07 l MIAMI

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My mind forgets to remind me, you're a bad idea

🌙

3 de maio de 2022
Miami, Estados Unidos

Lunna Martínez estava acostumada a estar em ambiente esportivo. Já tinha participado em todas as suas zonas, como atleta, torcedora, preparadora, e por isso sempre achou que saberia lidar com todos os desafios que lhe aparecessem na área dos esportes. Mas ao entrar no mundo da Fórmula 1, descobriu que estava enganada.

A espanhola estava ali, no meio de um esporte que tudo podia mudar no tempo de uma piscada. Menos de um segundo poderia ser o suficiente para uma vida terminar naquelas pistas.

Já tinham se passado quase duas semanas desde quando esteve em Imola, mas o acidente de Daniel Ricciardo e Max Verstappen ainda tomava conta de sua cabeça. Parecia que ela ainda estava ali, assistindo pelas enormes televisões do box o piloto da Red Bull passar por cima da cabeça de Daniel e o carro parar um pouco mais à frente. No primeiro segundo ela jurou ter visto Daniel ser esmagado, e o choque foi tamanho que seu corpo paralisou. Nos minutos seguintes percebeu que, enfim, Daniel havia saído ileso, como se já estivesse pronto para uma guerra. E pelo que soube, foi o que aconteceu dentro da sala de reuniões da Federação Internacional de Automobilismo, onde a McLaren – mais precisamente sua amiga, Ellie Earnhardt – conseguiu com que Verstappen fosse punido por ter causado o acidente. Mas, para a espanhola, nenhuma punição seria suficiente por quase ter matado alguém, ainda que tivesse aprendido que aquilo fazia parte do ofício de ser piloto da Fórmula 1.

E isso deixava Lunna ainda mais preocupada, já que ela havia se dado conta que qualquer acidente do tipo – ou pior – poderia acontecer com Carlos Sainz. O espanhol era um atleta do esporte mais perigoso do mundo, e ele parecia amar aquilo. Amava mesmo estando sob um nível de estresse elevado depois da etapa de Imola, onde teve que ficar de fora da corrida por problemas no motor carro, com seu companheiro conseguindo o primeiro lugar. Lunna não entendia os motivos, mas chegava a parecer que a culpa da derrota era dele, quando estava além do que o espanhol poderia fazer. Não fazia sentido algum o cobrarem por resultados quando o carro que lhe entregavam não era o suficiente.

Com isso, Lunna Martínez também percebeu o quanto a Fórmula 1 poderia ser bastante injusta, principalmente com aqueles que a amavam e faziam dela sua vida inteira. A espanhola só conseguia pedir a deusa Cibeles e a todos os outros que a etapa de Miami fosse melhor.

— Esse mundo aqui é uma loucura, Daniel. O clima tá mais tenso do que na época em que Ronaldo saiu — Lunna comentou, e o inglês encarou a tela como se a melhor amiga tivesse enlouquecido. — Juro para você! No futebol você até tenta substituir, mas aqui é impossível. Se o carro quebra, já era, acabou. Só na próxima.
— Nalani mandou a gente assistir todos os domingos para dar audiência. Você aparece na televisão também?

Ela riu.

— Eu apareci nas duas últimas, vovó encheu o grupo da família de foto — respondeu, fazendo o inglês gargalhar. Ele amava Dona Celina com todo seu coração. — Mas tem que ver antes da corrida, coloca mais cedo.
— Colocarei, as crianças vão gostar de te ver na televisão. Vão dizer que você é famosa.
— Estou cheia de saudade — ela suspirou. — Sabe, Dani, sou muito feliz que você seja jogador de futebol. Acho que eu não ia aguentar de nervoso se você inventasse de ser piloto.

Lua sabia que o futebol era um suporte arriscado por conta das possíveis fraturas em alguns lances de jogo, por estarem vulneráveis a qualquer torcedor maluco que quisesse invadir o campo – como já tinha acontecido –, mas não tinha visto nada como a Fórmula 1. Apesar de Daniel Ricciardo ter saído do acidente sem nenhum arranhão, Lunna não conseguia esquecer aqueles segundos que prendeu a respiração ao pensar que o piloto estava morto. E imaginar que poderia ser Carlos Sainz naquela situação a deixava ainda mais perturbada.

THE CIBELES • CARLOS SAINZ JR.Where stories live. Discover now