corpo, deixando-se evidente em sua postura.

— Eu não sei se deveria deixar meus homens saberem que nós estamos... - Ele pressionou os lábios um no outro. Khaotung ergueu as sobrancelhas, um sorriso divertido nos lábios esperando que ele completasse a frase. — Formando uma aliança? - Khaotung caminha lentamente em direção a First e pousa os copos no balcão.

ToxicWhere stories live. Discover now