Feridas

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Diluc parecia um anjo feito de chamas em sua ira divina, os cabelos haviam se soltado e voavam enquanto ele incendiava suas próprias mãos e o espadão que atravessava o pescoço de Tartaglia cauterizando a ferida na hora. Os olhos de Lumine não desgrudavam do anjo flamejante que partia o corpo do príncipe em várias partes, a beleza carmesim fora de controle enquanto o fogo consumia sua energia a exaustão porém nada o faria parar naquele momento. Diluc se sentia cego pela raiva e pronto pra reduzir cada pedaço do príncipe a cinzas que ele jogaria aos porcos assim que terminasse, suas energia pyro fluía descontrolada através de seu espadão queimando a carne de Tartaglia. O ruivo não parou até ter separado todos os membros do príncipe de seu corpo e queimar o que sobrou vendo a chamas começarem a se espalhar por todo o porão, ele se virou finalmente controlando seu elemento e vendo Lumine encolhida no chão parecendo muito pequena.

Sem dizer nada ele volta a cobri-la com seu sobretudo que estava no chão ao lado dela e a pega no colo deixando a casa queimar atrás deles, seu olhar carmesim preocupado fitava a loira em silêncio, infelizmente o sangue impedia que ele soubesse naquele momento a extensão dos ferimentos dela porém pelas caretas de dor ele tinha noção de que foram sérios. Ao saírem pela porta da frente, Diluc colocou a loira gentilmente sentada nas escadas em frente a porta enquanto ele voltava e retirava o corpo de Dimitri pra que não queimasse junto com a casa o deixando mais afastado. O portador de fios escarlates a volta a pegar Lumine em seus braços e sobe no cavalo com ela a ajeitando da forma mais confortável possível antes de começar o caminho de volta, em algum momento a loira desmaiou o que preocupou o ruivo ainda mais.

***

J

á faziam dois dias que Lumine não acordava. Diluc cuidava dela pessoalmente permitindo que o médico apenas o ensinasse como fazer os curativos e administrar os remédios, ele fazia absolutamente tudo: dava banho nela, trocava seus curativos, vigiava o sono... Ele tinha medo que ela não acordasse. O médico havia dito que não tinha explicação física pra Lumine não acordar mas que provavelmente o trauma psicológico tinha feito a mente dela precisar "desligar" até que o pior passasse, era frustrante pro ruivo e a preocupação o consumia e a lembrança da noite em que chegaram ainda era viva: quando Diluc foi cuidar de Lumine a primeira vez, todo sangue grudado na pele dela, os hematomas horríveis e inchados nos braços, pernas, abdômen e rosto, a costela quebrada, as mordidas nos seios que sangravam... Diluc se odiou por ter permitido que aquilo acontecesse e não pode evitar as lágrimas.

Chorou pela primeira vez em muito tempo por ter perdido família, chorou pelas decisões precipitadas que tomou e chorou por cada machucado no corpo de Lumine. Teve medo de perde-la, depois da morte de Crepus e Kaeya o ruivo ficou sozinho por muito tempo e não desejava isso de novo e pela primeira vez teve medo genuíno se espalhando pelo seu peito. Segurou a mão pequena e morna da loira, as unhas dela haviam quebrado na luta contra Tartaglia mas ele havia tentado o melhor pra deixá-las como havia notado que Lumine gostava. Os hematomas no rosto dela haviam clareado bastante e em alguns dias iriam desaparecer, porém pra Diluc não importava as marcas roxas na pele, pra ele Lumine ainda estava linda.

- Por favor... Acorde - ele pediu com a voz se quebrando, a testa encostada na mão dela que ele segurava - eu te amo, não posso perder você.

Ele falava com ela todos os dias, mesmo que fossem poucas frases na tentativa de que mesmo que ela estivesse mergulhada em sonhos ela conseguisse ouvi-lo. Diluc já se preparava pra sair e tomar banho e comer antes de voltar a vigiar o sono dela quando sente um leve aperto em sua mão.

- Lumine? - ele questiona tentando conter a esperança na voz - você está me ouvindo?

Ele sente ela apertar a mão dele mais uma vez, com um pouco mais de força que a última.

- Você precisa abrir os olhos - ele diz se aproximando mais, o rosto pairando esperançoso acima do dela - eu estou aqui do seu lado, te esperando... Abra os olhos pra mim por favor.

Ele conseguiu além do aperto em sua mão, ver as pálpebras dela trêmularem como se ela estivesse lutando pra abrir os olhos.

- Você consegue Lumine, eu não vou sair do seu lado.

Dessa vez os olhos dourados se abrem e Diluc não dá tempo a ela: rapidamente porém com cuidado ele a abraça enterrando sua cabeça na curva do pescoço da mesma aproveitando o perfume suave da pele dela, sentindo os braços dela o rodearem devagar porém com firmeza.

- Eu te amo - ele diz com a voz abafada - eu te amo tanto, mas tanto...

Lumine sentiu a pele de seu pescoço molhar "ele está... Chorando?" Ela se pergunta, se afastando gentilmente a loira consegue ver os olhos úmidos do ruivo. Seus dedos secam delicadamente cada lágrima dele, nunca havia visto Diluc tão emocional e expressivo até aquele momento e só isso já fazia valer a pena abrir os olhos.

- Eu também amo você - ela responde baixinho.

- O que está sentindo? Está com dor? Sente fome? Sede? - os olhos carmesim brilham de preocupação.

- Meu corpo todo dói mas as costelas doem muito mais - ela diz - e eu sinto um pouco de fome e sede.

- Vou buscar algo com Adelinde - ele diz se levantando de pronto - eu não vou demorar.

Minutos depois, quem entra no quarto com uma bandeja com comida e bebida pra Lumine é a própria Adelinde.

- Mestre Diluc me pediu pra trazer isso pra senhorita - ela diz gentilmente enquanto coloca a bandeja no colo de Lumine - aquele menino ... Não saiu do lado da senhorita pra nada além de tomar banho e comer algo, ele estava muito preocupado.

- Você o criou?

- Ele e o mestre Kaeya, desde que a mãe deles morreu eu me certifiquei de auxiliar mestre Crepus com os meninos já que ele não pretendia se casar de novo - Adelinde diz - mestre Diluc não deve demorar a voltar aqui então coma tudo, queremos a senhorita bem.

- Eu vou ficar bem - Lumine diz comendo de forma calma - ele estava machucado quando chegamos?

- Nenhum pouco, mas estava exausto - Adelinde diz - a senhorita que estava machucada... Mas mestre Diluc não deixou nem mesmo o médico cuidar de suas feridas.

- Como assim?

- Ora, ele mesmo cuidou de seus curativos, banhos e remédio - Adelinde sorri suavemente - se eu posso lhe pedir algo senhorita Lumine, eu lhe peço pra amar bem mestre Diluc. Sei que ele parece distante as vezes mas a senhorita é a primeira pessoa fora da família por quem ele luta com tanta força.

- Eu amo ele.

Adelinde sorri parecendo feliz enquanto recolhia a bandeja com o prato vazio da loira.

- Então acho que posso começar a chama-la de mestra.

Dito isso a mulher sai e segundos depois Diluc entra parecendo tenso.

- O que houve?

- Acabei de lidar com Jean.


❤️‍🔥❤️‍🔥❤️‍🔥

Oe oe oe babys tudo bem com vocês? Finalmente a pior parte já passou ... Ou será que não? Fica aí o questionamento pra vocês. Adelinde sendo uma amor com a Lumi é tudo pra mim sim. Mudando de assunto, só eu tô ansiosa pela 3.3 (Scara, tá tudo pronto pra você ). Enfim se gostarem deixem a estrelinha e comentários beijos e até o próximo capítulo ❤️

Chamas Na NeveWhere stories live. Discover now