Analisar as opções apenas causava ansiedade a Clarice. Se não bastasse os valores altíssimos, nada de fato lhe agradava. Sem dúvidas, todos os anéis disponíveis eram lindos e muito provavelmente agradariam sua namorada, mas faltava algo. Faltava algo que lhe tornasse único e especial, tal qual os sentimentos que Clarice cultivava por Valquíria.
Se bem que, seria muito difícil encontrar algo que fosse tão lindo ou tão único quanto esse amor. Diamante nenhum era tão puro e brilhante para chegar aos pés do que sentia. Teria que se contentar com as opções disponíveis ou aquilo que conseguisse comprar. Afinal, do jeito que estava, se conseguisse comprar ao menos um daqueles anéis já seria um grande feito.
Clarice suspirou levemente desanimada - porém nada menos desmotivada - ao ver seu saldo no aplicativo do banco. Seu ponto de início estava razoavelmente bom, afinal, os últimos meses quase não teve um único gasto e ainda tinha guardado toda a reserva que estava fazendo para morar sozinha. Porém precisaria separar uma parte para comprar um setup de verdade caso conseguisse a vaga na faculdade. Em outras palavras, se quisesse mesmo comprar um anel de noivado até o primeiro aniversário de namoro teria que trabalhar... e muito.
Pensar em seu trabalho autônomo deu um nó no estomago de Clarice. Há exatos 18 dias sua maior - e única - fonte de renda virou um caos. A memória ainda viva dos comentários maldosos e os ataques contra si lhe faziam temer a sua volta. Sabia que precisava voltar para as suas redes sociais se quisesse novas comissões, no entanto lhe faltava coragem. Bastava olhava o ícone do aplicativo no celular para sua respiração acelerar e seu coração perder o ritmo.
Estava tendo um início de uma crise de ansiedade... de novo.
Antes que a crise se escalasse para algo maior, Valquíria que até então estava dormindo serenamente ao seu lado, a abraçou na cama resmungando algumas palavras incoerente. Clara sabia que a sua namorada ainda estava dormindo ou ao menos parcialmente acordada. Caso contrário teria aberto os olhos, mas não o fez.
- Il est tard, mon bébé - Valquíria murmurou sonolenta e puxou o celular da mão de Clarice o deixando de lado. - Va te coucher.
Clarice não precisava saber francês para entender a sua maman. Embora não fizesse ideia quais exatas palavras ela estava dizendo, conseguia entender em seu coração o que sua maman queria dela sempre. E no momento, Clarice sabia muito bem que Val estava reclamando do horário e a mandava dormir.
Obedecer não seria difícil. Como rejeitar dormir sendo envolvida em um abraço tão gostoso? Era exatamente o que precisava naquela madrugada e naquele exato instante. Nada melhor que o abraço da maman para espantar qualquer crise do bébé.
- Ça va? - Val murmurou afundando o rosto contra o pescoço de Clara.
De certa forma Valquíria sabia dizer que sua pequena não estava totalmente bem mesmo que a maior parte de seu corpo ainda estivesse dormindo. O tempo tem sido seu grande aliado para aprimorar seus sentidos de maman. Ter se dedicado a estudar e conhecer sua bebê lhe deram habilidades únicas para cuidar dela, embora ainda tinha muito para aprimorar. Em poucos meses era notável o seu progresso e certamente estava muito contente e orgulhosa disso.
- Sim, eu estou bem - Clara respondeu e não estava mentindo. Nos braços da maman ela realmente estava bem. Querendo se aninhar ainda mais em Valquíria, a mais nova se virou de frente para ela e afundou o rosto contra seu peito inalando o delicioso perfume. - Te amo.
- Moi aussi, moi aussi. (eu também, eu também)
Val encaixou o queixo sobre a cabeça de Clara e abraçou ainda mais forte.
