Ruptura

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Diluc mantinha a mente vazia. Não queria ficar furioso, pois se ficasse sangraria ainda mais e isso só pioraria sua situação que já não estava boa, tinha que viver o suficiente pra fazer o que tinha vinda fazer. Ele agora tinha um quadro geral de um dos segredos do príncipe: ele tinha uma verdadeira e visível obcessão por Lumine e Diluc não fazia ideia do quanto disso a loira tinha noção, já que a mesma não parecia preocupada ou sequer ligada ao príncipe de forma mais profunda. A mente de Diluc trabalhava nesses pensamentos pra ignorar a dor que as feridas recém causadas geravam, tinha que aguentar até amanhecer "até ela voltar aqui" ele pensa sentindo seus lábios formigarem com a sensação residual do beijo dela.

Por dentro ainda ressoava tanto na mente quanto no corpo de Diluc a marca de ter tomado o primeiro beijo dela, não que ele nunca houvesse beijado uma senhorita porém saber que havia sido o primeiro e único a tocar os suaves lábios rosados de uma criatura tão doce... Era algo que simplesmente parecia queimado em brasa na memória dele pra jamais ser esquecido, tudo nela parecia invadir os pensamentos dele com estranha facilidade "por que você não sai da minha cabeça?" O ruivo se pergunta silenciosamente. Ele se lembrava bem de como Kaeya e seu pai costumavam falar que um dia ele encontraria alguém que lhe roubasse cada pensamento por menor que fosse, coisa que na época Diluc pensava ser impossível pra ele "era disso que vocês tanto me falaram?" Ele volta a se perguntar. Diluc foi arrancado de seus pensamentos quando ouviu um suspiro chocado vindo de fora de sua cela.

- Mas como... - Lumine entra impetuosamente se abaixando de frente pro ruivo - eu vou cuidar de você.

- Você precisa tomar cuidado Lumine - Diluc diz baixo com voz séria.

- Disse o homem ferido e sujo de sangue - a loira retruca levantando a sobrancelha.

- Ele fez isso por você - Diluc diz segurando o rosto dela gentilmente pra que se olhassem nos olhos - ele disse que você pertence a ele.

Lumine para chocada, porém de alguma forma aquilo não a surpreendia. Um aperto de culpa começa a se esgueirar pelo seu peito quando a consciência de que o portador de fios escarlates foi ferido única e exclusivamente pela existência dela.

- Eu não suporto mais ver você ferido - ela diz baixinho - e isso é em parte culpa minha.

- Não é culpa sua... Mas tome cuidado - ele diz - eu não me importo com o que ele faz comigo mas eu tenho que ele possa fazer algo contra você, então por favor depois de hoje não quero que venha mais até mim.

- O que? Não, eu não posso deixar você aqui sem cuidados - ela discute - quer dizer... Eu realmente...

"Me importo"  ela completa em pensamento, os olhos carmesim dele sobre ela parecendo querer dizer mais coisas do que realmente disse. Diluc quebra o contato visual e Lumine apenas começa a cuidar dos ferimentos dele em silêncio, se demorando mais do que o necessário na tentativa de prolongar o momento sabendo que ele estava certo porém tendo seu próprio motivo particular pra obedecer: se ela continuasse vendo ele o príncipe continuaria o ferindo e mesmo que ela não pudesse salva-lo do próprio destino naquele momento, ela poderia ao menos evitar que ele sofresse mais. Quando terminou de cobrir os ferimentos com um curativo e recolheu todas as coisas pra ir a loira sentiu o peito pesar "tão pouco tempo... Mas já tem meu coração como pertence"  ela pensa andando lentamente até a porta da cela, porém sentiu que ele segurava seu pulso.

- Antes de ir senhorita Lumine - Diluc diz de repente, segurando as mãos dela de forma delicada enquanto ficava de pé diante dela - talvez se fosse em uma vida diferente isso não acabasse assim... Eu só quero te dar uma lembrança tão boa quanto o possível.

O coração de Lumine acelera dolorosamente em seu peito entendendo as entrelinhas das palavras do ruivo: ele também tinha sentimentos por ela.

- Apenas faça - ela sussurra.

Diluc então se inclina até ela passando seus braços gentilmente pela cintura da loira, os dedos acariciando e apertando ela como se não fosse soltar nunca mais enquanto seus lábios desciam até os delas em um beijo doce e amargo ao mesmo tempo. Ele sentiu as mãos dela alcançarem seus cabelos e os acariciarem enquanto os lábios dela se abriam suavemente pra que sua língua adentrasse, assim que a língua dele tocou a da loira um calor opressivo tomou conta de ambos ao mesmo tempo que a doçura e suavidade inocente dela afastava o peso da despedida que aquele beijo carregava. Devagar ele se afasta beijando o canto dos lábios, as bochechas e por fim a testa de Lumine enquanto a soltava de forma relutante.

- Vá - ele diz por fim.

Ela assente positivamente com o peito apertado enquanto apenas se virava e chamava o guarda pra sair dali, tocou os lábios com as pontas dos dedos ainda sentindo o calor residual do beijo de Diluc em si.

***

A neve caia silenciosamente como lágrimas congeladas da arconte Cryo enquanto Lumine tentava conter as suas próprias, não choraria aonde olhos curiosos poderiam ver. Seus passos eram lentos enquanto atravessava o pátio do palácio Zapolyarny, o frio gelando seu sangue e seu coração a cada passo que a levava pra longe do prisioneiro que invadira seus sentimentos.

- Senhorita Lumine.

A loira se vira vendo o príncipe parado ali, parecia relaxado mas algo na postura dele estava mais estranho que o normal.

- Vossa majestade.

- Poderia por favor me acompanhar - Tartaglia diz.

- Se vossa alteza permitir eu preciso ir pra casa - ela diz sem vontade nenhuma de ficar na presença daquele homem.

- É uma ordem Lumine - o príncipe diz com voz mais firme e séria.

- Claro - ela diz por fim o acompanhando pelo palácio.

Os passos de ambos ecoavam pelo lugar e Lumine observava o caminho pelo qual seguiam, algo em toda aquela situação a deixava alerta porém nada se comparava ao susto que levou quando o príncipe a agarrou puxando pra dentro de uma sala e fechando a porta atrás de si.

- O qu... - ela tenta dizer sendo interrompida pelo lábios do ruivo.

O beijo dele era frio e bruto como o gelo, era totalmente errado pra Lumine que tentava empurrar Tartaglia a todo custo pra longe de si.

- Eu sei que ele te enganou com falsas palavras Lumine, mas entenda que você tem que ser minha - Tartaglia diz com um olhar coberto de desejos sujos sobre ela - tudo em você, cada parte do seu corpo é meu... E agora eu vou tomar o que é meu.

Ela sente o ar frio do lugar direto em sua pele quando as mãos dele rasgam o tecido de seu vestido expondo a parte superior de seus seios que a leve roupa de baixo que vestia não cobria, o coração da loira batia forte em seus ouvidos enquanto ela tentava a todo custo pensar em uma forma de fugir daquela situação.

- Por favor - ela pede enquanto olha em volta - não faça isso vossa alteza, não é necessário.

- Shiiii - ele a joga sobre a cama - você vai ficar bem, eu vou cuidar de você como sempre fiz desde que perdeu sua família.

Pelo canto do olho Lumine vê uma pequena e pesada estátua de um animal qualquer sobre a mesa de cabeceira do ruivo, vendo Tartaglia distraído tentando remover o que restou de seu vestido Lumine agarra e acerta a cabeça do príncipe com o máximo de força que consegue assim que alcança. O príncipe desmaia com a cabeça sangrando enquanto Lumine o joga de lado e cobrindo o próprio busto como pode corre pra fora do palácio evitando ao máximo ser vista por qualquer um dos servos.

Ela precisava ir embora de Snezhnaya imediatamente.

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Oe oe oe babys tudo bem com vocês? Pesado é a única forma de descrever esse final de capítulo e eu realmente sinto muito por quem já passou por essas coisas e prefiro não continuar falando disso... Enfim se gostarem deixem a estrelinha e comentários beijos e até o próximo capítulo ❤️

Chamas Na NeveDonde viven las historias. Descúbrelo ahora