Capítulo IX - Parte Cinco

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Foi nesse momento que seus instintos dispararam, e puxando sua faca, passou-a no ar atrás de si, escutando o som de dois metais se colidindo.

Olhando para trás, o homem foi surpreendido com um corte horizontal, mas se abaixou, logo em seguida fazendo um caminho com sua arma branca até pescoço da mulher de óculos, que por pouco o parou com a própria faca bloqueando o caminho. Num impasse de forças, aonde Allister começava a tomar a desvantagem, Lagusa rapidamente separou as laminas, chutando a mulher para longe, que caiu com as costas em cima do encosto da carroça.

Allister grunhiu de dor, sentindo a área chutada ser a mesma em que havia levado o tiro, foi menos de um segundo para desviar do próximo ataque de Lagusa, que veio de cima e teria certamente perfurado sua barriga. Os dois tomaram distancia um do outro, e então, a mulher partiu em direção ao traficante, que se preparava para receber a investida, porém, não prestou atenção no mamute furioso que se jogou contra si, sendo capaz apenas de se jogar para frente para evitar aqueles massivos braços, mas não o chute que veio depois, que jogou sua faca para longe.

Daí, só bastou Sonne imobilizá-lo, o agarrando pelo colarinho e o tirando do "chão", o que uma pessoa de peso regular nunca conseguiria fazer, tendo em vista o quanto a carroceria tremia e era difícil manter o equilíbrio.

— Por que fez aquilo?! Acha que foi esperto? Acha que não podemos só te jogar daqui e te deixar servir de alimento pra aquela coisa? — O musculoso o sacudiu, rugindo.

— Ele já tá totalmente fora de si, acha que vai vir só atrás de mim agora que tá uma fera? — Franco rebateu, não escondendo seu cinismo.

— Seu desgraçado! Deixou ele daquele jeito de propósito!

— Vamos lá, foi você quem disse que estávamos no mesmo barco — O traficante sorriu, fazendo Sonne odiar como aquela frase soava vinda da boca dele. — Precisam de alguém pra parar a fera, e só eu sei a fraqueza deles.

Era uma verdade indiscutível que, seja lá o que ele tivesse feito, havia sido extremamente efetivo, mesmo que por um instante.

Após um breve silêncio, foi a vez de Allister perguntar de forma pontuada: — O que você fez?

— Calma, mocinha, um jogador não revela as cartas desse jeito.

— Ao menos sabe o que aquele Mesno é capaz de fazer?

— Eu acho que vamos ter que descobrir, não é mesmo?

Mais um tempo meditando, até Allister sentir que Cartan estava começando a ficar perigosamente perto, e de fato, parecia menos humano que nunca. Eles não tinham tempo a perder brigando entre si.

— Sonne, fique de olho nele — A de sardas se moveu para tomar a guia dos equinos. — É bom que diga a verdade, Lagusa, pois estamos prestes a entrar na tempestade.

Numa visão geral, as coisas não estavam bonitas, mas ainda dava para contornar isto. Em breve, não se trataria mais de uma briga sobre quem sai melhor, mas sim quem sai com menos sequelas.

As duas diligencias estavam praticamente alinhadas, não iriam correr muito mais rápido que aquilo mesmo que quisessem, seguindo numa retilínea a curso Norte, ambos eram perseguidos agora pelo Mesno vermelho, que conseguia aos poucos diminuir o espaço entre eles.

— Precisamos seguir em frente! — O grupo que detinha o traficante olhou para a direita, vendo Valerie suplicar aos berros da outra carroça. — Temos que atravessar a tempestade!

— Esse é o plano! — Assim que Sonne respondeu isso, uma rápida mancha prateada surfou pelo vento, surgindo em suas costas. Valerie gritou.

Diferente das outras vezes em que lanças se chocaram contra algo, permanecendo enfincadas naquele lugar, agora a espada se moveu livremente, quase que como se Sonne tivesse sido atacado por uma força invisível, o ferro deslizou por suas costas num angulo diagonal, indo depois para cima do traficante, numa sede insaciável de apunhalá-lo no coração.

Polise [Sendo Reescrito]Where stories live. Discover now