05. Un amour unique

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Clara tentou. Ela realmente tentou se controlar e se segurar e todas as suas forças não foram suficientes para evitar o choro. Não queria desabar na frente de Bruno e nem ninguém, mas lágrimas vieram como tsunami derrubando toda a sua resistência e destruindo todo que havia pela frente. E ignorando completamente a presença de Bruno ao seu lado, ela chorou. Chorou de soluçar.

Desesperada. Apavorada. Com medo. Assustada. Estava tudo ali misturando e abarrotado, fazendo borbulhar os pensamentos e efervescer a insegurança. Como Clarice, sendo o que era, poderia competir com aquilo? Ela não tinha chances. Ela nunca teve.

Essa não era uma disputa igual. Clarice era somente Clarice, enquanto ele... ele era tudo aquilo que ela nunca poderia ser.

A insegurança deu espaço para a raiva. Por um instante cogitou voltar para lá e acabar com toda aquela palhaçada, mas se fizesse teria que se justificar. E se não bastasse tudo isso, passaria como imatura diante os amigos de Val e não queria mais isso para lista.

Essa era uma disputa totalmente desigual e Clarice estava em larga desvantagem.

Não queria admitir o que sentia. Se sentia envergonhada por estar assim sendo que na verdade não haviam reais motivos para tal. Essa era uma disputa desigual e existia somente em sua cabeça, não era como se estivesse competindo com alguém. Valquíria era um ser capaz de tomar suas próprias decisões e poderia escolher quem ela bem entendesse, mas será que ela iria optar pela Clarice? Não era como se ela tivesse muito a oferecer.

Tudo que Clarice queria era se esconder em um cantinho sozinha sem que ninguém a visse. Sem que ninguém a perturbasse. Precisava desse tempo para se recompor, para colocar a cabeça no lugar, para ficar bem de novo. Ela precisava ficar só e isolada de tudo e de todos.

Até mesmo da sua maman.

- O que aconteceu, Clara? Por que está chorando assim? Fala comigo, - Bruno perguntou preocupado sem entender o que se passava ou que deveria fazer. - Você quer que eu chame a maman?

- Não! Eu quero ir para casa! Me leva para casa! Por favor, me leva para casa!

Em hipótese alguma iria simplesmente levar Clarice para qualquer lugar sem antes consultar a sua mommy. Se elas não tivessem esse acordo entre elas, ele a levaria sem problema e o pessoal da festa que o esperasse voltar, mas elas tinham e nesse caso não faria nada sem devida permissão.

- Acho que você precisa de um tempo para respirar e se acalmar e assim poderemos conversar. O que acha?

- Eu não quero conversar, eu quero ir para casa.

- Certo.

Bruno deu a partida no veículo em direção ao mercado e não para casa. Como membro de um clube de BDSM em São Paulo, ele já conviveu com outros littles antes. Não sabia ao certo se Clara estava ou não em seu pequeno espaço, isso provavelmente só a sua maman seria capaz de dizer, mas sua experiência dizer que dar tempo ou tempo era a melhor forma de lidar com as crises dos pequenos. Com a mente mais clara e sã, ela seria capaz de conversar e assim resolver as coisas.

Ao entrarem no estacionamento do supermercado Clara se deu conta de que não estavam indo para casa e encarou Bruno confusa.

- Você me espere aqui. Eu vou lá dentro comprar o que tiver que comprar e quando voltar nós vamos conversar. Até lá tente se acalmar. Eu não demoro.

Ele não esperou pela resposta de Clarice e saiu do carro levando consigo a chave. Não era bobo e sabia que corria riscos em deixa-la sem supervisão dentro de um veículo. Ou mesmo fora dele. É por isso que a trancou dentro do carro - com as janelas devidamente abertas, - se ela quisesse fugir, antes teria que dar um jeito de sair do veículo.

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