Virei o rosto apoiando o queixo contra o seu estômago e vi seu olhos fechados e os braços caídos relaxadamente. Ela deve ter pegado no sono logo depois de mim. Voltei a enfiar a cabeça no travesseiro e puxei minhas mãos contra seu quadril.

Estava resistindo ao impulso de movimentar meus dedos com leveza ao longo do seu corpo e sentí-la. Falhei grosseiramente e logo estava buscando sua cintura ou o alto de suas coxas.

Notei um movimento no chão e vi Max se sentar ao nosso lado. Ele estava me olhando de um jeito estranho como se quisesse chamar minha atenção e, de repente, eu tive certeza que ele ia latir. Estiquei o braço e o segurei pelo focinho bem a tempo. Seus grandes olhos castanhos estavam firmes em mim.

Comecei a me levantar com cuidado e senti Camila se mexendo. Congelei em uma posição pouco confortável ainda em cima da cama tentando evitar que ela acordasse.
Peguei algumas roupas antes de entrar no banheiro e fechar a porta atrás de mim.

Meus cabelos estavam espalhados para todo o lado. Passei a mão por eles com força tentando deixá-los de um jeito arrepiado mais natural e comportado. Eles ficaram ainda mais bagunçados e eu desisti.

Comecei a me vestir… quando tirei a roupa para dormir há algumas horas atrás, parte de mim esperava que a ousada Camila me seguisse. Esperava que ela dissesse que também estava pouco confortável com aquela roupa e que preferia dormir nua. Queria que ela me pedisse ajuda para fazer isso.

Mas acho que no fim foi melhor que ela não tenha feito isso ou eu, definitivamente, não teria conseguido dormir.

Atravessei o quarto na ponta dos pés e desci até a cozinha. Dei comida a Max antes que ele começasse a latir desesperadamente e estressasse Karla. Porque isso era de uma probabilidade monstruosa.

Apoiei meus punhos fechados contra a cintura e olhei ao redor. Eu podia fazer algo
como um café da manhã para ela, não podia? Expirei cansadamente. Não, eu não podia. Ia ficar horrível. Mas eu podia tentar. Apertei um botão e o tablet pediu a minha senha. Entrei no navegador e comecei a buscar o passo-a-passo de coisas que algumas pessoas parecem nascer sabendo como: fritar ovos, fazer panquecas ou um café que não seja venenoso.

Meia hora e uma cozinha descomunalmente suja depois eu consegui fazer algo razoável o suficiente. Olhei pela porta da cozinha e vi algumas flores crescendo no jardim de trás. Escolhi uma pequena e delicada. Não queria nada óbvio demais ou Camila iria rir e me chamar de menininha. Estava começando a ficar sem opções do que fazer para agradar uma mulher que não tinha um osso de romantismo no corpo.

Entrei no quarto e encontrei a cama vazia.

- O que é isso? - ela estava mancando atrás de mim.

Devia ter acordado já fazia algum tempo, porque estava com os cabelos molhados saída do banho.

- Vou trazer a coleira do Max para prender você. Parece incapaz de repousar.

- Só levantei para tomar banho.

Segurei seus braços para lhe dar apoio e a ajudei a deitar-se mais uma vez.

- Trouxe comida.

- Estou vendo. - riu - E estou impressionada. É comestível? - ela tinha um sorriso safado e aquele lábio delicioso preso entre os dentes.

Eu me aproximei do seu rosto e a beijei passando a língua no lábio que ela tinha preso e depois o suguei. Nossa… era bom demais beijá-la quando me dava vontade.

- É. - respondi, com os olhos ainda fechados.

- Vamos experimentar, então.

A comida estava horrivel. Bem, talvez não horrível. Mas não estava deliciosa.

A Chantagem (Adaptação)                    [Em Correção Ortográfica]Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora