Jungkook soltou um grunhido, tentou se afastar, mas o aperto intensificou-se. Seu coração e respiração já estavam rápidos demais. Por que aquilo estava acontecendo? Não havia feito nada de errado, poderia jurar que nunca fez. Por tanto tempo tentou ser a melhor versão de si, tentou agradá-lo, mas nunca era o suficiente. Jeongsuk arqueou a sobrancelha para si, provavelmente o julgando por chorar tanto com coisas que, para ele, não possuíam necessidade alguma de derrubar lágrimas. 

— Sua mãe morreu para que não visse a maldição que gerou em seu ventre. Vá para o seu quarto. — largou o rosto de seu filho com desprezo e arrogância.

Ela morreu quando ele nasceu.

Jungkook arregalou seus olhos. A simples menção de sua mãe fez seus olhos marejarem ainda mais. Correu para o seu quarto, tão assustado quanto em qualquer dia. Logo mais o jantar estaria pronto, mas não queria comer, não queria ver o rosto de seu pai outra vez. 

Até mesmo seus irmãos franziram suas sobrancelhas e se afastaram, até mesmo eles acharam aquilo demais, talvez sequer estivem preocupados com Jungkook, mas com a menção de sua mãe. Jileogi tentou, ela tentou ir até lá, tentou com todas as forças impedir, mas não conseguiu. Correu até ele, o guiando até seu quarto.

— Meu querido, eu sinto muito. 

Jungkook desejava muitas coisas naquele instante, mas não desculpas. Quando sua irmã fechou a porta, ele desejou voar para longe. 

— Sente muito? Então porque não me defendeu? Qual é o seu problema? O que vocês tem contra mim? E-Eu não quero essa vida pra mim. — ela aproximou-se, vagarosamente enlaçando seus braços ao redor de seu corpo. Jungkook não a impediu, mas não retribuiu.

— Não, eu te amo, eu te amo muito mesmo. Meu querido, meu amor, eu também tenho medo deles, é somente isso, eu tento, mas não consigo enfrentá-los. 

Seus olhos azuis esverdeados pareciam um lago aconchegante, mas que ao final, continham uma grande cachoeira. 

— Eu sei que sou uma grande covarde, mas não quero ser quebrada assim como você está sendo. 

— Então admite que eles me quebraram, Jileogi? — Jungkook o encarou de perfil, mirando seus olhos nela, que abaixou a cabeça. — Talvez eu realmente esteja, mas eu não preciso de vocês, nenhum de vocês, não mais. 

— Jungkook? O que você está dizendo? 

Jungkook riu, sem humor e sem nenhuma vontade de rir.

— O que importa pra vocês? O que eu faço não é relevante, deixe-me ao menos sonhar sem suas interferências. Ao menos me dê essa liberdade. 

— Viverá em sonhos ao invés do mundo real. As coisas não são tão ruins quanto parecem, eu juro que tudo irá melhorar, eu juro que tudo tem seu propósito. — a garota tentou tocar a mão de seu irmão, mas ele afastou-se, disfarçando o desgosto que mostrava em sua face. 

— Deixe-me sonhar sem vocês ao meu lado. Quero ficar sozinho. Por favor, vá embora. 

Talvez a contragosto, talvez não, ela saiu do quarto aos suspiros. Cuidara dele quando criança, mas nunca o defendeu, sempre o deixava para os monstros o devorarem. Mas Jungkook possuía um jeito de se livrar desses monstros, um jeito que não os faria ir embora, mas faria com que sua mente obtivesse um pouco de paz. Escrever. 

Tomou um pequeno caderno de capa vermelha em mãos. Suas folhas eram ásperas, talvez um pouco rudes, mas escondiam desenhos lindos, com linhas suaves e traços marcantes. Desenhava de tudo um pouco, estrelas, florestas e animais, adorava animais, eles sim poderiam entendê-lo. 

A Visão do Oráculo - [Taekook] Where stories live. Discover now