Passado

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- Como você sabe a energia elemental vem pra nós desde criança, mas eu nunca dei muita importância até uns quatro anos atrás - Lumine começa apertando firmemente a rédea de seu cavalo - era apenas eu, meu irmão que era um pouco mais velho e meu pai. Minha mãe morreu no meu parto então éramos apenas nós três e claro, meu pai treinou a mim e o meu irmão pra usar a energia elemental de forma correta e também a usar uma espada como se fosse uma extensão do nosso braço. Também nos treinou com arco, lança, adagas de arremesso, chicotes... porém a espada leve sempre foi a arma que eu e meu irmão mais nos saíamos bem em empunhar.

Diluc ficou levemente surpreso mas supôs que fazia sentido, a maioria das pessoas nascidas controlando algum elemento aprendia a lutar. Uma parte dele imaginava como Lumine se saía em uma batalha, já que até aquele momento tudo o que ele sabia é que ela era uma médica e não uma guerreira.

- Meu pai sempre foi firme quanto a gente nunca usar nossa força pra nada ruim mas também pra não tentarmos ser heróis, ele dizia que as vezes tentar fazer o bem demais acabava colocando a gente na mira de pessoas mais poderosas e perigosas - ela prossegue - na época eu não achava que fazia sentido, quer dizer, por que não usar a sua força e capacidade pra um bem maior? Mais tarde eu acabei descobrindo que meu pai estava certo o tempo todo. Escondida eu comecei a fazer pequenos atos heróicos pra ajudar as pessoas: capturava ladrões, salvava pessoas de armadilhas, me livrava de monstros... O problema foi que eu comecei a ser conhecida por nomes que as pessoas me davam, eu me esforçava pra me manter anônima é claro porém o boato de existir uma justiceira por aí se espalhou rápido.

- Isso era inevitável, as pessoas sempre vão falar - Diluc diz - mas não posso dizer que desaprovo ou não entendo seus motivos.

Uma sombra de um sorriso passa pelos lábios da loira, porém logo é sufocado pelas lembranças sombrias.

- Meu pai achava que eu só usava minha energia elemental nas plantas por que na época eu já havia começado a estudar cuidados médicos e tinha todo tipo de planta medicinal no jardim, electro reage bem nas plantas fazendo elas crescerem e florescerem mais rápido - Lumine fala se lembrando da casa e do jardim no meio da neve que havia deixado a léguas atrás - porém quando os boatos da "Dama da Tempestade" chegou aos ouvidos dele ele soube na hora que era eu, tanto ele quanto meu irmão Aether me deram uma bronca enorme e me disseram o quanto era perigoso e que só queriam que eu ficasse bem porém eu era teimosa demais e insisti em continuar o que eu estava fazendo. Meu pai e meu irmão não escondiam o desagrado porém não podiam me impedir, eu me sentia bem salvando as pessoas e fazendo o melhor possível pra livrar todo mundo do perigo.

- E o que aconteceu? - o ruivo diz encorajando ela a prosseguir.

- Ao longo do tempo eu fui criando inimigos, obviamente que gente daquele tipo não ia ficar satisfeito com o fato de eu os entregar de bandeja pra guarda de Snezhnaya e serem executados pelo príncipe por cada crime cometido - a loira sente o nó se formando na garganta, a visão ficando turva conforme se lembrava - uma noite eu cheguei em casa depois de comprar alguns mantimentos, quando abri a porta encontrei meu irmão e meu pai mortos em poças do próprio sangue... Tinha sangue por toda parte e algumas coisas quebradas, eles tinham lutado e perdido.

- Lumine...

- E a culpa foi minha, se eu tivesse escutado não teria acontecido - ela diz sentindo a lágrimas quentes na pele fria de seu rosto - de alguma forma, algum dos inimigos que eu fiz descobriu quem eu era de verdade e pra me punir e me dar um aviso matou eles... Eu não tenho mais ninguém e depois disso eu me dediquei única e exclusivamente a medicina e esqueci tudo isso, sabia que era inútil tentar me vingar até por que a guarda de Snezhnaya estava investigando tudo. Obviamente não conseguiram descobrir nada e eu só... Não queria mais nada além de redimir meus erros, por isso eu cuidava dos prisioneiros e dos órfãos... Eu devia isso ao meu pai e meu irmão.

- Não foi culpa sua, independente da sua escolha o que fizeram foi sórdido - Diluc começa firme - você só queria fazer o melhor.

- Eu sei que foi minha culpa e eu não entendo por que a crueldade em não vir atrás de mim e me matar também - a loira diz com a visão embaçada pelas lágrimas - de qualquer forma depois disso passei a ganhar a vida como médica e logo os boatos de que a "Dama da Tempestade" tinha morrido salvando alguém se espalhou e eu preferi que terminasse assim: somente histórias pra contar as crianças, deixei os criminosos pra guarda real e me dediquei a outras coisas.

- Lumine - Diluc chama parando e descendo do cavalo.

Ela faz o mesmo parando de frente pra ele, os olhos carmesim firmes nela como se enxergasse sua alma.

- Nunca mais diga que foi culpa sua, muito menos que deveria ter morrido - ele pega o rosto dela delicadamente entre as mãos - não conheci seu pai e seu irmão e é surpreendente nossas histórias serem semelhantes mas de uma coisa eu sei: eles jamais iriam desejar perder você e... Eu não quero perder você, não agora que tudo isso começou entre nós.

Dito isso ele beija os lábios dela suavemente, com um carinho e um amor que derreteu o frio espalhado no coração de Lumine após relembrar de um dos piores dias de sua vida. Os lábios macios a faziam relaxar enquanto o maior acariciava sua bochecha levemente com os dedos, se livrando dos últimos sinais de lágrimas no rosto delicado dela.

- Acho que temos que continuar - ela diz sorrindo de leve quando os dois se afastam - logo vai escurecer.

Assentindo o ruivo ajuda Lumine a subir no cavalo e voltam a seguir viagem.

***

- Nenhum rastro recente deles senhor, tudo o que sabemos até agora é que já saíram dos limites de Snezhnaya - diz Dimitri.

- Eu não me importo com o que tenham que fazer, torturei matem - Tartaglia diz lentamente - mas achem a minha Lumine entendeu? Se não encontrarem logo eu mato vocês todos pessoalmente.

Dimitri engole em seco, porém mantém a expressão firme.

- Sim vossa majestade.

- Ótimo, tragam ela de volta - ele diz observando o acampamento de seus soldados - aquele maldito a sequestrou e eu quero minha futura rainha de volta. Está dispensado por enquanto.

Dimitri assente e se retira "espero que esteja bem longe Lumine e que eu consiga atrasar o príncipe o bastante"  ele pensa. No começo Dimitri estava preocupado em salvar Lumine, porém com o tempo e a forma como Tartaglia falava da loira o soldado começou a se questionar se não havia sido ele o motivo da fuga da mulher. O comportamento obcessivo do futuro rei fazia seu subordinado querer proteger a amiga e Dimitri só esperava não ser pego e dar tempo o bastante pra que ela sumisse pra onde ele jamais a encontrasse... Mas ele bem sabia que não existiam formas de fugir do príncipe pra sempre.

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Oe oe oe babys tudo bem com vocês? Lumine electro na cara de vocês o tempo todo hehehe, enfim agora Sabemos que a Lumi teve uma vida triste e que ela tem um amigo entre os soldados do príncipe... Vamos torcer pro Dimitri conseguir dar tempo pro nosso casal ir pra Mondstadt. Enfim se gostarem deixem a estrelinha e comentários beijos e até o próximo capítulo ❤️

Chamas Na NeveWhere stories live. Discover now