13 (Final de degustação)

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Ramon narrando...

Fico até ela dormir; quando sinto sua respiração pesada, saio do quarto, deixado a porta apenas encostada.

Vejo a comida toda em cima da mesa.
Ela não tocou em nada.

Eu sempre digo que é muita coisa pra administrar, que meu corre era pessoal .
Não , não é incapacidade ...

Mas quando você abraça o mundo, abre a guarda e a vida te dá uma queda; sempre dá!

A Larissa teve meu conceito por uns dias, umas semanas, não vou negar que ela tem meu estilo, bateu.

Mas enquanto rolar essa tara na Alice, vai ser foda.

Não sou de ferro, santo tô longe de ser...A Larissa tem um nome forte pra caralho na comunidade , e até fora dela, blogueirinha, faz fotos, seguidor é mato.

Não desceu maneiro a idéia dela ficar trocando idéia com a Alice...
Já me escaldou ela falando da "minha irmã" na última vez que estive com ela...

Qual foi dela achar que está grávida e ir direto no Instagram da garota pra marcar encontro?

Qual foi dela entrar de voadora, falando de gravidez? E pra Alice?
Porra, senti malícia.

Dei vários vácuos nela mesmo, alguns até foi sem intenção, eu não tenho tempo, elas não entendem.

Mas, vai tomar no cu, porque ela não me contou que tava desconfiada dessa parada?

Bolei de várias maneiras diferentes, mil delas, minha mente paranóica entrou na velocidade da anti matéria.

Eu sou a anti matéria
Eu sou a pior arma do mundo, contra mim mesmo.
Hoje eu fiz tudo errado.
Desorganizado, indisciplinado, sem pensar, agindo na emoção.
Eu vou acabar me fodendo, e não tá longe disso acontecer.

Essa noite, antes de chegar no PPG tive um sonho sinistro.

Geralmente minha mente vomita nos meus sonhos destroços da minha realidade, que é quase paralela.
Meu mundo, minha visão, é muito diferente.
Não tô na média de um cara normal e sei disso.

Eu vou atrás de quem deixou ela sair.
Não...Eu vou CAÇAR quem deixou ela sair...

Mas, se bem que eu vacilei...
Deixei gente nova na contenção...3 só...

Minha mente gira, embola, são muitas coisas, muitas!

E esse sonho... Esse sonho foi o caô.

Eu já tinha dado papo no Ari que queria vir pra cá, botar a cara, acertar a bagunça que foi deixada aqui, mas era muito pouco tempo pra tudo, eu mal acertei as coisas na Rocinha!
Como disse: Eu não tenho tempo!

É, mas eu tinha que brotar, piar aqui enquanto tava recente, o negócio é meu, a parada é minha. O olho do dono engorda o gado e amigo do peito é colete.
Tinha que ser eu; se eu não tô vendo ficar bom, então não descanso até ficar.
Eu já sabia que aqui não estava.

Então na noite anterior, eu estava dormindo e sonhei.

Eu andava pela rua e via uma agitação, aquilo me incomodava, muita gente!

Daí me toquei que era carnaval.

Os resquícios do sonho iam e vinham da minha mente desde então.

Eu tentava atravessar por aquele monte de gente embolada, festejando, cantando animadas, mas não havia som algum.

De repente me vi no centro de uma roda de bate bolas. Eles rodavam com suas fantasias enfeitadas, e a roupa abria toda.
Todos giravam juntos, mascarados, ao meu redor.
Eu continuava andando e eles iam me seguindo.

Era como se fosse um cortejo.
Estavam ao meu lado, uma fileira de cada lado.

No final da rua, uma casa de vidro linda, mas ao reparar bem, parecia ser gelo.
Era isso mesmo, um castelo de gelo, desses transparentes que a gente vê na tv, quando fazem esculturas.

Me senti atraído a entrar naquele lugar, mas era muito, muito gelado lá.
Fui tentando me aproximar, e olhei por uma das janelas transparentes.

Um caixão repousava em cima de uma mesa do mesmo material da casa/castelo.

Aquilo me assustou e eu tentava mudar de posição, porque queria ver quem estava ali.
Não conseguia.

Decidi que, mesmo sendo letalmente frio, eu entraria.
Eu precisava ver quem estava ali.

O local onde era a porta, por onde de inicio eu achei que pudesse passar, era um bloco grosso de gelo.

O lugar estava lacrado.

Eu não conseguia ver nada, apenas o caixão, as flores que o ornavam e uma pequena borboleta azul, que voava lá dentro, batendo em laterais que, como eu achei que fossem passagem, mas não era.

Era a ilusão da transparência do gelo.

Ela presa lá dentro, eu preso aqui fora.

Olho pra trás desesperado e vou até os bate bolas, que permanecem parados, me aguardando.
Falo, mas não sai som algum
Grito, mas nada.

Aponto pra onde seria a porta, peço que me ajudem a quebrar.
Eles não se mexem, e eu fico puto pra caralho.
Ao fundo, a multidão brinca o carnaval mudo, silencioso.

Vou até um deles e o empurro, ele mal se move, não tenho forças também.

Quando me dou conta de que está tudo fora de controle, paro, vencido.

Este que empurrei, tira a máscara.

Era o Batalha, com o rosto deformado, mas eu sabia que era ele.
Logo em seguida , os outros foram tirando ...

Pessoas que eu matei ou mandei matar
Fui olhando um a um, até chegar no último.

Ele fez que não com a cabeça.
Não tirou a máscara.

Olhei pro caixão/jardim atrás de mim

A borboleta não voava mais

Baixei a cabeça
Fechei os olhos

Acordei.

Final de Degustação do livro 2 de O Novo Dono

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⏰ Last updated: Mar 25 ⏰

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